Cenário crítico para cana-de-açúcar no Brasil perde força e preços do açúcar caem até 4,06% em NY

Publicado em 17/12/2024 16:28 e atualizado em 17/12/2024 17:01
Contrato março/25 fechou com o menor valor dos últimos três meses

Baixas de até 4,06% foram registradas na Bolsa de Nova York nesta terça-feira (17). Com esse recuo, o contrato março/25 perdeu o suporte dos 20 cents/lbp e voltou a patamar dos 19 cents/lbp, que sustentava há três meses. Em Londres a cotações também registraram quedas e perderam em torno de 2,5% entre os principais contratos. Essa redução ocorre em momento que o marcado fica mais aliviado com as preocupações que tinha em relação à produção brasileira.

Na Bolsa de Nova York, o contrato março/25 recuou 0,84 cents (-4,06%), encerrando o dia a 19,84 cents/lbp. O maio/25 perdeu 0,67 cents (-3,49%), cotado a 18,53 cents/lbp, enquanto o julho/25 caiu 0,49 cents (-2,64%), valendo 18,06 cents/lbp. O outubro/25 registrou baixa de 0,40 cents (-2,17%), fechando a 18,02 cents/lbp.

Em Londres, os contratos futuros também encerraram em baixa. O março/25 recuou US$ 14,40 (-2,72%), finalizando o dia a US$ 515,00 por tonelada. O maio/25 apresentou uma queda de US$ 13,70 (-2,58%), cotado a US$ 516,90 por tonelada. O agosto/25 perdeu US$ 11,10 (-2,15%), encerrando a sessão a US$ 506,30 por tonelada, enquanto o outubro/25 registrou uma baixa de US$ 9,90 (-1,94%), negociado a US$ 499,40 por tonelada.

Ao Notícias Agrícolas, Marcelo Filho, analista de mercado da StoneX, destaca que os preços tinham subido muito nos últimos meses por conta dos temores em relação à safra do Brasil, sobretudo após as queimadas que atingiram canaviais no final de mês de agosto. Agora o mercado não vê mais uma situação catastrófica, como ele afirmou, por isso a pressão sobre os preços.

“É bom a gente retomar um pouco a trajetória recente do açúcar. Se a gente for olhar para setembro, a gente teve ali, principalmente na segunda metade do mês, os preços subindo bem. A gente tinha alguns rumores de aperto maior na safra brasileira, a gente veio de um agosto com queimadas, muitas casas revisando para baixo no Centro-Sul, jogando para 580 milhões de toneladas, dizendo que a safra ia acabar de forma súbita”, recorda o analista.

“Teve uma tempestade perfeita ali, que trouxe o preço para os 23 cents/lbp. Ao contrário entre abril e agosto tinha um preço bem estável, entre 18 e 20 cents/lbp, que a gente imaginava que era algo mais perto de um mercado em equilíbrio”, acrescenta.

Porém, quando o temor do mercado foi diminuindo aos poucos, o preço recuou. “Quando volta para os 23 cents/lbp, uma alta significativa, a gente viu que do lado dos fundamentos não tinha algo concreto do lado dos fundamentos, eram motivações especulativas, rumores. Eram questões mais de expectativa, que ao longo do tempo foram caindo pro terra. Então, desde setembro você tem um preço caindo gradualmente, semana a semana”, completa Filho.

Assim, o relatório da Unica na última semana, com uma moagem de cana-de-açúcar acima do que era esperado pelo mercado, foi uma materialização de que não havia fundamentos para uma alta até os 23 cents/lbp. “A Unica acaba confirmando um cenário menos catastrófico para o Centro-Sul. A gente deve ter, claro, uma produtividade em queda, mas uma área acolhida maior em relação à safra passada e uma produtividade que não caiu tanto quanto poderia, porque havia uma canavial mais jovem”, explica o analista.

Em entrevista ao Notícias Agrícolas nesta terça-feira, Leonardo Silvestre, trader de açúcar e etanol do grupo Arai Energy, afirmou que as baixas desta terça-feira acontecem também diante da desvalorização do real em relação ao dólar. Ele explica que o dólar é inversamente proporcional à cotação do açúcar, com uma influência do Brasil na exportação, ainda tendo produto para ser exportado.

Ele também destaca que havia expectativa de morte súbita pelo mercado, mas isso não aconteceu como era esperado. Assim, a disponibilidade de açúcar para exportação, por mais que ainda esteja apertada, não é tanto como se esperava no passado.

Assim, ele acredita que um piso do contrato novembro/25 em 19 cents/lbp ser seja factível, considerando também que a remuneração em reais ainda segue interessante. Além desses motivos, Silvestre considera também a a produção da Tailândia, que pode colocar mais 2 milhões de toneladas no mercado, como outro fator que poderá pressionar as cotações. “A Índia está neutra, até por conta das limitações do governo. Então quem pode surpreender é a Tailândia, dada as boas condições da safra”, afirma o trader.

Mercado interno

Conforme mostra o indicador Cepea Esalq, em São Paulo o açúcar cristal branco mais uma vez teve leve baixa, de 0,32%, e passou a valer R$ 160,77/saca. O açúcar cristal em Santos (FOB) caiu 0,02% e tem valor de R$ 157,00/saca. O cristal empacotado em São Paulo vale R$ 17,0817/5kg. O refinado amorfo está cotado em R$ 3,8182/kg, também com baixa de 0,07%. O VHP permanece com preço de R$ 111,46/saca.

Em Alagoas, também com base no que mostra o indicador Cepea Esalq, o preço do açúcar está em R$ 154,68/saca. Na Paraíba, a cotação é de R$ 151,51/saca. Em Pernambuco, o adoçante vale R$ 149,33/saca.

Por: Igor Batista
Fonte: Notícias Agrícolas

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