Soja cede com realização de lucros na CBOT, mas mantém preços remuneradores no Brasil
Nesta terça-feira (16), o mercado da soja fechou o pregão com pequenas altas de 4,50 a 5 pontos nos principais contratos negociados na Bolsa de Chicago. O vencimento janeiro/22 terminou o dia com US$ 12,52 e o maio com US$ 12,73 por bushel. Durante todo o dia os negócios aconteceram do lado negativo da tabela, com o mercado realizando lucros depois de cinco sessões consecutivas de alta.
Além da correção natural dos preços depois do recente avanço, como explicou o analista de mercado Eduardo Vanin, da Agrinvest Commodities, veio da alta do dólar index nesta terça. O indicativo registrou patamares elevados e não vistos desde julho do ano passado. "O dólar caro torna os produtos mais caros também, acabam perdendo competitividade na exportação (...) Dólar para cima, commodities para baixo", disse.
Não cederam só os futuros da oleaginosa, como os demais grãos negociados em Chicago e também o petróleo, que devolveu boa parte das altas registradas mais cedo. Os futuros do trigo cederam quase 2% na CBOT somente neste pregão. Acompanhando o recuo, o farelo de soja encerrou os negócios com queda de mais de 1% na CBOT, depois de um rally de alta de 11% nos últimos dias.
A exceção no complexo soja foi o óleo, que operou em alta durante toda a terça-feira e terminou o dia com ganhos superiores a 1,65%. O primeiro contrato fechou com 58,97 cents de dólar por libra-peso, acompanhando o suporte encontrado no petróleo, mesmo que a commodity também amenizasse seu movimento de alta.
Ademais, a soja negociada na Bolsa de Chicago segue refletindo o plantio acontecendo em ritmo recorde nesta temporada no Brasil. Segundo os últimos números da Pátria Agronegócios, são 78,10% da área já plantada no país, contra 62,85% de média e 69,4% do mesmo período do ano passado.
Mais do que isso, há ainda a conclusão da colheita norte-americana e algumas incertezas que ainda rondam a demanda chinesa, o que limita o potencial de alta das cotações.
"Os estoques de farelo e óleo na China estão baixos. A China está bem coberta em soja até o final de janeiro e razoavelmente bem coberta para fevereiro e março. Com a alta da soja na CBOT nas últimas duas semanas, clima benéfico na América doSul e posição dos crushers na China confortável para os próximos quatro emses, os prêmios da soja, provavelmente, irão pagar a conta, tanto no Brasil, como nos EUA. Se os futuros da soja permanecerem acima dos US$ 12,00 o bushel, prêmios negativos no Brasil para a safra passam a ser um cenário totalmente plausível", explicam os analistas de mercado da Agrinvest Commodities.
Assim, o mercado internacional segue caminhando de lado e, como afirmou o consultor de mercado Aaron Edwards, da Roach Ag Marketing, ainda exige cautela e monitoramento.
MERCADO BRASILEIRO
Enquanto isso, no Brasil, os negócios com a soja 2021/22 ainda ocorrem de forma pontual, sem grande avanço, com os produtores ainda reticentes diante do sentimento do que houve no ano passado com a disparada das cotações. Todavia, como explicam analistas e consultores de mercado, os preços ainda são remuneradores para os sojicultores brasileiros, mesmo não estando nas máximas do ano.
"O ritmo melhorou nos últimos dias, o mercado está começando a aproveitar mais para garantir fechamentos e não precisar vender na boca da colheita", explica Vlamir Brandalizze, consultor de mercado da Brandalizze Consulting.
E os atuais valores praticados seguem na casa dos R$ 168,00 por saca, base porto, para o produto disponível, e para a soja da safra entre R$ 163,00 e R$ 164,00 para o produto para maio/junho e R$ 165,00 para julho 2022. "Mercado favorável, momento para o produtor fazer boas médias para o ano que vem e não ter que vender na boca da colheita, principalmente no pico, que deve se dar em fevereiro", diz o consultor.
Dando também suporte importante às cotações da soja no mercado brasileiro há o mercado cambial. Nesta terça-feira, a moeda americana fechou com alta de 0,78% frente à brasileira e terminou o dia com R$ 5,50.