Com exportações muito aceleradas, USDA deve reduzir estoques de soja e milho dos EUA
Nesta quinta-feira, 10 de dezembro, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traz seu novo boletim mensal de oferta e demanda. Embora este reporte, por ser o último do ano, acaba sendo visto como apenas uma "mera formalidade", como explica Todd Hultman, para 2020 é diferente. Todo o mercado espera quanto os estoques norte-americanos de soja estão apertados.
"Fora esses números, o restante do boletim deverá vir bem parecido com o que vimos no mês pssado", diz o analista de mercado líder do portal norte-americano DTN The Progressive Farmer.
SOJA
As expectativas do mercado para os estoques finais de soja dos EUA variam entre 308 e 5,17 milhões de toneladas, com uma média de 4,49 milhões. Em novembro, a estimativa foi de 5,17 milhões.
"Se, nesta quinta, o USDA mantiver seus estoques finais inalterados para os EUA, será o terceiro mês consecutivo, mas duvido que isso aconteça dessa vez. As exportações de soja foram inegavelmente fortes e também merecem uma revisão da atual projeção de 59,9 milhões de toneladas", acredita o analista internacional.
De acordo com os últimos números do USDA - que também serão atualizados neste dia 10 - os EUA já comprometeram deste total 52,337,6 milhões de toneladas, ou 86% do volume estimado para a temporada 2020/21. Dados os números já é possível ver uma frequência menos intensa dos importadores no mercado norte-americano, principalmente os chineses, que aproveitaram os bons preços da oleaginosa dos EUA e garantiram um bom montante de suas necessidades.
"O estrago já está feito, porém o boom de vendas já passou. O programa está muito forte, mas começou a perder força", explicam os analistas da Agrinvest Commodities. A proporção dos 86% é recorde para esta época do ano. Todavia, os especialistas lembram ainda qu "a média móvel de quatro semanas das vendas semanais nos EUA caiu para menos de 980 mil toneladas, a menor da
temporada".
Fonte: Agrinvest Commodities
Para os estoques finais globais de soja, as expectativas do mercado variam entre 83,7 e 86,9 milhões de toneladas, com média de 85,5 milhões. Confirmada essa média, ela viria menor do que o número de novembro, de 86,5 milhões. Há estoques apertados e oferta escassa nas principais origens mundiais da commodity nesta conclusão de 2020 e para todo 2021.
"Se formos pensar qual o momento mais crítico em termos de balanço global de soja será logo antes da entrada da nova safra americana (...) Aí o mercado fica estressado, podendo trazer potenciais de novas altas", explica o analista de mercado da Agrinvest, Eduardo Vanin, em entrevista ao Notícias Agrícolas.
E neste novo boletim, o USDA poderia, inclusive, trazer uma correção nos números das safras dos países da América do Sul diante das adversidades climáticas pelas quais passam.
MILHO
Para os estoques finais norte-americanos de milho, as expectativas são esperadas entre 39,37 e 46,36 milhões de toneladas, com média de 43,11 milhões. Há um mês, essa projeção veio em 43,23 milhões de toneladas. Ou seja, também se espera uma revisão e parte dela vem também de vendas para exportação também bastante adiantadas.
Assim, não só se espera uma redução nos estoques, como também uma correção para cima das exportações dos EUA. O programa americano está bastante forte e a competitividade do cereal norte-americano deve ser forte até meados de junho, ainda como explica a Agrinvest.
"O total já comprometido de 38,3 milhões de toneladas é 166% mais do que no ano comercial anterior e 173% acima da média dos últimos cinco anos. O programa do milho já está 57% feito do total previsto em 67,8 milhões de toneladas, um recorde", mostra a consultoria.
Fonte: Agrinvest Commodities
Na análise de Todd Hultman, "sempre há uma chance de pequenos ajustes serem feitos na demanda para rações, para etanol ou a demanda de exportação, mas nenhuma grande mudança é provável para qualquer um dos três".
O mercado espera ainda algo entre 285 e 293 milhões de toneladas para os estoques finais de milho, com uma média de 289,3 milhões. No boletim de novembro, o estimado foi 291,4 milhões de toneladas.
E assim como acontece com a soja, o mercado ainda especula a possibilidade de mudanças e revisões nos números das produções sul-americanas por conta do clima.