USDA deve ajustar demanda somente quando foco estiver na safra nova, diz analista
"Os números da demanda pelos grãos dos Estados Unidos continuam a ser uma das mais confusas estatísticas desta safra 2016/17", diz o analista sênior Darin Newsom, do portal internacional DTN, referindo-se ao novo relatório mensal de oferta e demanda que o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulga nesta terça-feira, 11 de abril. Os novos números chegam às 13h (horário de Brasília).
Ainda como explica Newsom, os estoques finais norte-americanos deverão assumir o protagonismo dos reportes mensais da safra 2016/17. "Começando em maio, como sempre acontece, as atenções serão voltadas para as mudanças nas estimativas para a safra 2017/18. Mas, isso não significa que o USDA irá, finalmente, ajustar seus estoques finais da safra velha depois de meses 'ignorando' a extraordinária demanda. Não, o USDA, no passado, esperou para fazer suas mudanças até que as atenções estivessem focadas na nova safra para fazer as alterações na anterior", diz.
O total de soja já comprometido com as exportações pelos Estados Unidos é de 55.151,9 milhões de toneldas. Dessa forma, o total supera a última projeção do departamento norte-americano de 55,11 milhões, trazida em seu reporte de oferta e demanda de março.
"Acreditamos que o USDA tem motivos para fazer uma engenharia na posição dos estoques. No último dia 31, o USDA nos surpreendeu com um estoque muito maior (de soja trimestrais). Isso, na minha visão de analista, quer dizer que se os estoques estavam mais altos foi devido à produtividade da safra passada mais alta", explica Ginaldo Sousa, diretor da Labhoro Corretora. "É preciso entender que as projeções de exportações da soja americana já foram vendidas. Então, ou o USDA vai ajustar os estoques baseado em uma safra maior ano passado, ou não poderá mais aumentar as projeções de exportações este mês, sob pena de ter que aumentar o residual, ou mexer em algo mais", completa.
No entanto, o analista explica que essa mesma polêmica já foi enfrentada pelo USDA em outras situações, manteve tudo como estava e o mercado recebeu um impacto pontual e se voltou à sua tendência natural na sequência.
Estoques finais dos EUA
A expectativa média do mercado para os estoques finais norte-americanos de soja é de 12,17 milhões de toneladas - em um intervalo de 11,57 milhões a 12,82 milhões de toneladas. No boletim anterior, esse número veio em 11,84 milhões e, em abril de 2016 era de 5,36 milhões.
No caso do milho, as expectativas também indicam um aumento de 58,93 milhões de março para uma média esperada de 59,57 milhões de toneladas. As projeções para o cereal variam entre 57,66 e 63,1 milhões de toneladas, enquanto em abril do ano passado, os estoques se mostravaem em 44,12 milhões.
Estoques finais mundiais
Para os estoques finais mundiais de soja, as expectativas do mercado variam de 83,2 milhões e 85,8 milhões de toneladas, com média de 84,2 milhões. Em março, o número era de 82,8 milhões e na safra 2015/16, 76,6 milhões de toneladas.
Sobre o milho, os traders esperam algo entre 219,6 milhões e 225,2 milhões de toneladas, sendo a média das projeções de 221,1 milhões. Na temporada anterior, os estoques globais do cereal foram de 210,9 milhões.
Produção mundial
O mercado internacional trabalha ainda com expectativas para as safras de soja e milho do Brasil e da Argentina.
No caso da soja, a colheita brasileira é esperada para ser reportada pelo USDA em algo entre 109 e 111,6 milhões de toneladas. A média - de 110 milhões - fica em linha com o número reportado pela Conab (Companhia Nacional de Abastecimento) nesta terça-feira, de 110,2 milhões. Em março, o departameto estimou 108 milhões. Na safra anterior, a produção nacional foi de 96,5 milhões.
Já para a Argentina, o mercado aposta em números variando de 55 e 57 milhões de toneladas, com média de 56 milhões, e contra as 55,5 milhões projetadas no boletim anterior. Na temporada 2015/16, o país colheu 56,8 milhões de toneladas.
Sobre o milho do Brasil, os traders acreditam que o USDA possa trazer um volume a ser colhido com média de 92,5 milhões de toneladas, variando de 91 a 94 milhões de toneladas. Em março, a safra brasileira foi estimadas em 91,5 milhões e, na anterior, somou 67 milhões, após uma severa quebra em função de problemas climáticos.
O mercado acredita ainda que a safra da Argentina, por sua vez, fique entre 37,2 milhões e 39 milhões de toneladas, com média de 37,8 milhões. Os argentinos colheram, na safra passada, 29 milhões de toneladas do cereal.