Deral ainda não registra colheita de soja no Paraná e vê piora da lavoura
SÃO PAULO (Reuters) - O indicador de colheita de soja 2020/21 do Paraná seguia zerado após um atraso no plantio por seca e agora por chuvas, que dificultam a entrada das máquinas nos campos, de acordo com dados publicados nesta terça-feira pelo Departamento de Economia Rural (Deral), do governo paranaense.
Além disso, depois um período bastante chuvoso, o Deral reduziu o total de lavouras em boas condições para 77%, ante 82% na semana anterior, enquanto aquelas em situação ruim agora representam 5% da safra, versus 3% na semana anterior, e apenas 2% ao final de janeiro de 2020.
"Excesso de chuva... quanto às condições, tivemos uma atualização, uma leve piora em algumas regiões devido ao excesso de chuva, principalmente no mês de janeiro, muito chuvoso em praticamente todo o Estado", afirmou o economista do Deral, Marcelo Garrido.
Segundo ele, ainda não se pode falar em perdas, algo que só ficará mais claro ao final do mês, quando o Deral atualiza seus números de safra.
No levantamento de janeiro, o departamento praticamente manteve a projeção de colheita de soja em 20,38 milhões de toneladas no Estado, o segundo produtor após o Mato Grosso. O volume seria uma queda de 2% ante o ciclo anterior.
De acordo com Garrido, o produtor "não tem conseguido entrar a campo para realizar o trabalho de colheita" devido ao solo úmido.
Conforme dados do Deral, 15% da safra já está em maturação, e uma parte dessa fatia já poderia estar sendo colhida.
Os dados do Deral confirmam o atraso nos trabalhos no Brasil, o que tem preocupado o mercado neste início de ano, já que os compromissos de exportação de fevereiro são grandes.
Se agora não há registro de colheita, em 27 de janeiro de 2020 o Paraná já tinha 2% da safra colhida e 19% das lavouras em maturação.
Em 4 de fevereiro de 2019, o Estado já havia colhido um quarto da soja e tinha 37% das áreas em maturação.
Outros Estados, como o Mato Grosso, também estão com a safra atrasada devido ao atraso no plantio e pelas chuvas mais recentes.
As exportações de soja do Brasil recuaram 96,5% em janeiro no comparativo anual, para 49,5 mil toneladas, conforme dados divulgados na segunda-feira pelo governo federal, o menor resultado para o primeiro mês do ano desde 2014.
O atraso na colheita de soja também deixa mais lentos os trabalhos de plantio de milho segunda safra, a principal do Paraná, outro fator de preocupação para produtores.
Até o momento, o Estado plantou apenas 1% da área, versus 4% ao final de janeiro do ano passado e 38% na mesma época em 2019, segundo os dados do Deral.
(Por Roberto Samora; Edição de Luciano Costa)