Açúcar fecha semana com alta acumulada de mais de 7% em NY
As cotações futuras do açúcar nas bolsas de Nova York e Londres encerraram a sessão desta sexta-feira (16) com alta expressiva, completando o quarto dia seguido de valorização. Os avanços do dia deram suporte para ganhos de mais de 7% no terminal nova-iorquino no acumulado da semana.
Os preços repercutem os temores do mercado com possível oferta limitada diante de clima adverso para a safra brasileira, além de melhores expectativas da demanda.
O principal vencimento do açúcar na Bolsa de Nova York fechou o dia com valorização de 1,59%, cotado a US$ 16,57 c/lb, com máxima de 16,62 c/lb e mínima de 16,17 c/lb. O tipo branco em Londres registrou alta de 1,51%, negociado a US$ 463,30 a tonelada.
"O Brasil terá condições de seca na maior parte das áreas produtoras. As temperaturas médias devem ser próximas a acima do normal", disse Jack Scoville, analista da Price Futures Group, em referência aos temores do mercado.
O mercado também segue a recente divulgação da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Unica) de que as usinas do Centro-Sul do Brasil produziram 23% a menos de açúcar na segunda quinzena de março no comparativo anual. O número é reflexo de um início de safra lento.
Mercado do adoçante registrou a quarta sessão seguida de valorização - Foto: Embrapa
"Os comerciantes estão preocupados com o atraso na colheita do Brasil e a falta de espaço nos portos do Brasil para embarques de açúcar devido aos elevados embarques de soja e atrasos na colheita da soja", complementou Scoville.
Além disso, nesta semana, a França, maior produtora de açúcar da União Europeia, anunciou perdas de até 50 mil hectares da safra de beterraba sacarina recém-plantada, a pior já registrada na história do país. Também houve danos em outras culturas do país, como pomares de frutas.
Do lado da demanda, as expectativas mais positivas estão sendo consolidadas com retomada econômica em alguns importantes consumidores do adoçante e melhor cenário das exportações nas origens. "A Índia está exportando açúcar e é relatado que terá uma grande safra de cana este ano", disse Scoville.
Após escassez de contêineres, a Índia registrou volume recorde de embarques no último mês de março, com 1,2 milhão de toneladas, segundo dados levantados pela trading inglesa Czarnikow. Na temporada 2020/21 (outubro-setembro), os embarques 3,8 milhões de t.
No Brasil, o line-up de açúcar, programação de embarques pelos portos, registrava 1,36 milhão de toneladas na semana até o dia 14 de abril, sobre 881,10 mil t na semana anterior, com 35 navios programados.
Mercado interno
A reta final da semana segue marcada por preços valorizados do açúcar no mercado brasileiro. O Indicador CEPEA/ESALQ do açúcar, cor Icumsa de 130 a 180, mercado paulista, subiu 0,72%, a R$ 107,05 a saca de 50 kg na posição até quinta-feira.
Já no Norte e Nordeste do Brasil, o açúcar ficou estável, a R$ 114,01 a saca, segundo dados da Datagro. O açúcar VHP, em Santos (SP), tinha na última sessão o preço FOB cotado a US$ 17,97 c/lb, com valorização de 3,14% sobre o dia anterior.
De acordo com avaliação da S&P Global Platts, o preço FOB do açúcar posto em Santos levantado acumula neste ano de 2021 uma alta de 62,92% e valorização de 6,64% na última semana, fechando no dia 15 de abril em US$ 16,39 c/lb para entrega em maio.
A valorização ocorre em meio às preocupações com a nova safra no Centro-Sul do Brasil, impactada pelas condições climáticas.
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