Soja tem 4ª feira de mercado tranquilo no Brasil com estabilidade na CBOT e dólar em queda

Publicado em 08/04/2020 17:56 e atualizado em 08/04/2020 20:08

À espera dos novos números do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos), o mercado da soja encerrou o pregão desta quarta-feira (8) com estabilidade na Bolsa de Chicago. O maio fechou o dia perdendo 0,25 ponto e valendo US$ 8,54 por bushel, enquanto as demais posições subiram entre 0,50 e 0,75 ponto, levando o julho a US$ 8,61 e o agosto e o setembro a US$ 8,64 por bushel. 

Aqui no Brasil, o dólar voltou a recuar, encerrou o dia com perda de mais de 1,5% e valendo R$ 5,14. Essa queda mais acentuada promove alguns ajustes nos preços da soja brasileira, porém, as cotações ainda se mostram sustentadas e, mais importante, atrativa ainda para os compradores, principalmente os chineses. 

"A soja brasileira está muito competitiva CFR China até agosto-20, gerando assim uma forte concorrência com a soja norte americana", como explica o analista de mercado Marcos Araújo, da Agrinvest Commodities. 

Todavia, os negócios se mostram um pouco mais limitados neste momento, com a safra 2019/20 já bastante comercializada e o produtor brasileiro observando e buscando compreender por quais caminhos o mercado segue a partir de agora. Para a safra nova, o ritmo também se desaqueceu um pouco, depois de um bom volume de negócios nas últimas semanas. 

Aos poucos, o mercado vai definindo novas referências e novas estratégias diante das mudanças impostas pelo coronavírus. Segundo explicam alguns analistas, as indústrias nacionais observam o comportamento de mercados como o de proteínas animais para darem sequência às suas estratégias. 

BOLSA DE CHICAGO

No mercado internacional, as cotações seguiram limitadas não só pela espera pelos novos números do USDA, mas também ainda pela ausência da China no mercado norte-americano. 

Expectativas USDA - Os estoques finais de soja dos EUA são estimados para virem reportados entre 10,89 e 13,72 milhões de toneladas, com média das expectativas em 12,08 milhões. Em março, o número veio estimado em 11,57 milhões de toneladas. 

"Diante da redução da demanda da soja e do milho, podemos ter um aumento dos estoques finais até o fim da temporada 2019/20 na soja de 4 milhões de toneladas e no milho, de 36 milhões. Mas claro que o USDA não fará todo esse corte de demanda no relatório de abril", diz Araújo. 

Para os estoques finais mundiais de soja, as expectativas do mercado variam entre 98,5 e 104,9 milhões de toneladas, com média de 101,9 milhões. Em março, os números vieram em 111,9 milhões de toneladas. 

As expectativas indicam ainda safras menores estimadas para a Argentina e o Brasil, principalmente no caso da soja. São esperadas 124,2 milhões de toneladas para a colheita brasileira, contra 126 milhões do boletim anterior, e 52,7 milhões para a Argentina, contra 55,3 milhões do reporte de março. 

Leia mais:

>> USDA pode aumentar estoques de soja e milho dos EUA diante de demanda limitada

Venda de soja da safra futura do Brasil dispara para nível recorde, diz Datagro

SÃO PAULO (Reuters) - A comercialização antecipada de soja da safra 2020/21 pelos produtores brasileiros registrou forte avanço em março, a um nível recorde para o período, diante de uma melhora nas cotações do produto e da alta na taxa de câmbio, disse nesta quarta-feira a consultoria Datagro.

Segundo dados da empresa, as vendas da oleaginosa da nova safra atingiram 19,9% da produção esperada, superando com folga o nível visto em mesmo momento do ano passado (5%), a média histórica de cinco anos (3,8%) e o recorde anterior, de 2016 (8%).

Considerando as estimativas da Datagro para a temporada 2020/21, de produção de 128,9 milhões de toneladas, cerca de 25,7 milhões de toneladas já teriam sido comercializadas antecipadamente.

"O esperado comportamento positivo médio dos preços foi confirmado, e com folgas. E a forte melhora das cotações, gerada especialmente pela explosão da taxa de câmbio, fez com que os produtores retomassem com força o interesse de venda", disse em nota o coordenador da Datagro Grãos, Flávio França Júnior.

O dólar tem operado em máximas históricas frente ao real. Apenas no primeiro trimestre deste ano, a divisa norte-americana marcou uma valorização de 29,44%, a maior alta trimestral em 18 anos.

Na mesma toada, os negócios da safra 2019/20 também ganharam impulso no período, chegando a 71,5% da produção esperada, à frente dos 51,8% compromissados no mesmo momento do ano passado e do recorde de 59,5% visto em 2016.

O salto nas vendas antecipadas de soja 2019/20 entre os relatórios de março e abril da Datagro foi de 13 pontos percentuais.

MILHO

A comercialização antecipada de milho também se fortaleceu em março. O cereal da safra de verão 2019/20 atingiu vendas de 43,8% da produção, salto de mais de 20 pontos em relação ao relatório anterior, superando os 32% vistos tanto em igual período do ano passado quanto na média histórica.

Já as vendas da safra de inverno 2020 bateram 54% da produção esperada, puxada pelo desempenho de Mato Grosso (80% da safra vendida).

A alta é mais modesta na comparação com o mês anterior, de 9 pontos, mas ainda assim superando igual período da safra passada (39%) e a média histórica (37%).

"Os negócios foram generalizados no último mês, especialmente favorecidos nas praças onde houve melhora maior das cotações", destacou França Júnior.

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Por: Carla Mendes| Instagram@jornalistadasoja
Fonte: Notícias Agrícolas/Reuters

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