Soja: Disparada do dólar pressiona e preços fecham no vermelho em Chicago nesta 4ª feira

Publicado em 26/06/2024 16:21
Moeda americana supera os R$ 5,50 e favorece preços no Brasil; negócios avançam

O mercado da soja teve uma quarta-feira (26) bastante volátil, testou os dois lados, mas encerrou o dia com pequenas baixas de 0,50 a 4,50 pontos nos contratos mais negociados. O julho fechou o pregão com US$ 11,62 e o novembro - referência para a safra americana - com US$ 11,07 por bushel. 

Parte das perdas da soja na CBOT, segundo explicaram os analistas de mercado da Agrinvest Commodities, se deu pela nova disparada do dólar frente ao real. A moeda americana caminha para fechar a quarta-feira acima dos R$ 5,50 e com mais de 1,3% de alta, mais uma vez, repercutindo as falas do presidente Luiz Inácio Lula da Silva. 

Em uma entrevista, o presidente voltou a afirmar que mais cortes de gastos não são necessários se arrecadação aumentar. "Como a gente pode falar em gastos se a gente está abrindo mão de uma quantidade incrível de recursos que os empresários têm que pagar?". Assim, a divisa ganhou ainda mais força, rompeu os R$ 5,50 - testando máximas em quase dois anos - e pressionou não só a soja, mas outras commodities também. 

"E com o dólar subindo, o preço da soja em reais acaba ficando mais atrativo, levando os produtores brasileiros a acelerarem suas vendas para a safra 2024/25", informa a Agrinvest. 

Segundo relata Vlamir Brandalizze, consultor de mercado da Brandalizze Consulting, os negócios no Brasil estiveram próximos de 300 mil toneladas de soja, com os preços entre R$ 1,00 e R$ 2,00 por saca mais altos do que os registrados no dia anterior. 

No interior do país, as altas chegaram a testar os 5%, como foi o caso de Maracaju/MS, onde a saca fechou com R$ 126,00. Nos portos, os indicativos fecharam a quarta-feira entre R$ 140,00 e R$ 142,00 por saca. 

Além do movimento do câmbio, no cenário fundamental, o mercado está dividido. 

"Os fundamentos da soja na CBOT continuam divididos, trazendo volatilidade. De curto prazo, vamos ver mais quedas nas condições das lavouras e provávis reduções de área plantada e colhida. Rentabilidade baixa e inundações no estado de Iowa. Mesmo assim, no médio prazo, a falta de demanda na exportação e o grande estoques de passagem continuam pesando", explica o analista de mercado Eduardo Vanin, da Agrinvest Commodities. 

E no final desta semana, no dia 28 de junho, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traz novos dados de área plantada nos EUA - com ajustes em relação aos números de março - e dos estoques trimestrais de grãos norte-americanos em 1º de junho. Ambos os boletins, em especial os de área, deverão mexer com o andamento as cotações daqui em diante. 

Assim, até que os novos números sejam reportados, os mercados devem seguir voláteis, trabalhando com a expectativas para os boletins.

As expectativas indicam um leve aumento de área para soja, milho e trigo em relação aos números trazidos em março. 

Para a soja, as expectativas de área do mercado variam de 34,6 a 35,41 milhões de hectares, com média de 35,11 milhões. Há três meses, a área estimada para a oleaginosa era de 35,01 milhões. Na safra 2023/24, os EUA cultivaram 33,83 milhões de hectares. 

Por: Carla Mendes | Instagram @jornalistacarlamendes
Fonte: Notícias Agrícolas

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Soja tem cenário de sustentação em Chicago agora, principalmente por força da demanda
USDA informa novas vendas de soja nesta 6ª feira, enquanto prêmios cedem no Brasil
Soja opera estável nesta 6ª em Chicago, mas com três primeiros vencimentos abaixo dos US$ 10/bu
Soja volta a perder os US$ 10 em Chicago com foco no potencial de safra da América do Sul
USDA informa nova venda de soja - para China e demaisa destinos - e farelo nesta 5ª feira
Bunge alcança monitoramento de 100% da cadeia indireta de soja em áreas prioritárias no Brasil
undefined