Clima adverso no BR dá suporte para altas de quase 4% no açúcar em NY

Publicado em 05/08/2021 15:10 e atualizado em 05/08/2021 16:30
Mercado também encontrou apoio na valorização expressiva do petróleo nesta quinta-feira

As cotações futuras do açúcar fecharam a sessão desta quinta-feira (05) com altas expressivas no cenário internacional, quase 4% em Nova York e mais de 3% em Londres. O dia foi de suporte com atenção ao clima adverso no Brasil e financeiro.

O principal vencimento do açúcar bruto na Bolsa de Nova York registrou valorização de 3,85%, cotado a US$ 18,62 c/lb, com máxima de 18,69 c/lb e mínima de 17,83 c/lb. O tipo branco em Londres teve alta de 3,24%, a US$ 461,80 a tonelada.

"Na verdade, é um movimento técnico baseado no risco climático no Brasil", disse Maurício Muruci, analista da Safras & Mercado em referência à valorização do adoçante no dia. Apesar da alta, os US$ 19 c/lb não dever ser batidos.

Além de uma seca persistente, a safra de cana do Centro-Sul registrou geadas generalizadas nas últimas semanas. Diante disso, o mercado teme reflexos na produção desta safra e também para a temporada 2022/23.

Em meio esse cenário climático, importantes consultorias já começam a revisar suas estimativas para a temporada 2021/22. A comerciante Wilmar baixou sua estimativa na nova safra de açúcar do Brasil para menos 28 milhões de t de açúcar.

Wilmar baixou sua estimativa na nova safra de açúcar do Brasil - Foto: Unica

No financeiro, o dia foi de suporte pela valorização nas cotações do petróleo, dando suporte aos preços do açúcar. Além disso, o dólar chegou a registrar queda sobre o real em parte do dia, o que tende a desencorajar as exportações.

Apesar de se aproximar das máximas do final de julho, o mercado do açúcar em Nova York ainda não deve ter forças para romper os US$ 19 c/lb. "A Índia continua vendendo com os atuais patamares, sem ajuda do subsídio, e tem estoques para isso", pontua Muruci.

Por outro lado, o mercado olha para as informações da demanda, com queda na programação de navios do Brasil para os próximos dias. Além disso, a variante Delta tem colocado em xeque recuperação da demanda chinesa por açúcar.

"O consumo de açúcar pode cair nos meses restantes do verão e nos próximos feriados, à medida que as reuniões sociais diminuem", disse em relatório a trading inglesa Czarnikow.

Mercado interno

Os preços do açúcar completaram a terceira alta seguida no mercado do Brasil. Como referência, na véspera, o Indicador CEPEA/ESALQ do açúcar, cor Icumsa de 130 a 180, mercado paulista, saltou 0,84%, com a saca de 50 kg cotado a R$ 120,79.

No Norte e Nordeste do Brasil, o açúcar registrou estabilidade, a R$ 132,00 a saca, segundo dados levantados pela consultoria Datagro. O açúcar VHP, em Santos (SP), tinha no último dia de apuração o preço FOB cotado do tipo a US$ 18,11 c/lb – estável.

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