China volta às compras nos EUA e soja em Chicago acumula 40 cents de alta na semana

Publicado em 18/09/2020 12:29 e atualizado em 18/09/2020 14:53
Rally da oleaginosa continua com estímulo da demanda e ganhos passam de 1% na CBOT

Mais vendas de grãos foram reportadas pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) nesta sexta-feira (18). Foram 210 mil toneladas de milho e 132 mil toneladas de soja para a China. Mais 100 mil toneladas de farelo de soja foram compradas por 'destinos não revelados'. As vendas todas que são feitas no mesmo dia, para o mesmo destino e com volumes igual ou superior a 100 mil toneladas devem sempre ser informadas ao departamento.

Na análise de Marcos Araújo, analista de mercado da Agrinvest Commodities, a China ainda precisa comprar cerca de 8 milhões de toneladas de soja nos EUA até janeiro - com embarque até o mesmo mês diante de sua demanda muito forte. E a necessidade é bastante clara.

"O mercado fica sensível a isso, todo novo anúncio de venda dos EUA será compreendido como alta de preços até o mercado testar o nível de racionamento de demanda da China, que neste momento, com a atual margens nas carnes e a inflação de alimentos, vai muito longe ainda. E correndo por fora há o La Niña aqui para a América do Sul, que pega em cheio também a Argentina e há o Brasil muito vendido, o que não atrai os produtores para novas vendas. Acredito que o produtor só volta para a venda em novembro e, daqui até novembro, China comprando nos EUA é mercado em alta", explica Araújo. 

DEMANDA X ALTAS EM CHICAGO

E nesta toada, os preços da soja já acumulam a sexta semana de altas acumuladas na Bolsa de Chicago, no que a agência internacional de notícias Bloomberg chamou do mais longo rally da oleaginosa em 40 anos. Nesta sexta-feira, mais uma vez altas fortes são registradas e superam 1% entre os principais vencimentos neste início de tarde. Assim, o contrato janeiro/21 já tinha US$ 10,42 e o maio/21, US$ 10,31 por bushel. Somente nesta semana, a alta nos preços da soja é de 40 cents de dólar. 

Ainda segundo analistas e consultores de mercado, os patamares mais altos nos vencimentos mais curtos em Chicago é um dos principais fatores que provam que há uma demanda muito forte pela soja norte-americana neste momento. E mais do que isso, que os produtores estão bastante reticentes em realizar novas vendas em volumes maiores. 

Dessa forma, o mercado em Chicago exige monitoramento diário, inclusive, em função do elevado e recorde posicionamento dos fundos de investimentos na soja. São mais de 200 mil contratos comprados e, como explica a ARC Mercosul, o mercado parece estar "próximo de uma formação de pico".

"A demanda pela oleaginosa norte-americana continua, uma vez que os asiáticos assumiram um posicionamento de reestruturação de estoques governamentais. Após 18 meses de crise sanitária com a Febre Suína Africana, a China agora já está reestruturando o seu rebanho de suínos saudáveis", explicam os analistas da consultoria. Todavia, alertam ainda para a proximidade da colheita da nova safra norte-americana. "A colheita deverá se tornar bem mais ativa neste próximo fim de semana, acelerando todos os dias até meados de outubro. Os norte-americanos deverão colher a segunda maior safra de milho da história e a terceira maior de soja. As estimativas poderão sofrer alterações, entretanto não há mais tempo hábil para que a oferta norte-americana seja drasticamente afetada pelo clima", completa a ARC. 

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Por: Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte: Notícias Agrícolas

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