Soja resiste com leves altas na CBOT em meio a commodities despencando mais de 3% nesta 5ª feira

Publicado em 27/02/2020 16:48

O mercado da soja registrou um dia de intensa volatilidade na Bolsa de Chicago. As cotações testaram, durante todo o dia, os dois lados da tabela, chegaram a marcar perdas de dois dígitos, e encerram o pregão desta quinta-feira (27) com oscilações bastante tímidas. Sobrevendido, o mercado chegou até mesmo a operar com algumas altas no fim do pregão. 

Segue a aversão ao risco intensa entre as commodities e com as agrícolas não é diferente. As notícias sobre o coronavírus continuam alimetando o movimento e, nesta quinta, a OMS (Organização Mundial da Saúde) mais uma vez se manifestou dizendo que o surto já carrega um potencial de pandemia. 

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Dessa forma, as baixas foram, novamente, muito intensas entre alguns ativos como o petróleo, que caiu mais de 3% nesta quinta-feira, ou o algodão, na Bolsa de Nova York, que desabou mais de 4%. O milho e o trigo na Bolsa de Chicago terminaram o dia com perdas de mais de 1% entre os principais contratos. 

Os preços do petróleo recuaram pela quinta sessão consecutiva e chegaram aos seus menores níveis desde janeiro do ano passado, segundo informou a Reuters Internacional. O WTi foi a US$ 47,12 por barril em Nova York, enquanto o Brent tem pouco mais de US$ 51,00 em Londres. 

"O petróleo está em queda livre, uma vez que a magnitude dos esforços globais de quarentena pode comprometer severamente a demanda nos próximos dois trimestres", disse Edward Moya, analista de mercado da OANDA em Nova York à agência.

Segundo explicam especialistas, o mercado segue lidando com o desconhecido, por isso o sentimento de proteção é tão intenso e crescente. Os índices acionários recuaram por todo o globo e marcaram suas mínimas em quatro meses diante dos temores de que o agravamento da crise leve a uma recessão econômica mundial e a uma redução da produtividade global em todos os setores. 

O surto do coronavírus, de quarta para quinta-feira, se desenvolveu mais rapidamente pelo mundo do que dentro da China, onde tudo começou. E esse foi mais um fator de preocupação entre os traders e investidores nos principais mercados financeiros. 

"A economia global está a caminho do ano mais fraco desde a crise financeira, pois o vírus prejudica a demanda na China e demais países, acredita o Bank of America. O Goldman Sachs reduziu suas perspectivas para o crescimento do lucro das empresas americanas para zero. A Alemanha está examinando possíveis medidas de estímulo para conter o impacto econômico. A Arábia Saudita interrompeu as visitas religiosas que atraem milhões", resumiu a agência internacional Bloomberg.

A agência ouviu o estrategista sênior de mercado global do Wells Fargo Instituto de Investimentos, Sameer Samana, que explicou que o movimento de perdas ainda não chegou ao fim. "A forma como o mercado está caindo é realmente muito rápida, mas ainda não dá para dizer que acabou. O processo de alcançar o 'fundo do poço' tem várias etapas e podemos dizer que ainda estamos na primeira etapa". 

SOJA NA CONTRAMÃO

Na contramão de todas as outras commodities, os preços da soja terminaram o dia subindo entre 1 e 6 pontos nos principais vencimentos, com o março valendo US$ 8,87, o maio US$ 8,95 e o julho US$ 9,05 por bushel. 

Segue a tentativa do mercado de definir uma direção diante das notícias que continuam a chegar sobre o surto de coronavírus. No entanto, para a oleaginosa, "a melhor opção de alta continua sendo confirmações de novas compras de soja americana pela China", como explicou o consultor de mercado Steve Cachia, da Cerealpar e da AgroCulte. 

Enquanto isso, o apetite do mercado pelo risco segue bastante limitado e mantendo os investidores afastados das commodities, ativos bastante inseguros para o momento. 

O que deu rápido suporte às cotações da soja nesta semana foram as notícias de que o governo da Argentina decidiu suspender, ao menos temporariamente, suas exportações da oleaginosa. Ainda do país vizinho veio a notícia de que a processadora Molinos Cañuelas entrou com um pedido de recuperação judicial, segundo apurado pela Agrinvest Commodities. A esmagadora é a segunda maior da Argentina e a ação acaba tirando parte da oferta do mercado. 

As notícias ajudaram a puxar os futuros do farelo da soja na Bolsa de Chicago e dar incentivo aos preços do grão também. 

DÓLAR E SOJA BRASILEIRA

Enquanto recuam as commodities, o dólar continua com firme movimento de alta frente ao real e a uma série de outras moedas do mundo. Durante o pregão desta quinta-feira, a divisa chegou à sua máxima histórica de R$ 4,50 em um novo dia de altas. Ao longo dos negócios, os ganhos foram se mostrando mais amenos e o mercado viu o dólar voltar a próximo de R$ 4,45. 

Com a combinação do dólar em alta e mais os pequenos ganhos registrados mantém os preços da soja brasileira em alta, trazendo oportunidades importantes de continuidade da comercialização pelos produtores. 

"No mercado brasileiro, a desvalorização do real mantém ofertas aquecidas para soja disponível e futura, entretanto ainda estamos em momento de manter a paciência", explica a ARC Mercosul.

Na Reuters

FMI deve reduzir projeção para crescimento global por coronavírus, diz porta-voz

Por Andrea Shalal

WASHINGTON (Reuters) - O coronavírus claramente terá um impacto no crescimento econômico global e o Fundo Monetário Internacional provavelmente reduzirá sua previsão de crescimento como resultado, disse nesta quinta-feira um porta-voz do FMI.

A diretora-gerente do FMI, Kristalina Georgieva, sinalizou o rebaixamento esperado no sábado, durante uma reunião de autoridades financeiras das 20 maiores economias do mundo, em Riad. Em comunicado, ela disse que o surto de vírus provavelmente reduzirá o crescimento econômico da China este ano para 5,6%, 0,4 ponto percentual a menos em relação às perspectivas de janeiro, e reduzirá 0,1 ponto percentual do crescimento global.

"É provável que rebaixaremos nossas projeções de crescimento para o mundo", disse o porta-voz do FMI Gerry Rice em um briefing regular. Ele acrescentou que não tinha novos números além dos da declaração de Georgieva, mas disse que mais detalhes surgirão à medida que o FMI se prepara para lançar um novo Panorama Econômico Mundial em abril.

Os mercados financeiros dos EUA foram afetados nesta quinta-feira pela rápida disseminação do coronavírus fora da China, intensificando os temores sobre o impacto no crescimento econômico e nos balanços das empresas.

"Claramente, o vírus terá um impacto no crescimento. Depende muito da velocidade da recuperação na China e em outros países, dos efeitos de transbordamento, dos efeitos nas cadeias de suprimentos e da extensão em que outros países podem ser significativamente afetados", disse Rice.

Ele disse que espera uma decisão em breve sobre o impacto do coronavírus para as reuniões do FMI e do Banco Mundial em abril, observando que uma série de opções está sendo considerada. A Reuters informou na quarta-feira que autoridades estão considerando reduzir as reuniões ou realizá-las por teleconferência.

Rice disse que o FMI está em contato constante com autoridades da Organização Mundial da Saúde, Banco Mundial, bancos regionais de desenvolvimento e outros sobre o impacto do vírus.

O FMI disse que uma ação coordenada ou sincronizada da comunidade internacional será útil se o impacto piorar, mas Rice disse que esse ponto ainda não foi alcançado.

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Por: Carla Mendes| Instagram@jornalistadasoja
Fonte: Notícias Agrícolas

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