Chuvas previstas para Argentina pesam sobre farelo na CBOT, que cede mais de 3% e pesa sobre a soja

Publicado em 18/01/2022 17:23

A terça-feira (18) foi de volatilidade para as cotações da soja na Bolsa de Chicago, mas com o mercado operando durante todo o pregão em campo negativo. No encerramento dos negócios, os futuros da oleaginosa perderam de 7,75 a 8,75 pontos nos principais contratos, levando o março a US$ 13,62 e o maio a US$ 13,71 por bushel. 

O mercado do grão acompanhou o farelo, que cedeu mais de 3% na CBOT somente nesta sessão. O primeiro contrato fechou o dia com recuo de 3,67% e valendo US$ 390,70 por tonelada curta. 

Assim como no grão, a pressão para o derivado veio da melhora no cenário climático que começa a ser registrada na Argentina. As chuvas do último final de semana, desta segunda e terça-feiras pesaram sobre o mercado, mesmo chegando tarde para algumas regiões produtoras e ainda de forma mal distribuída. Os volumes, porém, foram importantes e favoreceram importantes regiões produtoras. 

"As chuvas desta segunda na Argentina foram muito boas, cobrindo grande parte da província de Buenos Aires, centro de Santa Fe, norte de Córdoba e Entre Rios variando de 30 a 50 mm. Nas outras regiões as chuvas foram de 5 a 10 mm. Essas chuvas, mais as projetadas para essa semana estão derrubando os preços na CBOT", explica o diretor do grupo Labhoro, Ginaldo Sousa.

E as previsões para os próximos 10 dias seguem mostrando melhores condições ainda de chuvas não só para a Argentina, mas também para o Sul do Brasil e alguns pequenos volumes para o Paraguai, como mostra o levantamento da Labhoro. 

"As chuvas se consolidam na Argentina - com grandes volumes para a divisa de Córdoba, Santa Fé
e Buenos Aires -   e voltam aos poucos no Rio Grande do Sul. Leste do Paraná e Santa Catarina, sul de Minas Gerais também devem ter bons acumulados, enquanto  a seca continua no extremo oeste paranaense e sul de Mato Grosso do Sul. Paraguai tem chuvas leves no sul da
região produtora", mostra a consultoria. 

Clima AMS 10 dias

Caso estas previsões se confirmem, principalmente as chuvas para Argentina, sul do Brasil e Paraguai, o mercado, segundo explicam analistas e consultores, tende a seguir levemente pressionando, com os traders e fundos especuladores retirando parte do prêmio de risco climático que vinha sendo colocado sobre as cotações durante os períodos de seca ainda mais agressiva. 

Mesmo com essas precipitações, porém, o mercado ainda observa uma oferta de soja conideravelmente menor chegando da América do Sul. Mais do que isso, novos negócios não têm aparecido muito frequentemente nos três principais produtores sul-americanos e esse também é um ponto de atenção do mercado, tanto em Chicago, quanto localmente. 

Os produtores evitam comprometer volumes maiores de soja da safra nova frente as perdas que continuam a ser contabilizadas no campo. No Brasil, principalmente o sojicultor do sul evita avançar com a comercialização para não ter de, na sequência, ter de renegociar seus contratos por falta de produto. 

PREÇOS NO BRASIL

No Brasil, esse comportamento dos produtores contribui, inclusive, para a manutenção de preços ainda elevados para a soja, tanto nos portos, quanto internamente. Prematuramente, demandas interna - com as indústrias com boas margens de esmagamento - e externa disputam a oleaginosa brasileira e o movimento dá, inclusive, espaço para que os prêmios se mantenham positivos em plena colheita.

Os preços no interior do país, como relatou Vlamir Brandalizze, consultor da Brandalizze Consulting, as processadoras do Sul chegando a ofertar valores próximos dos R$ 190,00 CIF. Os vendedores, porém, seguiam retraídos. 

"A colheita segue em andamento e os produtores aproveitam do tempo e vão colhendo até mesmo a noite, com máquinas nos campos nos momentos que o clima permite para não correr riscos frente às chuvas que podem atrapalhar a entrada nos campos. Assim, os produtores seguem colhendo e entregando a fixar ou quitando contratos programados", explica Vlamir Brandalizze, consultor da Brandalizze Consulting.

Ainda nesta terça, os preços da soja encontraram espaço na alta do dólar frente ao real. A moeda americana deu início a um movimento positivo no início da tarde e fechou com 0,61% de alta, valendo R$ 5,56. 


ALTAS DO ÓLEO EM CHICAGO

Ao contrário do grão e do farelo, os futuros do óleo de soja fecharam o pregão desta terça-feira com ganhos de 1%. O mercado do subproduto acompanhou as altas do petróleo, que terminaram o dia superando 2% no WTI e 1% no brent. 

Ao longo do dia, o petróleo marcou suas máximas em sete anos, refletindo preocupações do mercado com uma oferta ainda ajustada. 

"O consenso é que a situação não melhorará em um futuro previsível e o crescimento da demanda por petróleo, juntamente com as restrições de oferta, está inevitavelmente levando a um equilíbrio de petróleo mais apertado", disse para a Reuters o analista da PVM, Tamas Varga.

Além disso, todo o mercado de óleos vegetais conta ainda com fundamentos altistas, incluindo estoques globais apertados e uma demanda ainda forte, por derivados não só de soja, mas de todas as principais origens, como os óleos de palma e de canola.

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Por: Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte: Notícias Agrícolas

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