Açúcar ignora realização de lucros e fecha 3ª nas máximas de mais de 10 anos em NY
Máximas de mais de 10 anos voltaram a ser registradas nesta terça-feira (25) na Bolsa de Nova York e o dia também foi de altas expressivas em Londres. O mercado chegou a ter pressão com realização de lucros, mas voltou a subir com a oferta global em foco.
O vencimento mais negociado do açúcar bruto na Bolsa de Nova York subiu 2,57%, cotado a 25,97 cents/lb, com máxima em 26,22 cents/lb e mínima de 24,96 cents/lb. Em Londres, o primeiro contrato teve alta de 2,17% no dia, a US$ 705,10 a tonelada.
Depois de iniciar o dia no vermelho com um movimento natural de realização de lucros ante a alta dos últimos dias, o açúcar voltou a registrar alta na finalização dos trabalhos desta terça-feira com a oferta global ainda no radar dos operadores.
Não há nada de novo no radar em relação aos fundamentos. Seguem as preocupações relacionadas com a safra 2022/23 da Índia, impactada pelo clima, além de ter parcela maior neste ciclo direcionada para a produção de etanol.
"Os comerciantes dizem que a oferta de matérias-primas estão muito apertadas após as safras menores do que o esperado na Ásia', destacou a agência de notícias Reuters.
Uma importante entidade comercial indiana disse nesta terça-feira que as usinas no país produziram, até o momento, 31,1 milhões de toneladas de açúcar desde o início da atual temporada em 1º de outubro, uma queda anual de 5,4%.
Diante desse cenário complicado nas outras importantes origens globais, o mundo deve ficar mais dependente da safra 2023/24 do Centro-Sul do Brasil, que começou oficialmente neste mês de abril. Porém, há temores com as chuvas na colheita.
"A situação deve melhorar quando a safra do Centro-Sul do Brasil ganhar força nas próximas semanas", complementou a agência de notícias nesta terça.
Em entrevista ao Notícias Agrícolas neste início de semana, Mário Campos, presidente da SIAMIG (Associação das Indústrias Sucroenergéticas de MG) destacou que esta temporada pode ser um pouco mais úmida do que as últimas, mas o otimismo prevalece.
No financeiro, o petróleo tinha queda de mais de 2% no exterior com dólar forte e preocupações econômicas superando as esperanças sobre a demanda da China. As oscilações do óleo impactam no mix das usinas. Além disso, o dólar tinha alta moderada sobre o real, o que tende a encorajar as exportações da commodity, mas pesa sobre os preços.
MERCADO INTERNO
Os preços do açúcar no mercado brasileiro seguem valorizados, em cerca de R$ 140 a saca. De acordo com dados do Cepea, alguns compradores, temendo ficar sem o adoçante, adquiriram o cristal a preços mais elevados, enquanto outros, estocados, preferiram esperar por valores mais atrativos para negociar, deixando o mercado com pouco movimento.
No último dia de negociação, o Indicador CEPEA/ESALQ do açúcar, cor Icumsa de 130 a 180, mercado paulista, foi negociado a R$ 142,10 saca de 50 kg com alta de 0,04%.
O etanol também está valorizado, inclusive com repasses sendo feitos nas bombas, de acordo com consultorias. O Cepea afirma que as usinas têm enfrentado dificuldades na retirada da matéria-prima do campo e, consequentemente, na produção dos etanóis, em decorrência da continuidade das chuvas nas principais regiões produtoras do Centro-Sul do Brasil.
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Já nas regiões Norte e Nordeste do Brasil, o açúcar ficou cotado a R$ 153,92 a saca - estável, segundo dados da consultoria Datagro. O açúcar VHP, em Santos (SP), tinha no último dia de apuração o preço FOB a US$ 27,75 c/lb e valorização de 4,23%.