Etanol: Preços na parcial de 21/22 registram maior valor das últimas 23 safras
Os preços médios do etanol anidro e hidratado na parcial da safra 2021/22 (abril-março) atingiram os maiores níveis das últimas 23 safras, segundo dados do indicador do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea, da Esalq/USP).
Entre abril e novembro de 2021, o preço médio do etanol anidro fechou em R$ 3,5588 o litro, e do etanol hidratado, em R$ 3,1582/litro, em termos reais. As segundas maiores médias entre abril e novembro foram registradas na safra 2012/13, a R$ 3,4528/litro para o anidro e R$ 2,7938/litro para o hidratado.
"O clima desfavorável e a quebra da safra da cana-de-açúcar pressionaram os valores do etanol anidro e hidratado, que atingiram patamares bem superiores aos das safras anteriores", disse o centro de estudos ligados em economia para o agronegócio.
Os impactos climáticos na safra foram tão severos que a temporada 2021/22, que termina em abriu deste ano, antecipou o fim do processamento da cultura no Brasil em mais de um mês. Em alguns estados brasileiros, a produção foi finalizada em setembro.
De acordo com dados da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica), do início da safra 21/22 (abril/21) até 16 de novembro, foram produzidas no Brasil 31,84 milhões de toneladas de açúcar, 15,4% a menos que no mesmo período da temporada 2020/21.
Quanto ao etanol, a produção de anidro aumentou 14,8%, totalizando 10,39 bilhões de litros, enquanto a produção de hidratado diminuiu quase 20%, para 15,45 bilhões de litros, segundo a entidade. A produção de etanol de milho aumentou fortemente entre abril e 16 de novembro, com 2,1 bilhões de litros.
"A menor produção de etanol hidratado impulsionou os preços, mas, por outro lado, a demanda diminuiu, limitando a quantidade de negócios no mercado spot durante a maior parte da temporada. Com isso, o ritmo de compra das distribuidoras foi lento, devido às menores vendas no varejo", disse.
Com a relação de troca entre o biocombustível e a gasolina mais vantajosa em relação ao combustível fóssil, as vendas de gasolina C no Brasil aumentaram nas bombas, enquanto que as de etanol diminuíram, de acordo com o centro de pesquisa da Esalq/USP.
Do início da safra (em abril) até a primeira quinzena de novembro, as usinas de etanol do Centro-Sul do Brasil venderam para o mercado interno e externo 10,48 bilhões de litros de etanol hidratado, 11,8% a menos que no mesmo período de 2020, segundo dados da Unica.
Considerando o etanol anidro, aquele misturado na gasolina, as vendas cresceram 20,46%, totalizando 6,4 bilhões de litros.
De acordo com dados da Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP), a relação de troca média entre o etanol hidratado e a gasolina C em São Paulo entre 1º de abril de 2021 e 11 de dezembro ficou em 76,3%, enquanto o nível ideal competitivo é abaixo de 70%.
No período, o preço da gasolina C era em média R$ 5,67/litro nas bombas do estado de São Paulo, e o do etanol, R$ 4,338/litro. A diferença de preços entre esses combustíveis na média da safra 2021/22 era de R$ 1,33/litro.
A menor oferta de etanol também restringiu as exportações brasileiras. Segundo dados da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), do Ministério da Economia, entre abril e novembro, o Brasil exportou 1,258 bilhão de litros do biocombustível, uma queda acentuada de 43,3% em relação ao mesmo período da temporada anterior (2,217 bilhões de litros).
A receita com esses embarques totalizou US$ 705,8 milhões, 25,2% inferior à do mesmo período da safra 2020/21 (US$ 944 milhões).
"No que se refere às importações, com o dólar forte e o fim da medida do governo que permitia a importação de etanol sem tarifa em 2020, o volume importado pelo Brasil em 2021 diminuiu. Entre abril e novembro (safra 2021/22), o Brasil importou 157,72 milhões de litros de etanol, uma queda de 48,65% em relação ao mesmo período da temporada anterior (307,13 milhões de litros)", disse o centro.
O Paraguai foi o maior fornecedor do Brasil nesse período, seguido pelos Estados Unidos. Do volume total importado, 63,51% chegaram aos portos do Nordeste e Norte do Brasil e 36,49%, da região Centro-Sul, segundo a Secex.