Soja: Depois da euforia, mercado toma fôlego, realiza lucros e fecha o dia no vermelho em Chicago
Depois de testarem limite de alta e superarem os US$ 17,00 por bushel na Bolsa de Chicago, se aproximando dos recordes históricos, os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago encerraram o intenso e muito volátil pregão desta quinta-feira (24), marcado pelo início da guerra entre Rússia e Ucrânia, no vermelho. As baixas ficaram entre 13,50 e 25,25 pontos nos contratos mais negociados, com o maio encerrando o dia com US$ 16,54 e o julho com US$ 16,36 por bushel.
Analistas e consultores de mercado afirmam que apesar do movimento de correção, o viés altista para as cotações permanece, inclusive, intensificado pelo conflito entre russos e ucranianos. Todavia, a euforia do início do dia foi revertida e o mercado deu uma pausa nas altas para tomar fôlego.
"Na nossa visão, mais cedo houve muita euforia, muita incerteza, muita preocupação se a logística no curto prazo poderia ser afetada, os sistemas de pagamento da Rússia, depois a coisa perdeu força. Até porque as fortes altas geraram um movimento de venda, o pessoal botou no bolso o que ganhou, e há ainda uma percepção de que mesmo a Rússia tomando o controle da região, isso seria muito rápido, e eles tomariam conta inclusive dos canais de escoamento" explica Cristiano Palavro, diretor da Pátria Agronegócios.
Assim, o executivo voltou a reforçar a ação dos especuladores sobre as altas da manhã - que foram mais notícia para o dia do que as baixas do final dele - até porque "não há nenhum fundamento negativo" no mercado neste momento.
No paralelo, o mercado também esteve atento aos números trazidos pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) direto do primeiro dia do Outlook Forum e que indicaram um aumento de área destinada à soja na safra 2022/23.
O USDA projeta 35,61 milhões de hectares (88 milhões de acres), contra 35,29 milhões (87,2 milhões de acres) da safra 2021/22. Embora maior do que a área da temporada anterior, a projeção ficou aquém do esperado pelo mercado e acabou sendo um "fator positivo para os preços".
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Além das questões mais recentes, o mercado se mantém muito focado em seus próprios fundamentos, em especial a quebra da safra da América do Sul. A oferta apertada preocupa o mercado, que precisa agora de uma safra 2022/23 saudável e cheia nos EUA para voltar a equilibrar as relações de oferta e demanda.
No Brasil, os negócios ficaram parados, ainda como relata Cristiano Palavro. Com a volatilidade instalada muito intensamente, poucas referências se formaram para as cotações e os negócios quase não aconteceram. "Hoje todo mundo ficou de fora", explicou.
A forte aversão ao risco fez o dólar voltar a subir frente ao real nesta quinta-feira e a moeda norte-americana terminou o dia com R$ 5,11, subindo 2,02%, marcando sua maior alta em cinco meses. No pico do dia, o dólar disparou 3,23%, a R$ 5,165. Na mínima, ainda subiu 0,62%, para R$ 5,0342, informou a agência de notícias Reuters.