Moinho brasileiro diz que trigo comprado da Rússia é bom, compraria novamente
Por Marcelo Teixeira
SÃO PAULO (Reuters) - Um dos três moinhos de trigo brasileiros envolvidos em um negócio para importar uma carga de trigo russo neste ano, a primeira importação desse tipo desde 2010, disse que a qualidade do grão era boa e que possivelmente compraria novamente, se o preço estivesse adequado.
No começo deste ano, os moinhos brasileiros J Macedo, Dias Branco e Grande Moinho Cearense fizeram uma compra conjunta de 25 mil toneladas de trigo russo, embarcado no porto de Kaliningrado e com destino ao porto de Fortaleza.
O acordo só foi possível depois que os governos do Brasil e da Rússia assinaram um protocolo fitossanitário no fim do ano passado, removendo uma proibição vigente por vários anos para evitar riscos às plantações brasileiras.
A compra e a aprovação da qualidade pelos moinhos abre as portas para uma nova alternativa de fornecimento ao Brasil, que precisa buscar cerca de metade do seu consumo de trigo no exterior todo ano, já que o clima não é ideal para o cultivo.
"Nós compramos dois tipos de trigo da Rússia, um regular e outro com uma maior quantidade de proteína" disse o diretor de compras de um dos moinhos, que pediu para não ser identificado por não ter autorização para falar sobre o acordo.
"Amostras foram avaliadas por laboratórios e estava tudo bem. É um bom trigo, boa qualidade", ele disse.
O Brasil importa quase 6 milhões de toneladas de trigo todo ano para suprir o seu consumo anual de cerca de 10,7 milhões de toneladas. A maior parte é originária da vizinha Argentina, que, por integrar o bloco comercial Mercosul, não é taxada. Os Estados Unidos e o Canadá também são fornecedores regulares, apesar de enviarem volumes menores.
Entre janeiro e setembro, o Brasil comprou 4,6 milhões de toneladas de trigo da Argentina, 173 mil toneladas dos EUA e 167 mil toneladas do Canadá.
A consultoria brasileira do setor Trigo & Farinhas reportou na segunda-feira que uma segunda carga de até 30 mil toneladas de trigo da Rússia estava vindo para o Brasil neste mês.
O diretor do moinho que participou da primeira compra disse não ser responsável pelo segundo volume, acrescentando que ele não estava certo de que ocorreu efetivamente uma nova compra.
"Os preços subiram muito na Rússia, não faz muito sentido agora", ele disse. A Rússia produzirá uma safra menor do cereal neste ano em decorrência de uma seca.