Greve na Argentina leva farelo a subir mais de 2% e soja acompanha altas em Chicago nesta 2ª
A notícia de que os trabalhadores da indústria processadora de soja da Argentina iniciaram uma greve nesta segunda-feira (29) ampliaram o espaço para as altas dos futuros do farelo e da soja em grão na Bolsa de Chicago. Os futuros do derivado terminaram o dia subindo quase 3% nos contratos mais negociados, com o maio sendo cotado a US$ 348,30 e o julho a US$ 354,30 por tonelada curta na CBOT. Entre os preços do grão, as altas variaram de 1,25 a 4,75 pontos, com o maio encerrando o dia a US$ 11,60 e o julho a US$ 11,82 por bushel.
Segundo uma nota emitida pelo sindicato dos trabalhadores dos processadoras de soja no último sábado (26), o porto de San Lorenzo será afetado, com 80% das empresas que atuam no terminal sentindo os impactos da paralisação.
O secretário geral do SOEA (Sindicato de Obreros y Empleados Aceiteros), Daniel Succi, explicou ao portal local Infocampo que na zona portuária de San Lorenzo, em Santa Fé, há 17 empresas de produtoras de óleo e biodiesel, onde se produz cerca de 84% da produção nacional. As exportações deverão ser bastante comprometidas, porém, o consumo interno não deverá sentir os efeitos. O mercado de algodão também pode ser impactado.
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Essa paralisação "afeta todos os terminais da zona ‘Up River’. Concordamos plenamente que o salário não deveria fazer parte do imposto de renda, mas é contraditório paralisar a indústria que paga salários muito bons”, afirmou Gustavo Idígoras, titular da CIARA (Câmara das Indústrias de Óleo da República Argentina), também ao Infocampo.
"Além das greves dos trabalhadores das oleaginosas, teremos hoje também o início de outra greve, a do sindicato dos trabalhadores estatais que monitoram a qualidade dos alimentos, o que também poderá afetar os embarques nos portos argentinos", afirma a Agrinvest Commodities. Esta deverá, de acrodo com a ATE (Associação dos Trabalhadores do Estado), durar 72 horas, paralisando as exportações e os controles sanitários em todo o país.
Ainda de acordo com informações da consultoria, as chegadas de caminhões nos portos, vindos do interior, já começou a cair se comparadas ao final da semana passada. Foram, na manhã de hoje, 2131 caminhões de soja, contra 2764 na sexta-feira (26), e 691 de milho, contra 1257 na sexta.
Em ambos os casos, as greves buscam limitar o avanço de uma reforma trabalhista liderada pelo presidente argentino Javier Milei, em curso no Congresso.
"A única linguagem que o Governo entende é a dos números, e por isso decidimos paralisar todas as exportações. Todos os controles nas alfândegas, portos e aeroportos serão suspensos e todas as barreiras de controle zoofitossanitário no país serão levantadas", afirmou o secretário-geral da ATE, Rodolfo Aguiar.
Na semana passada, a notícia vinda da Argentina que dominava o noticiário era a de que o presidente e sua equipe anunciavam o primeiro superávit fiscal do país em 15 anos. "O superávit fiscal é a pedra angular a partir da qual estamos construindo a nova era de prosperidade na Argentina. Estamos tornando possível o impossível mesmo com a maioria dos políticos, sindicatos mídia e a maioria dos atores econômicos atrás de nós", disse.