Segregação de trigo aumenta faturamento em toda a cadeia produtiva
A variedade de biscoitos, massas, pães e inúmeros outros alimentos que levam trigo em sua composição é um fenômeno de encher os olhos e juntar água na boca das pessoas no supermercado. O que as letras miúdas dos rótulos não mostram no detalhamento dos ingredientes, no entanto, é que para se preparar cada produto há um tipo de trigo específico. Na verdade, na maior parte dos casos, um mix feito de vários deles. Para chegar às indústrias e panificadoras para se transformarem em guloseimas, essas variedades passam por um processo de segregação. E levar essa separação à cadeia produtiva, que envolve planejamento do plantio à colheita, e do transporte ao processamento, exige muito trabalho.
Um exemplo de como a segregação do trigo gera diferenciais aos envolvidos na cadeia produtiva vem da região Centro-Sul do Paraná. O produtor Andreas Keller Júnior cultiva uma variedade específica em sua propriedade no município de Pinhão e recebe entre 5% a 10% a mais por saca em relação à média praticada no mercado. “A própria cooperativa já indica as variedades que são mais apropriadas para os clientes que vão comprar a farinha na fábrica do moinho. Tendo a qualidade exigida pela indústria, é algo vantajoso também financeiramente, além de diversificar um pouco os cultivos e diluir o risco”, enumera.
Outro produtor que aposta em variedades específicas para a indústria e consegue se beneficiar do bônus é Cristian Abt, com área no Distrito de Entre Rios. “Eu tenho trigo melhorador, usado para fazer mix em diversas misturas de farinhas. Cada indústria tem uma política, dependendo da necessidade de determinado tipo de trigo. Aqui na cooperativa, o trigo melhorador tem bonificação. Eu escolhi esse porque no campo é relativamente bom e também, se conseguir uma boa produção, a rentabilidade é um pouco maior devido à bonificação”, revela.