Gasolina com mais etanol (27%) valerá a partir de 16 de março. Governo garante que motores não serão afetados
BRASÍLIA (Reuters) - O governo anunciou nesta quarta-feira que o aumento da mistura de etanol de anidro na gasolina, de 25 por cento para 27 por cento, começará a valer em 16 de março, depois de quase um mês de testes adicionais para comprovar a viabilidade da nova composição do combustível.
Com a medida, o governo fortalece o setor de etanol do Brasil, que atravessa uma crise nos últimos anos, com o fechamento de dezenas de usinas.
Ao mesmo tempo, a mudança reduz a necessidade de importações de gasolina pela Petrobras, além de garantir um combustível comercializado no país menos poluente, disseram ministros ao anunciar a medida.
"Acabamos de assinar uma resolução... (é) uma operação em que todos ganham", afirmou o ministro de Minas e Energia, Eduardo Braga, a jornalistas.
Em setembro do ano passado, a presidente Dilma Rousseff já havia sancionado lei que permitiu a elevação da mistura do etanol na gasolina até o limite de 27,5 por cento, desde que constatada sua viabilidade técnica, por meio de testes.
Para a gasolina premium, no entanto, ainda vale a mistura de etanol no atual patamar de 25 por cento, acrescentou o ministro.
O anúncio da mistura, altamente aguardado pelo setor sucroalcooleiro, vai garantir uma demanda adicional de etanol de 1 bilhão de litros do biocombustível em 2015, disse a ministra da Agricultura, Kátia Abreu, assegurando que o país tem oferta suficiente para elevar o percentual da mistura.
A mudança ocorrerá em um momento em que começará a moagem da nova safra de cana do centro-sul do país, principal região produtora de etanol, que está na entressafra.
Em fevereiro, o governo já havia acordado a nova mistura com o setor, que passaria vigorar naquele mês, depois de diversos testes feitos durante meses para checar a viabilidade do aumento.
Mas a pedido do setor automotivo novos testes foram realizados.
"O adiamento foi fruto da segurança do governo para que não houvesse nenhum risco do ponto de vista do rendimento e da durabilidade dos motores com a elevação da participação do etanol", disse Braga, acrescentando que os estudos apontam para tranquilidade ao consumidor em relação à qualidade do produto.
Ele disse que a expectativa é que os preços na bomba dos combustíveis, com a nova mistura, não sofram impacto significativo.
A resolução sobre o aumento da mistura deve ser publicada na quinta-feira.
O anúncio, nesta quarta-feira, foi feito após reunião entre Braga e os ministros Armando Monteiro (Desenvolvimento Indústria e Comércio Exterior), Kátia Abreu (Agricultura) e Aloizio Mercadante (Casa Cívil), além de representantes de entidades como a Anfavea, do setor automotivo, e Unica, do setor de cana-de-açúcar.
Moagem de cana do centro-sul mantém-se limitada ao final da safra 14/15
SÃO PAULO (Reuters) - A moagem de cana do centro-sul do Brasil manteve-se limitada a poucas usinas na primeira metade de fevereiro, informou nesta quarta-feira a Unica, associação que representa o setor na principal região produtora de açúcar e etanol.
O processamento de cana da temporada 2014/15 (abril-março) provavelmente vai acabar com uma colheita de cana de 570,6 milhões de toneladas, uma queda de 4,3 por cento ante o recorde da safra anterior, de 597 milhões de toneladas, segundo dados da Unica.
Quase a totalidade das usinas do centro-sul está em manutenção nesta época, no período da entressafra, iniciado em dezembro.
A Unica informou o processamento de 464 mil toneladas de cana na primeira quinzena de fevereiro, mais do que as 149 mil toneladas registradas no mesmo período do ano passado, mas quase a metade das 821 mil toneladas nas duas últimas semanas de janeiro.
A produção de açúcar no centro-sul ao longo do período totalizou 4.734 toneladas, abaixo das 13.500 toneladas nas duas semanas anteriores, disse Unica.
Até o momento, no acumulado da safra, o centro-sul produziu 31,96 milhões de toneladas de açúcar.
Algumas usinas já começaram a retornar ao esmagamento.
O grupo Clealco começou o esmagamento de cana em unidade no interior de São Paulo após a entressafra ao final de fevereiro. A unidade Santo Ângelo, em Minas Gerais, disse recentemente que planejava começar esmagamento no início de abril.
A maioria das usinas na região provavelmente vai começar mais tarde do que nos anos anteriores, uma vez que a safra 2015/16 não deve apresentar recuperação significativa na comparação com a temporada anterior, atingida pela seca.
(Reportagem de Reese Ewing)