Trigo fecha a 3ª feira perdendo quase 5% em Chicago; BR ainda se beneficia do dólar
Os temores de uma recessão seguem se intensificando e nesta terça-feira (5) tiraram quase 40 pontos do mercado do trigo na Bolsa de Chicago - ou quase 5% 0 entre os contratos mais negociados. Assim, o setembro terminou o dia valendo US$ 8,07, o dezembro com US$ 8,24 e o março com US$ 8,39 por bushel.
Há algumas semanas, as cotações vêm recuando na CBOT e já voltam aos níveis pré guerra, depois de testerem testado patamares de mais de US$ 11,00 por bushel, em especial logo na sequência do início da guerra entre Rússia e Ucrânia. Os fundamentos falaram alto, mas as especulações também. Agora, o mercado parece buscar sua acomodação e um caminho mais claro diante do seu próprio cenário fundamental e do macrocenário que está se desenhando, em especial com as possibilidades cada vez mais fortes de uma recessão.
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"Hoje temos um mercado de soja, milho e trigo extremamente financeirizado, com influência forte dos fundos, que vêm aquilo mais como um ativo do que como um alimento. Então, esse movimento dos fundos acelera esses movimentos de queda, funciona como um catalisador neste momento", explica o analista de mercado e diretor da Pátria Agronegócios, Cristiano Palavro.
Todavia, ao lado de toda essa pressão financeira, entre os fundamentos há atenção também à safra que vem chegando do Hemisfério Norte, como explicam os diretores da De Baco Corretora, Rita De Baco. De outro lado, porém, as baixas atraem os compradores, que têm vindo às compras no mercado internacional.
"Vejamos que a safra do Hemisfério Norte vem abastecer a demanda órfã da Ucrânia em um momento em que esses compradores buscaram trigo nas mais longínquas praças para suprir a demanda até agora. Da semana retrasada até agora, vimos compradores buscarem 2,83 milhões de toneladas no mercado, abastecendo-se até outubro", afirmam.
Mais do que isso, lembram que embora a nova safra de primavera esteja em andamento nos EUA, já semeada e contando com desenvolvimento melhor do que há um ano, " os monitores de colheita indicam menor colheita
nos principais exportadores, menor produtividade, também, é verificada".
O momento, porém, exige cautela e planejamento, uma vez que, ainda de acordo com os diretores da De Baco, a linearidade há tempos deixou o mercado do trigo.
"É importante lembrar que a demanda ainda ultrapassa a oferta e a necessidade comercial cresceu, nos últimos cinco anos, mais de 20 milhões de toneladas. O mercado busca uma acomodação, um ponto de equilíbrio, mas quase nunca existe a linearidade. E no mercado nacional, teremos uma das maiores safras da história caso o clima seja favorável", detalham.
Para esta grande safra, é importante que se reforce, que os preços formados no Brasil ainda dão oportunidades importantes para os produtores nacionais, apesar das perdas em Chicago. Além do Brasil estar no momento de entressafra, o câmbio opera acima dos R$ 5,30 e dá chance de boas referências.
"Há condições de vendermos trigo acima dos R$ 2000,00 por tonelada, enquanto em fevereiro esse mercado era de R$ 1600,00. Somente a evolução dos dias nos mostrarão para onde serão destinados os estoques ucranianos, e a sua colheita que, junto com a Rússia, se inicia em julho e se estende até meados de agosto. É importante ficarmos atentos", concluem Ritta e Marcelo De Baco.