Usinas de açúcar da Índia fecham acordos de exportação sem subsídios do governo
Usinas de açúcar da Índia começaram a vender o adoçante sem o apoio de subsídios governamentais, em movimento que pode fazer com que as exportações do país em 2020/21 avancem 14% em relação ao ano passado, para um recorde de 6,5 milhões de toneladas, disseram membros do setor à Reuters nesta quarta-feira.
Os embarques vão ajudar o segundo maior produtor de açúcar do mundo a reduzir seus estoques e devem dar suporte aos preços locais --que, ao contrário do mercado global, têm sido pressionados pelo excesso de oferta doméstica.
As exportações também podem limitar um rali nos preços da commodity em Nova York e Londres, que neste ano chegaram a atingir os maiores níveis em quatro anos.
"A Índia pode facilmente exportar 6,5 milhões de toneladas na atual temporada. E as exportações podem aumentar ainda mais se os preços globais ultrapassarem os 18 centavos de dólar", disse Prakash Naiknavare, diretor-geral da Federação Nacional de Cooperativas Produtoras de Açúcar.
Os contratos futuros do açúcar bruto negociados em Nova York terminaram esta quarta-feira cotados a 16,78 centavos de dólar por libra-peso.
Em meados de dezembro, a Índia aprovou um subsídio para incentivar usinas em dificuldades financeiras a exportarem 6 milhões de toneladas de açúcar em 2020/21, ano comercial que termina em 30 de setembro.
Antes disso, as usinas haviam exportado um volume pequeno --cerca de 15 mil toneladas-- sem qualquer subsídio.
Até agora, as usinas selaram contratos para vendas de cerca de 5,8 milhões de toneladas de açúcar, de uma cota de exportação de 6 milhões de toneladas, segundo um operador de uma trading global em Mumbai.
O operador disse, sob condição de anonimato, que a maioria das usinas já esgotou suas cotas de exportação, e que algumas começaram a vender para o mercado externo sem qualquer subsídio.
Ele disse que as usinas negociaram 150 mil toneladas de açúcar sem subsídios para exportação. As vendas têm girado em torno de 29.500 rupias por tonelada, ante preço local de mais de 31 mil rupias.
Um operador de mercado em Mumbai disse que as usinas precisam de recursos para pagar pela cana comprada de produtores rurais, o que se tornou uma dificuldade depois que medidas restritivas associadas ao coronavírus impactaram a demanda no país.
Embora as usinas possam tomar empréstimos para fazer esses pagamentos pela cana, isso resultaria em juros e custos de armazenamento de açúcar, então algumas estão reduzindo perdas com as vendas de exportação, acrescentou o operador.