Custo da guerra: Como fica a decisão das usinas sobre o mix 2022/23 com petróleo em máximas de 14 anos?

Publicado em 07/03/2022 15:59
Trading inglesa Czarnikow estima, no momento, uma safra nova no Centro-Sul menos açucareira, com mix de 46%, mas passível de mudança acompanhando mercado interno

A guerra entre Rússia e Ucrânia, que elevou os preços do petróleo acima dos US$ 120 o barril, é mais um ingrediente para definição do mix das usinas brasileiras na safra 2022/23. A tendência é que a nova temporada seja menos açucareira, segundo a trading inglesa Czarnikow, em meio expectativas por um etanol mais valorizado.

"Basicamente hoje a decisão do mix das usinas não depende do mercado internacional e sim de como a Petrobras vai conduzir sua política de preços", destaca a trading.

Nos últimos 30 dias, o preço do petróleo Brent saltou 38% até sexta-feira (04). Nesta segunda-feira, ambos os mercados estavam em cerca de US$ 120 o barril, testando máximas de 14 anos em meio risco de uma proibição dos Estados Unidos e da Europa ao óleo russo e atrasos nas negociações iranianas.

Oscilação de preço do petróleo Brent nos últimos 30 dias - Fonte Czarnikow

Apesar da disparada de preço internacional, no mercado interno, os valores dos combustíveis ainda não tiveram ajuste. Há rumores de que a Petrobras poderá em breve ajustar os preços da gasolina para cima. Um cenário de repasse parcial de preço não está descartado.

"O último ajuste no preço da gasolina feito pela Petrobras foi no dia 12 de janeiro quando o Brent estava em US$ 85/barril. Dessa forma, hoje, a defasagem do preço da gasolina doméstica na refinaria se acentuou e está 20% abaixo do preço internacional", destacou a trading.

Oscilação de preço da gasolina doméstica x internacional nos últimos meses - Fonte Czarnikow

"Caso a Petrobras faça um reajuste seguindo integralmente a paridade internacional, o preço da gasolina nas refinarias poderia chegar a BRL 4/litro. – Hoje está por volta de BRL 3.26/litro. Um aumento do preço na refinaria seria repassado para o consumidor final nos postos de gasolina, permitindo que o etanol ganhe competitividade. Isso significaria que o etanol PVU (base usina) teria espaço para subir", destaca a Czarnikow.

"O upside para o etanol depende em como a empresa irá conduzir sua política de preços em meio a um cenário de ano de eleição e barril do petróleo em patamares acima de $100. Com o reajuste integral de preços, o bicombustível poderia chegar em uma paridade teórica de 21/clb em base No. 11", ressalta.

Neste momento, o açúcar ainda remunera mais as usinas, cotado acima de US$ 19 c/lb na Bolsa de Nova York. O preço do hidratado em um base No.11 está a 17c/lb.

Oscilação de preço do açúcar Nº. 11 x Etanol hidratado (na base 11) - Fonte Czarnikow

A Czarnikow projeta a nova safra do Centro-Sul do Brasil com mix açucareiro de 46%, mas em um cenário ainda passível de alterações a depender do posicionamento da Petrobras. Nesse cenário, a produção de açúcar em 2022/23 ficaria em 32,88 milhões de toneladas.

Brasil Paridade do açúcar sobre o etanol no Centro-Sul - Fonte Czarnikow
Por: Jhonatas Simião
Fonte: Notícias Agrícolas

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