Abitrigo prevê alta de até 15% no preço da farinha
A Associação Brasileira da Indústria do Trigo (Abitrigo) projeta alta de até 15% no preço da farinha nas "próximas semanas". O ajuste, segundo a associação, se deve ao incremento de 25% nas cotações do trigo nos últimos 60 dias. A Abitrigo disse ao Broadcast Agro (sistema de notícias em tempo real do Grupo Estado) que o repasse fica a critério de cada empresa ou região. No Brasil, a produção do cereal está concentrada na Região Sul e o volume ofertado equivale a 50% das necessidades da indústria. Os outros 50% são importados.
O incremento nos preços do trigo comprado pela indústria local deve-se, de acordo com a entidade, à conjuntura de valorização global do cereal em virtude da perspectiva de aperto na oferta mundial. A Abitrigo diz que moinhos locais ficam vulneráveis às oscilações internacionais das cotações. "Este período turbulento se estenderá, no mínimo, até a entrada da próxima safra (nacional), em meados de setembro, se tudo correr bem", disse a Abitrigo em nota.
Na safra atual países produtores registraram perdas na produção ou dificuldades no escoamento da colheita. Somado ao ambiente de oferta restrita, importadores asiáticos vêm demandando maiores volumes da commodity. "(Estes) são alguns dos fatores que estão provocando alta nos preços de trigo em nível mundial", explica a entidade.
A Argentina, principal fornecedora de trigo para o Brasil, já comercializou 75% da safra colhida, de 18,5 milhões de toneladas, restando volume pouco expressivo para exportação. "Esse cenário gerou uma forte elevação nos preços do trigo argentino, da ordem de 26% nos últimos 60 dias, passando de US$ 190,00 por tonelada FOB para US$ 240,00 por tonelada FOB", afirma a Associação.
A Abitrigo ressalta que a desvalorização acentuada do dólar ante o real também pesou sobre o valor desembolsado pelos moinhos para aquisição de cereal estrangeiro. Fora isso, o preço do trigo nacional também aumentou por valorização indireta.
A entidade estima que no Paraná lotes estão sendo negociados por R$ 1 mil a tonelada ante R$ 850 a tonelada de semanas atrás, alta de 18%; enquanto no Rio Grande do Sul o valor médio dos contratos passou de R$ 700,00 a tonelada para R$ 900,00 a tonelada, alta de 28% na mesma base comparativa. Outros Estados produtores, como São Paulo e Minas Gerais, que colhem menos, já comercializaram a safra.