Próximo superávit de açúcar da Ásia vai carregando mais pressão em NY conforme outubro se aproxima
O excedente de açúcar asiático que está cada vez mais interessando ao mercado mundial é o que virá a partir do próximo ano-safra regional,18/19, a começar em 1º outubro. As cerca de 10 milhões de toneladas da temporada atual já foram absorvidas há tempos pelos operadores da ICE Futures (Nova York) e traders - e somente o câmbio no Brasil tem causado alguma mexida pontual no intervalo pouco acima e pouco abaixo dos 12 c/lp. Até mesmo a má qualidade da cana nesta abertura de segunda parte da colheita do Centro-Sul no Brasil, em combinação com a produção em queda, deixou de pesar nos últimos dias.
O contrato outubro – cotado nesta quinta (5) a 11.48 c/lp, +9 pontos -, já carrega todas as posições voltadas para Índia e Tailândia, que podem repetir a mesma dose de superávit da safra deles atual, 10 mi/t, segundo analistas. É muito açúcar sobrando para o mundo dar conta, mesmo descontando neste balanço de novo uma oferta brasileira mais curta – por produção de cana e por um mix mais alcooleiro que deverá repetir na nossa próxima safra, a 19/20. Na safra atual, as usinas tiraram de 4 a 4,5 mi/t do comércio internacional.
O analista da Safras & Mercado, Maurício Muruci, olhando as projeções de um bis na sobra asiática futura, não tem dúvida sobre o carrego disso para a tela de outubro em Nova York, mesmo com a colheita de lá começando no mesmo mês. “Porque os dados já estão quase conhecidos, e sem risco climático para questionar o potencial de oferta da Índia”, explica.
Isso, Índia. A Tailândia, segundo maior exportador mundial depois do Brasil, já produz superávits regulares e o mercado já trabalha com eles. Os indianos vão para o segundo ano, jogando em torno de mais 5 mi/t na praça. É o que tem feito a diferença.
A trader Ana Cláudia Cordeiro, da Canex Exportação, também concorda. “Apesar de ter chegado um pouco mais atrasada, as chuvas de monções (junho a setembro) não vão atrapalhar a cana que entra no corte já em outubro na Índia”, registra. Além de Tailândia, ela não desconsidera o peso igualmente de pressão da safra de açúcar de beterraba da Europa, com indicador pequeno de redução de área.
Um dado a considerar é que a Índia recém acordou com a China um embarque anual de 1,5 mi/t, ainda por começar. E nem isso desafoga o viés de baixa do açúcar. “Nem a China dará conta da oferta deles” (Índia e Tailândia), aponta Muruci.
Eduardo Sia, da trading Sucden Brasil, também enxerga alguns desses fundamentos, mas ainda prefere aguardar um pouco mais, especialmente em relação ao que será exportado pela Índia.
Na medida em que o calendário vai se aproximando de outubro, natural que esse cenário superavitário será carregado para os contratos de março e maio na ICE.
Dos três analistas aqui ouvidos, Maurício Muruci crava, quando outubro chegar, abaixo dos 12 c/lp os dois primeiros contratos de 2019.