Clima adverso deve reduzir moagem de cana do Centro-Sul para média de 567,4 mi de t em 21/22, apontam consultorias

Publicado em 14/06/2021 09:35 e atualizado em 14/06/2021 10:42
Projeção considera as estimativas individuais de sete empresas de análises do Brasil para a nova temporada, além da divulgação da Conab; quedas na produção de açúcar e etanol


 Colheita de cana-de-açúcar em usina em Ribeirão Preto (SP) - Foto: Reuters

​O clima adverso nos últimos meses no Centro-Sul do Brasil, em pleno desenvolvimento da safra 2021/22 (abril-março) de cana-de-açúcar, deve fazer com que a moagem caia para uma média de 567,42 milhões de toneladas na nova temporada, segundo pesquisa feita pelo Notícias Agrícolas com sete consultorias e a Companhia Nacional de Abastecimento (Conab), sobre 601 milhões de t em 2020/21.

"Para o estado de São Paulo, se fala de uma quebra em torno de 5% a 7%, em média, sendo que temos regiões onde a queda é muito maior. Na nossa região de Capivari (SP), alguns produtores estimam perdas de 20% ou mais nas suas propriedades porque a chuva é muito irregular”, pontua Maria Christina Pacheco, presidente do Consecana-SP (Conselho dos Produtores de Cana-de-Açúcar, Açúcar e Etanol do Estado de São Paulo).

"Temos regiões que nunca viram uma seca tão drástica como essa", complementa Maria Christina. Nesses últimos dias de junho, regiões produtoras de cana no Centro-Sul até receberam chuvas que devem beneficiar as lavouras de final de safra, podendo fazer com que as estimativas das consultorias ainda sofram revisões ao longo do ano. No entanto, maio ainda foi um mês delicado para a safra de cana.

"As chuvas registradas durante o mês de maio resultaram em um armazenamento de água no solo inferior a 30% na maior parte das regiões Sudeste e Nordeste, e dos estados de Goiás e Paraná. Em Mato Grosso e Mato Grosso do Sul, o armazenamento variou entre 30% e 75%. Condições semelhantes foram observadas em Tocantins, Piauí, Ceará e Maranhão", disse em relatório o Sistema Tempo Campo.

Veja mais:
» Consecana: Quebra na safra de cana de SP pode chegar a 7%, mas há produtores com perdas de mais de 20%

A pesquisa feita com as consultorias e a Conab considera as mais recentes atualizações para a nova temporada, iniciada oficialmente em abril, mas que a moagem só começou a avançar melhor nas últimas semanas, já que produtores postergaram a moagem com a intenção de aumentar a produtividade após quase um ano de chuvas abaixo da média na principal região produtora do país.

Os números divulgados pelos analistas da Archer Consulting, Canaplan, Datagro, Itaú BBAgro, Safras & Mercado, StoneX, da fornecedora de informações de commodities S&P Global Platts e da Conab apontam uma queda na moagem de cana entre 0,6% e 7,8% ante a temporada anterior. Com uma menor safra de cana moída, a produção de açúcar e de etanol também deve recuar no Centro-Sul, principal região produtora do Brasil.

A maior moagem de cana na nova temporada na região é vista pela Conab, com 574,80 milhões de t, sobre 540 a 553 milhões de t da Canaplan, que tem a previsão de menor safra entre as oito entidades consultadas na pesquisa.

A safra 2021/22 de açúcar no Brasil oscila entre as consultorias e a Conab entre 33,80 e 36,30 milhões de t e quedas entre 5,6% e 11% ante os números da temporada anterior. Na média das oito entidades, a produção do adoçante no Centro-Sul pode ficar em 35,28 milhões de t, uma queda de 8% ante a temporada anterior. O mix para o açúcar na nova temporada tem média de 46%, sobre 45% na última safra.

O volume previsto mais expressivo para a safra nova de açúcar no Brasil é da Datagro, com estimativa de 36,30 milhões de t, sobre 33,80 milhões de t da Canaplan na mínima da pesquisa.

A produção de etanol total no Centro-Sul, considerando de cana-de-açúcar e milho – matéria-prima que tem ganhado espaço nos últimos anos para produção de biocombustível –, registra na pesquisa média de 27,74 bilhões de litros em 2021/22, sobre 30,24 bilhões de litros no ciclo anterior. As estimativas isoladas das consultorias apontam para um recuo entre 3,3% e 10% na safra do biocombustível ante a última temporada.

A produção de etanol de milho e cana no Centro-Sul do Brasil no maior volume é apontada pela Datagro, com 31,86 bilhões de litros, e a menor da Canaplan, estimada em 24,50 bilhões de litros. Os açúcares totais recuperáveis (ATR) entre uma safra e outra apresentam oscilações menos expressivas, com uma média de 140,63 quilos por tonelada de cana na safra 2021/22, sobre 143,82 kg/t na última temporada.


Canavial na região de Frutal (MG) com desenvolvimento afetado pela seca - Foto: Czarnikow

Veja abaixo as últimas entrevistas com as principais consultorias do Brasil sobre a safra de cana:

» Brasil sai fortalecido no açúcar com antecipação de mistura do etanol na gasolina na Índia

» Safra de cana 21/22 terá quebra e custos elevados, mas preços no Brasil devem seguir valorizados

» Conab prevê queda de 4% na safra nova de cana e reflexos para etanol e açúcar

» Cenário positivo para açúcar em NY não muda, apesar de queda no dia, vê analista da Datagro

» Preços do etanol sobem no Brasil e começam a ganhar competitividade sobre o açúcar

» Açúcar: Perdas em NY não indicam reversão e mercado pode buscar os US$ 20 c/lb, vê analista

» Início da safra brasileira 21/22 ainda tem reflexo baixista limitado aos preços do açúcar e etanol

» Novas altas no açúcar não estão descartadas, apesar de quebra na safra de cana do BR já ter sido precificada

» Estoque de etanol no Brasil deve fechar maio com queda de 29% ante ano anterior, estima S&P

Por: Jhonatas Simião
Fonte: Notícias Agrícolas

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