Queda brusca da produção de açúcar bateu em NY, mas mercado vê mesmo estrago à frente na produtividade e no ATR

Publicado em 24/05/2018 17:19

Os quase 10% de queda na produção de açúcar na primeira quinzena de maio no Centro-Sul brasileiro deu uma batinha no ICE Futures, de Nova York, mas os fundamentos que pesaram nesta quinta-feira (24) são os mesmos que marcaram as últimas altas e que trouxeram de volta à casa dos 12 c/lp os contratos de julho e outubro. A seca que promete quase duas semanas à frente (se a meteorologia não errar), arrastando menor produtividade e derrubando o ATR pela qualidade da cana que vai vir junto.

Maurício Muruci, da Safras & Mercado, joga a médio prazo os intervalos de 13.50 e 14 c/lp. "Desde a última semana de março a situação do clima é vista pelos mapas meteorológicos e o NOAA (Estados Unidos) não vê possibilidades de chuvas até ofim da primeira semana de junho", destacou o analista. 

Ao tomar conhecimento do relatório da União das Indústrias de Cana de Açúcar (Unica) – 1,91 milhão/t  contra 2,12 dos primeiros 15 dias de maio de 2017 -, o mercado hoje até pressionou os dois próximos vencimentos para as máximas de 12.62 e 12.91 (julho e outubro) que perderam força, fechando em 12.38 e 12.70. Ambos próximos da linha d’água, em mais 3 pontos e menos 2.

Além de Muruci, Eduardo Sia, da Sucden Brasil, compartilha que o peso dos dados da Unica foi relativizado na bolsa de soft commodities dos Estados Unidos – e, que, sim, o futuro ao clima pertence. Aliás, quase não se tem mais dúvida sobre isso.

Sia, contudo, ainda viu algum movimento de cobertura de venda a termo – short covering, do jargão anglicano quando um trader compra títulos para cobrir posição vendida aberta, ou seja, ele fecha a posição comprando o mesmo número e tipo de ação que estava descoberto.

O rally de alta deverá continuar seguindo o ritmo de uma safra acelerada de baixa, e o ATR barrigando da alta apontada hoje pela Única (+4,30%) que vai fazer o contrato de outubro virar driver antes do tempo. E podendo atenuar a entrada mais forte no circuito, precificando, o novo – e outro - ciclo de alta que se inicia na Ásia.

A greve dos caminhoneiros continua. Mais uns dias de "carrego" pode entrar em cena também.

Por: Giovanni Lorenzon
Fonte: Notícias Agrícolas

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