Soja fecha em queda na Bolsa de Chicago com divulgação 'acidental' de números de área pelo USDA
O USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) traz seu novo relatório mensal de oferta e demanda de setembro nesta sexta-feira, dia 10, às 13h (Brasília) e já causa a conhecida ansiedade entre os traders e demais participantes do mercado diante das mudanças que pode apresentar para a nova safra americana. No entanto, dados foram antecipados - talvez sem querer - pelo departamento americano de área sob o programa de seguro agrícola pela agência NASS, também do USDA, e pesou sobre as cotações.
Os dados são um indicativo de aumento de área, uma vez que os números cresceram em 909 mil acres para o milho, 897 mil para a soja e 500 mil para o trigo. "Este é um forte indicativo de que teremos na área para cima na soja, no milho e no trigo também", explicou o analista de mercado Eduardo Vanin, da Agrinvest Commodities.
Os números ajudaram a pressionar as cotações dos grãos na Bolsa de Chicago, que já vinham testando leves movimentações e acabaram aprofundando suas baixas no pregão desta quinta-feira (9). Assim, o dia vai se encerrando com as cotações perdendo mais de 10 pontos entre as posições mais negociadas. Assim, o novembro voltava a ser cotado a US$ 12,70 e o maio/22,m referência para a safra brasileira, a US$ 12,89 por bushel.
Ainda como pontuou Vanin, o possível aumento de área poderia se unir a uma possível produtividade também maior esperada para os grãos - na expectativa de alguns analistas e consultores - com as chuvas que chegaram nos últimos dias em regiõies que vinham sofrendo com o tempo seco no Corn Belt, em especial no norte e oeste do país.
"Os números da NASS não são a área plantada, mas sua mudança de um levantamento para o outro é um bom indicativo para as revisões de área", complementa a Agrinvest. E a corretora ainda chama a atenção para o fato de que nem todos os produtores cadastram suas áreas no programa de seguro agrícola. "Isso depende do custo, do clima e também da região".
Dessa forma, às vésperas do relatório mensal de oferta e demanda e mais a divulgação 'acidental' dos números de área sob o programa de seguro, o mercado reagiu, principalmente na soja e, mais uma vez, as informações de demanda acabaram perdendo força e espaço no radar dos traders.
A China, nesta quinta-feira, foi ao mercado mais uma vez para comprar 132 mil toneladas de soja 2021/22 dos Estados Unidos. No dia anterior, foram adquiridas 106 mil toneladas.
Ao lado dos números do USDA já divulgados e que sairão nesta sexta, o mercado futuro em Chicago também segue pressionado pela logística comprometida dos Estados Unidos depois da passagem do furacão Ida. A intempérie destruiu inúmeras estruturas de tradings ao longo do leito do rio Mississippi e compromete o escoamento da produção dos EUA por seu principal canal até o Golfo do México.
"As pessoas estão em uma espécie de padrão de espera nesta semana, esperando pelo que pode acontecer no Golfo. Se isso se estender até outubro, novembro, quando as exportações americanas foram de três a cinco vezes este volume, haverá muito mais pressão", disse à Bloomberg o diretor da Soy Transportation Coalition, Mike Steenhoek.
E também não há grandes volumes sendo enviados aos portos do Pacífico, ainda de acordo com os dados levantados pela agência internacional de notícias.
Ainda assim, para o Secretário de Agricultura dos Estados Unidos, Tom Vilsack, as exportações norte-americanas não deverão apresentar grandes disrupções apesar dos problemas atuais. Todavia, os embarques norte-americanos recuaram para seu menor volume em sete anos frente ao atual cenário. O boletim do USDA divulgado na terça-feira mostrou embarques de apenas 68 mil toneladas de soja apenas.
Ao lado da queda na soja em grão, os futuros do óleo também tiveram um dia de pressão severa e cederam mais de 2% nesta quinta-feira. O mercado foi pressionado pela baixa que se intensificou no petróleo a partir da notícia de que a China irá intervir no mercado de petróleo com vendas históricas de suas reservas.
Em um comunicado final nesta quinta-feira, a Administração Nacional de Alimentos e Reservas Estratégicas disse que o país havia aproveitado suas gigantescas reservas de petróleo para "aliviar a pressão do aumento dos preços das matérias-primas". Não ofereceu mais detalhes, mas pessoas familiarizadas com o assunto disseram que o comunicado se refere a milhões de barris que o governo ofereceu em meados de julho.
No final da tarde, os futuros do petróleo WTI cediam mais de 2%, levando o barril a US$ 67,89 no spot, e o brent a US$ 71,23, com queda de 1,89%. Ao mesmo tempo, o gás natural subia mais de 2%, enquanto outo, prata e cobre também trabalhavam do lado positivo da tabela. No mesmo momento, a baixa do dólar index era de 0,19%.
Paralelamente às questões do petróleo, o mercado financeiro também amargava um dia mais negativo diante das preocupações com a retomada do crescimento econômico global diante da escalada do número de casos de Covid-19 causados pela variante Delta, principalmente nos Estados Unidos.