Soja renova recordes de preços para safras atual e nova; 2022 já testa acima dos R$ 100 por saca

Publicado em 18/08/2020 17:17 e atualizado em 19/08/2020 08:22

Dia após dia o mercado brasileiro da soja vem renovando recordes de preços seja no interior ou nos portos do Brasil. Em todo 2020, o Brasil já exportou 77,7 milhões de toneladas da oleaginosa, de acordo com números da Secex (Secretaria de Comércio Exterior), e a exportação ainda disputa a pouca oferta com a demanda interna, que também segue aquecida. 

Afinal, o momento não é forte somente para a soja matéria-prima, mas também para os derivados. O boletim semanal do Imea (Instituto Mato-Grossense de Economia Agropecuária) mostra que o óleo, no estado, alcançou os R$ 4300,00 por tonelada na última semana, o que também é um recorde. 

"Este valor é 79,24% superior ao do mesmo período de 2019 e a causa desta valorização envolve a demanda aquecida pelo subproduto, muito utilizado para a produção de biodiesel. Com isso, os maiores preços influenciaram as esmagadoras do estado, que vêm ofertando um spread maior para a soja que ainda resta nos armazéns", explicam os analistas do Imea.

Mais do que isso, além da demanda interna forte, as exportações dos derivados também estão intensas no Brasil. Também de acordo com os números da Secex, as vendas externas de óleo acumulam 979 mil toneladas e as de farelo, 11,3 milhões no acumulado do ano. Em 2019, neste mesmo intervalo, eram 800 mil e 10,7 milhões, respectivamente. 

"Assim, o complexo Soja já está com 90 milhões de toneladas embarcadas da safra frente as 65,3 milhões do ano passado no mesmo período. Dessa forma, estamos com 75% da safra já embarcada frente aos 56% do ano passado, dando sinais de que a soja já foi embora que o quadro segue de aperto e disputa pelo pouco que resta", afirma o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting.

O Imea afirma também que a diferença de base entre o preço da soja em Mato Grosso e na Bolsa de Chicago registrou os maiores patamares nominais dos últimos 20 anos. 

"Isso significa que os preços no estado estão acima dos de Chicago, o que é raro. A justificativa para este nível de preços é a comercialização adiantada, o que refletiu nas exportações recordes de MT mesmo antes de fechar o ano", explicam os analistas. 

Assim, os preços da soja vão registrando os melhores momentos da temporada, com indicativos testando acima dos R$ 130,00 por saca, e garantindo negócios extremamente remuneradores para os produtores brasileiros. Nesta terça-feira (18), as referências chegaram a marcar altas de até 3,51% para R$ 118,00, como em Rio do Sul, em Santa Catarina. E as cotações subiram em todos os portos e estados produtore diante desse cenário de fundamentos em primeiro plano: demanda forte e quase nada de oferta. Para a safra 2020/21 já são mais de 40% comprometidos com a comercialização. 

E são estes mesmos produtores que estão vendendo soja da safra 2022. Como relata Brandalizze, há indicativos de preços para a soja 2022 no interior do Paraná a R$ 104,00. Da mesma forma, Silvanir Rosset, presidente do Sindicato Rural de Guaíra/PR, complementa, em entrevista ao Notícias Agrícols nesta terça-feira (18),  dizendo que o produtor da região já vê ofertas de preços nos R$ 100,00 e está estimulado a fazer negócios para duas safras a frente. 

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MERCADO EM CHICAGO

Na Bolsa de Chicago, a terça-feira foi de realização de lucros e finalização dos negócios com estabilidade. Os futuros da oleaginosa encerraram o dia em campo misto e com variações entre 0,25 e 1,50 ponto. Assim, o novembro fechou a US$ 9,13 e o março/21, US$ 9,21 por bushel. 

A commodity até chegou a testar leves ganhos depois das novas compras da China nos EUA, porém, perdeu força. 

Foram 130 mil toneladas da safra 2020/21 e, mais uma vez, os traders especulam que esta seja uma atuação da China no mercado norte-americano. O anúncio trouxe ainda vendas de mais 325 mil toneladas de milho, sendo 195 mil toneladas para a China e 130 mil também para 'destinos desconhecidos'. 

+ USDA vende 455 mil t entre soja e milho para China e 'destinos não revelados' nesta 3ª

O clima no Corn Belt e as perspectivas de demanda têm sido importantes catalisadores para o avanço das cotações e permanecem no centro do radar dos traders. 

Ontem, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) já trouxe uma redução de 2% no índice de lavouras de soja e milho nos EUA, exatamebte como esperava o mercado. Os números de Iowa foram os mais agressivos depois da tempestade da última semana. 

O índice de lavouras de soja em boas ou excelentes condições passou de 74% para 72% até o último domingo, de acordo com as projeções do mercado. Em Iowa, a baixa foi, na semana, de 70 para 62%. Há 96% dos campos nacionais em fase de floração e 84% em formação de vagens, contra 92% e 75%, respectivamente, na semana anterior. 

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Por: Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte: Notícias Agrícolas

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