MB Agro vê safra de soja do Brasil em 155 mi t, longe de cenário de catástrofe

Publicado em 28/11/2023 11:23 e atualizado em 28/11/2023 12:57

Por Roberto Samora

SÃO PAULO (Reuters) - A safra de soja do Brasil 2023/24 pode atingir cerca de 155 milhões de toneladas, queda de cerca de 10 milhões de toneladas ante o potencial devido à seca que atingiu o início do ciclo especialmente em Mato Grosso, disse o consultor Alexandre Mendonça de Barros, sócio da MB Agro, durante evento em São Paulo.

Com uma safra de soja de 155 milhões de toneladas, o maior produtor e exportador global da oleaginosa ainda teria potencial de exportar 96 milhões de toneladas em 2024, abaixo das mais de 100 milhões de toneladas projetadas antes da seca, afirmou ele, durante o Minerva Day.

Ele disse que a situação de forte calor e estiagem no Centro-Oeste chegou a apontar, no "pior cenário", para 138 milhões de toneladas, mas o clima melhorou recentemente, com chuvas sendo registradas em áreas de Mato Grosso.

O volume de 155 milhões depende de condições climáticas adequadas em dezembro.

"A safra precisa passar a pinguela de dezembro", disse Mendonça de Barros, lembrando da importância de um clima favorável nas próximas semanas.

"Acho que a gente passou o pior momento", acrescentou ele, em referência ao fenômeno climático El Niño, que deixa as chuvas mais escassas e irregulares ao norte do país, enquanto resulta em grandes volumes de precipitações ao sul.

Ainda assim, segundo o especialista, a redução na expectativa de produção, uma das mais agressivas divulgadas até o momento por consultorias privadas, deve-se "ao pior começo de safra que vi em 30 anos em Mato Grosso", maior produtor brasileiro da oleaginosa.

Caso o clima no próximo mês volte a ficar seco no centro-norte do país, a produção brasileira da oleaginosa poderia cair para 148 milhões de toneladas, disse Mendonça de Barros, ficando abaixo do recorde da temporada anterior, com volume estimado de 154,6 milhões de toneladas, considerando número da estatal Conab.

MILHO

O sócio da MB Agro vê a segunda safra de milho na região central do Brasil com mais preocupação, devido ao atraso no plantio de soja, semeada ante do cereal. Além disso, ele citou preços baixos para o milho, o que desestimula o plantio, que deve cair em área pelo menos 5% na região central em relação ao ciclo anterior, que foi recorde.

Se as cotações estivessem mais favoráveis, disse o consultor, os produtores poderiam arriscar mais no Centro-Oeste, mas este não é o caso.

Assim, ele projetou uma segunda safra de milho brasileira, que responde pela maior parte da produção nacional, de 90 milhões de toneladas, com uma perda potencial de 15 milhões de toneladas.

Na temporada passada, segundo a Conab, o Brasil produziu mais de 102 milhões de toneladas na segunda safra.

"O que pode ter risco maior é a safrinha (segunda safra), um pedaço maior do plantio pode ficar fora da janela (climática) ideal. A safrinha já entrou no calendário mais atrasada, já ia cair a área plantada (pelos preços)", disse ele.

A seca nos rios amazônicos, que tem reduzido o transporte do cereal para os portos de exportação do norte, é outro fator de desestímulo para a área da próxima safra de milho, disse Mendonça de Barros.

Ele afirmou que algumas barcaças estão operando com apenas 30% da capacidade, o que colabora para reter o milho no centro-norte que seria exportado, pressionando os preços.

O especialista lembrou que, quando os rios estiverem com maiores volumes, provavelmente a partir de janeiro, a safra de soja já vai entrar, limitando a capacidade para exportação do cereal.

Com uma segunda safra de cerca de 90 milhões de toneladas no Brasil, a exportação do país seria de 40 milhões de toneladas em 2024, distante dos mais de 50 milhões de toneladas previstos para 2023, quando o país se tornou o maior exportador global, superando os Estados Unidos.

Com relação à segunda safra do Paraná, segundo produtor nacional após o Mato Grosso, Mendonça de Barros não projeta queda na área plantada.

(Por Roberto Samora)

Fonte: Reuters

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