USDA surpreende e traz área menor de soja para os EUA, abaixo do esperado
O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) reportou, no início da tarde desta quinta-feira (29), seu relatório de inteção de plantio e surpreendeu o mercado ao trazer, para a soja, 36,02 milhões de hectares (89 milhões de acres).
O número é menor do que a média das expectativas do mercado de 36,79 milhões de hectares, e fica abaixo ainda do intervalo das projeções dos traders, que variavam de 36,38 a 37,27 milhões de hectares.
Além disso, é menor também do que o número trazido pelo departamento, em fevereiro, de 36,42 milhões de hectares, durante o Agricultural Outlook Forum.
Os preços da oleaginosa já reagem na Bolsa de Chicago e sobem mais de 2,4% na tarde de hoje, com o maio/18 de volta aos US$ 10,42 por bushel.
MILHO
A área de milho também foi revisada para baixo em relação a 2017 em 2%, estimada em 35,61 milhões de hectares (88 milhões de acres). O número ficou bem abaixo da média das expectativas - de 36,14 milhões - e próximo à mínima do intervalo esperado, de 35,77 a 36,83 milhões de hectares.
No ano passado, foram cultivados 36,5 milhões de hectares com o cereal e, no USDA Agricultural Outlook Forum, a primeira projeção veio em 36,42 milhões.
Trigo
Para o trigo, apesar de uma rentabilidade mais ajustada, o USDA espera um aumento de 3% na área total plantada com o cereal para 19,14 milhões de hectares (47,3 milhões de acres). Ao ser confirmada, essa será a segunda maior área com todo o trigo americano desde 1919.
Os números também surpreenderam o mercado, que esperava uma área menor para o grão, com a média esperada em 18,8 milhões de hectares. As projeções variavam de 18,62 a 19,1 milhões.
Algodão
No caso do algodão, um dos destaques desse reporte, os números vieram em linha com o esperado pelos traders e se espera uma alta de 7% na área para a nova temporada. O número veio em 5,46 milhões de hectares, frente as expectativas de 5,26 a 5,56 milhões, com média de 5,39 milhões de hectares.
Tabela: Granoeste Corretora da Cereais
Estoques trimestrais de soja dos EUA ficam bem acima das expectativas
Sobre os estoques o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) trouxe seu relatório trimestral, com números na posição de 1º de março. Os volumes vieram 3% maiores do que em 2017 para o milho e 21% mais altos para a soja. Já o estoque trimestral de todo o trigo americano recuou 10% em relação ao mesmo período do ano passado.
Soja
Os estoques trimestrais de soja dos EUA vieram em 57,42 milhões de toneladas. O volume veio em linha com a máxima das expectativas do mercado, de 50,89 a 57,42 milhões de toneladas. A média esperada era de 55,57 milhões. Em 1º de março de 2017, os números eram de 47,33 milhões e, há três meses, de 85,92 milhões de toneladas.
Milho
Já os estoques de milho totalizaram 225,82 milhões de toneladas, em linha com a máxima das expectativas do mercado, mas acima da média esperada de 221,32 milhões de toneladas. O intervalo era de 215,91 a 225,59 milhões de toneladas. Há 1 ano, os estoques trimestrais do cereal eram de 219,02 milhões de toneladas e, em 1º de dezembro do ano passado, de 317,92 milhões de toneladas.
Trigo
De trigo, os estoques trimestrais ficaram em 40,55 milhões de toneladas, contra uma média esperada de 40,44 milhões. Os estoques trimestrais do cereal em 1º de março de 2017 eram de 45,15 milhões de toneladas e, em 1º de dezembro do ano passado, de 51 milhões.
Tabela: Granoeste Corretora da Cereais
Reuters: Plantio de soja e milho cairá nos EUA em 2018 diante de ampla oferta, diz USDA
Por Mark Weinraub
WASHINGTON (Reuters) - Produtores dos Estados Unidos reduzirão o plantio de soja e milho nesta primavera (no Hemisfério Norte), com a oferta de ambas as commodities em níveis recordes, informou o Departamento de Agricultura do país (USDA) nesta quinta-feira.
A semeadura de soja, apesar da queda esperada, vai superar a área de milho pela primeira vez desde 1983, disse o órgão do governo dos EUA, que tradicionalmente ocupam a liderança na produção global de milho e soja.
As semeaduras de trigo crescerão 3 por cento, de acordo com o relatório anual de plantio do governo, que é baseado em pesquisas com quase 83 mil agricultores durante as duas primeiras semanas de março.
Os futuros do milho e da soja subiram com força após a divulgação do relatório, com as cotações atingindo o maior nível desde meados de março.
"Obviamente, é um grande choque para o mercado", disse Jack Scoville, analista do The Price Futures Group.
O governo estimou que a área plantada com soja totalizará 88,982 milhões de acres em 2018, abaixo dos 90,142 milhões de um ano atrás. As previsões dos analistas para a área de sojavariavam de 89,9 milhões a 92,6 milhões, de acordo com uma pesquisa da Reuters.
As reservas de soja dos EUA em 1º de março totalizavam 2,107 bilhões de bushels, um aumento de 21 por cento em relação ao ano anterior e o maior nível já registrado para o período, disse o USDA em seu relatório de estoques trimestrais. O volume veio em linha com as previsões do mercado.
Os estoques de soja estão em alta, já que a China, maior importadora de soja do mundo, concentrou-se no abastecimento brasileiro para atender às suas necessidades, porque a enorme safra colhida pelos agricultores dos EUA em 2017 tinha baixo teor de proteína.
O USDA previu que a área plantada com milho cairá para 88,026 milhões de acres, de 90,167 milhões um ano atrás, perto do limite inferior das estimativas dos analistas, que variavam de 87,550 a 91,000 milhões de acres.
Os estoques de milho dos EUA em 1º de março ficaram em 8,888 bilhões de bushels, acima dos 8,622 bilhões de bushels um ano antes e também um recorde para o período. Os estoques superaram as expectativas dos analistas.
O plantio de trigo deve aumentar para 47,339 milhões de acres, de 46,012 milhões no ano passado. Isso se compara às previsões dos analistas de 43,900 milhões a 47,200 milhões de acres.
O USDA prevê que os agricultores aumentarão suas plantações de trigo de inverno e trigo de primavera. A área plantada com o durum, no entanto, cairá 13,1 por cento em relação a 2017.
Os estoques de trigo em 1º de março caíram para 1,494 bilhão de bushels, contra 1,659 bilhão de bushels no ano anterior. Os analistas esperavam estoques de trigo de 1,498 bilhão de bushels, de acordo com a média das estimativas de uma pesquisa da Reuters.
Pela 1a. vez na história dos EUA, soja terá área maior que a do milho (AGResources)
A AgResource divulgou boletim no final da quinta-feira confirmando que o Mercado foi pego de surpresa com os novos números do USDA.
A grande maioria da especulação esperava por números estimados da área plantada com soja nos Estados Unidos em 2018, entre 36,5 e 37,5 milhões de hectares.
Mas contradizendo tais expectativas, o Departamento de Agricultura norte-americano trouxe um total de área projetado em 36 milhões de hectares, reduzindo 400 mil hectares desde sua última estimativa.
Pela primeira vez na história dos EUA, no entanto, a área de soja à ser cultivado possui projeções superiores à do milho. Que é explicada pela maior lucratividade no cultivo da soja, uma vez que os preços do milho são mantidos em patamares baixos sob a pressão do excedente do grão mundial.
Os estoques da soja norte-americana são estimados em um total de 57,35 MTs atualmente, sendo 21% superior a março de 2017.
EUA divulgam intenção de plantio de safra e surpreendem mercado (na FOLHA)
Estimativas indicam queda nas áreas de soja e de milho e alta nas de algodão e de trigo, POR MAURO ZAFFALON, COLUNA VAIEVEM DAS COMMMODITIES
O Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) fez a primeira estimativa de safra para o período 2018/19 e surpreendeu o mercado.
Na avaliação do órgão americano, os produtores vão plantar soja em 36 milhões de hectares, 500 mil a menos do que na safra anterior. O mercado esperava um aumento de 300 mil hectares em relação à área de 2017.
O plantio de milho também vai ocupar um espaço menor, somando 35,6 milhões de hectares, 900 mil a menos do que na safra anterior. O mercado também esperava uma redução na área de milho, mas de apenas 300 mil hectares.
Ao contrário do que deverá ocorrer com soja e milho, algodão e trigo ganham área. O espaço dedicado ao algodão terá alta de 7%, e o do trigo, 3%, segundo o Usda.
O algodão ganha espaço porque os preços estão mais rentáveis para os produtores. Já o aumento do trigo ocorre devido a uma reposição de área, que tinha diminuído muito na safra anterior.
A redução de área da soja e do milho mexeu com o mercado. A oleaginosa teve aumento de 2,6% nesta quinta-feira (29) na Bolsa de Chicago, subindo para US$ 10,45 por bushel (27,2 quilos) no contrato de maio. O milho subiu para US$ 3,88 por bushel (25,4 quilos), com evolução de 3,8%.
“A alta no exterior fez os preços explodirem no Brasil”, diz Daniele Siqueira, analista da AgRural. A saca de soja atingiu R$ 75 em Cascavel (PR) e R$ 65 em Sorriso (MT). Esses preços são os maiores desde dezembro de 2016.
Preços aquecidos em Chicago, alta do dólar no Brasil e prêmios de US$ 1 por bushel no porto para a soja brasileira sustentaram os preços internos, segundo ela.
Para a analista da AgRural, o mercado não leva muito em consideração essa primeira estimativa de plantio do Usda. Clima e paridade nos preços do milho e da soja nas próximas semanas vão determinar de fato a intenção de plantio dos norte-americanos.
ESTOQUES
Um dado divulgado pelo Usda nesta quinta-feira, e para o qual mercado deu pouca importância, ainda vai mexer com os preços, segundo Siqueira: o aumento de 10 milhões de toneladas nos estoques americanos de soja deste ano, em relação ao patamar do início de março de 2017.
Os Estados Unidos têm agora 57,3 milhões de toneladas de soja, um estoque acumulado durante as supersafras de 2016/17 e de 2017/18. Assim como os Estados Unidos, o Brasil também deverá ter outra supersafra da oleaginosa neste ano. Apesar da quebra de produção na Argentina, não deverá faltar soja.
Quebra de safra de soja na Argentina salva o Brasil (Produtores vizinhos deverão colher 28% menos neste ano)
A agricultura é mesmo imprevisível e, muitas vezes, a rentabilidade ou a perda no campo é decidida no final do jogo. É o que ocorre neste ano. Os brasileiros estão sendo salvos pelos argentinos.
Era quase certo que a boa renda obtida nas safras recentes não se repetiria neste ano e que parte dos produtores nacionais teria dificuldades para fechar as contas em 2018.
Não é o que está ocorrendo. Uma forte seca castigou as principais áreas de produção da Argentina, e a safra de soja, que chegou a 58 milhões de toneladas em 2017 no país vizinho, deverá ficar em pouco mais de 40 milhões neste ano.
A reação do mercado às perspectivas de quebra da safra argentina foi imediata, elevando os preços internos.
O valor médio da soja neste mês no mercado disponível é de R$ 71,93 por saca, em Cascavel (PR). Esse preço supera em 6,3% o de fevereiro e em 7,5% o de janeiro.
Em Sorriso, importante região de produção de Mato Grosso, a soja acumula alta de 10,5%, em relação aos valores de janeiro, segundo pesquisa da AgRural.
"Em geral, altas de preços não são comuns no mercado brasileiro nos meses de março e de abril. Nesta época do ano, os preços internos sofrem a pressão da entrada da safra", diz Daniele Siqueira, analista da AgRural.
Nos últimos 18 anos, até 2017, o preço médio de abril e de maio caiu em 13 ocasiões em Cascavel, em relação aos de fevereiro. Em Sorriso, a queda foi de 11 vezes no mesmo período, afirma Siqueira.
"O ocorrido neste ano foi um golpe de sorte, já que a safra 2017/18 estava muito pouco comercializada até janeiro", diz ela.
"Em fevereiro, as vendas ganharam um bom impulso, por causa dos preços mais altos. Agora em março, porém, já perderam parte do fôlego, pois os produtores querem preços ainda mais elevados", acrescenta.
O DESAFIO PERSISTE
O produtor se livrou de uma queda de preços neste ano, mas precisa ficar atento ao próximo. Apesar da quebra de safra na Argentina, os estoques mundiais estão elevados.
No final de agosto, deverão estar em 94,4 milhões de toneladas, o segundo maior da história. No ano passado, atingiram 96,7 milhões, segundo o Usda (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos).
O desafio persiste. Os americanos deverão semear uma área de soja maior do que a de milho, em tempos normais, pela primeira vez.
Isso só correu em 1983/84, quando o excesso de chuva impediu o plantio de milho, que foi substituído, em parte, pelo de soja.
A área de soja também aumenta no Brasil e deverá atingir o recorde de 36 milhões de hectares em 2018/19, conforme as estimativas mais otimistas.
A safra mundial de soja deste ano, devido à seca da Argentina, terá um recuo de 10 milhões de toneladas, para 341 milhões, segundo estimativas do Usda.
Ou seja, mesmo com a quebra de safra no país vizinho, o mundo ainda tem muita soja. É preciso torcer para o apetite chinês aumentar ainda mais.(MAURO ZAFFALON)