Soja: Chicago fecha no vermelho com clima nos EUA e logística americana comprometida

Publicado em 31/08/2021 13:27 e atualizado em 31/08/2021 18:18

Atenta aos problemas logísticos causados pela passagem do furacão Ida no estado da Louisiana, nos Estados Unidos, a China comprou um navio de soja do Brasil para embarque em outubro, segundo informa ao Notícias Agrícolas a Agrinvest Commodities. Os traders reportaram negócios com o basis - custo e frete China - a 382 cents de dólar acima dos valores negociados na Bolsa de Chicago. 

A demanda mais forte, apesar de pontual para o momento, pesou sobre as cotações da soja na Bolsa de Chicago, ao lado de outros fatores - como o clima favorável para a conclusão da safra americana e a proximidade do início da colheita - e o mercado internacional mais uma vez fechou no vermelho, com perdas de 6 a 10,75 pontos entre os contratos mais negociados. Assim, o novembro/21 encerrou o dia com US$ 12,92 e o maio/22, US$ 13,10 por bushel. 

Da mesma forma, o dólar voltou a recuar frente ao real, fechou com R$ 5,17, bateu na mínima do mês durante a sessão, e ajudou na pressão sobre os indicativos da soja no mercado nacional. As perdas no interior do país chegaram a marcar até 2,50%, como foi o caso de Luís Eduardo Magalhães, na Bahia, levando a saca a R$ 156,00. Nos portos, estabilidade para safra nova, recuo para a soja disponível. 

Os novos negócios, portanto, seguem pontuais, principalmente diante das baixas observadas neste início de semana, que dão continuidade ao movimento de pressão sentido pela oleaginosa no mercado nacional nos últimos dias. Em algumas praças, a saca da soja chegou a perder mais de R$ 10,00. 

BOLSA DE CHICAGO

Além da sazonalidade e da pressão exercida pela colheita, que se aproxima dos EUA, tais problemas logísticos também pesam sobre as cotações. 

"Como as tradings não estão mais vendendo por conta de todas essas adversidades, a China comprou soja no Brasil mesmo sendo bem mais cara. Isso quer dizer que os EUA já perderam embarque de setembro pro Brasil e podem perder outubro também, dependendo de quanto tempo vai levar a retomada das operações por lá", explica Eduardo Vanin, analista de mercado da Agrinvest Commodities. 

LOGÍSTICA COMPROMETIDA NOS EUA

"Apesar de mais cara, a China optou pela compra da soja brasileira por conta dos problemas logísticos enfrentados pelos terminais no Rio Mississipi", explica o analista de mercado da Agrinvest, Marcos Araújo.

Ao chegar a Nova Orleans, o Ida - agora já classificado como tempestade tropical novamente - a intempérie comprometeu o terminal de elevação de grãos da Cargill das barcaças para os navios e, ainda de acordo com fontes ouvidas pela consultoria, a retomada da normalidade para as operações podem levar tempo. De acordo com um porta-voz da trading, que é uma das maiores do mundo, informou que os danos são significativos e que não há data de retomada dos trabalhos na planta em questão. 

"Esta área, no sudeste da Louisiana, ainda enfrenta problemas significativos de segurança pessoal e quedas de energia, então podemos apenas começar a avaliar o impacto da tempestade no sistema do rio. Atualmente, não temos um prazo para retomar as operações", informou o comunicado  da Cargill. 

As imagens do terminal da Cargill depois do Ida circularam o Twitter e mostram a extensão dos estragos:

Fotos: Twitter/@CJSwish4

"O fluxo de grãos pelo NOLA está interrompido, fluxo que representa 60% da capacidade nacional de exportação de grãos", afirma o time da Agrinvest. "Enquanto isso, o grão americano ficará represado, impactando seu programa de exportação que começará ganhar força a partir de outubro. Em relação à soja, se o problema de escoamento levar muito tempo para ser equalizado forçará compradores a buscar outras origens, favorecendo o Brasil". 

Os Estados Unidos são agora mais competitivos tanto na exportação da soja, quanto de milho do que o Brasil e a Argentina. No entanto, depois dos problemas causados pelo furacão a diferença entre as duas principais origens diminuiu, como mostra o gráfico abaixo, da Bloomberg. 

Gráfico - Bloomberg 

As preocupações do mercado e dos produtores rurais se intensifricaram diante dos estragos causados em um dos terminais de exportação de grãos mais movimentados dos EUA também pela proximidade da colheita no país. É é justamente pela região do Delta do Mississipi onde os trabalhos de campo são iniciados, onde já há, inclusive, lavouras prontas para serem colhidas e onde começam a ser registrados as primeiras atividades de colheita. 

De acordo com informações da Bloomberg, além da Cargill, os times da Archer-Daniels-Midland Co. e da Bunge Ltd também já estão avaliando possíveis estragos que podem ter sofrido em elevadores de grãos e terminais portuários. Assim, ainda segundo a agência internacional de notícias, a ADM já afirmou que irá reabrir quatro elevadores em Nova Orleans que foram fechados nos final de semana e que Bunge fechou uma planta de processamento de soja no estado da Louisiana. 

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Por: Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte: Notícias Agrícolas

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