Soja fecha estável em Chicago apesar do USDA, à espera de reuniões entre China e EUA

Publicado em 10/10/2019 17:43

Apesar do novo boletim mensal de oferta e demanda do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) ter trazido números positivos para os preços da soja na Bolsa de Chicago, os futuros da oleaginosa terminaram o dia com estabilidade e leves baixas no pregão desta quinta-feira (10). 

As variações entre as posições mais negociadas ficaram entre 0,25 e 0,50 ponto, com o novembro/19, referência para a safra americana, terminando o dia com US$ 9,23 e o maio/20, indicativo para a safra do Brasil, valendo US$ 9,59 por bushel. 

Essa reação 'morna' do mercado é um reflexo da espera dos traders por mais notícias entre as relações China x Estados Unidos que passam por mais um teste também nesta quinta-feira. Novas reuniões entre representantes do alto escalão dos dois países começaram em Washington, mas ainda não produziram grandes notícias. 

"A falta de atividade política entre EUA e China coloca o mercado em retração e aversão ao risco no curto-prazo", explicam os diretores da consultoria ARC Mercosul.  E o mercado vai esperar os resultados dessa nova rodada de conversar para se posicionar melhor. 

Ainda segundo a ARC, os preços até chegaram a "disparar" um movimento de alta na sequência do relatório, porém, voltaram e para se posicionar na estabilidade. 

E para o analista de mercado Marcos Araújo, da Agrinvest Commodities, este foi um movimento pontual e o viés para os preços da soja na Bolsa de Chicago segue positivo. Há ainda uma interrogação sobre a demanda chinesa no mercado norte-americano, porém, com boas perspectivas. 

Nesta quinta, o USDA, além de seu boletim de oferta e demanda trouxe ainda o anúncio de uma nova venda de soja para a China de 398 mil toneladas da safra 2019/20, além de reportar as vendas semanais para exportação bem acima das expectativas do mercado. Na semana encerrada em 3 de outubro, os EUA venderam 2.092,5 milhões de toneladas de soja da safra 2019/20. O mercado esperava algo entre 1,3 e 1,8 milhão de toneladas. 

Leia mais:

>> USDA: EUA tem nova semana de vendas fortes de soja de mais de 2 mi de t

>> USDA informa nova venda de soja dos EUA para a China

>> China está disposta a chegar a um acordo com EUA, diz vice-premiê Liu He

"Grande dia de negociações com a China. Eles querem fazer um acordo, mas será que eu quero? Eu me encontro amanhã com o vice-premiê na Casa Branca", disse o presidente americano Donald Trump no Twitter nesta quinta.

>> Trump diz que irá se reunir com vice-premiê chinês na Casa Branca na sexta-feira

Os traders também seguem acompanhando as questões climáticas nos Estados Unidos. Ainda segundo Araújo, as condições de frio intenso e de nevascas e geadas que já têm sido registradas em áreas do Corn Belt podem prejudicar ainda mais a nova safra de soja dos EUA, além de comprometer o bom andamento da colheita da oleaginosa. 

NÚMEROS DO USDA

A safra de soja foi revisada para baixo ficando em 96,62 milhões de toneladas, contra 98,87 milhões do boletim de setembro. A produtividade caiu de 53,68 para 52,56 sacas por hectare. Mais do que isso, o USDA corrigiu ainda a área plantada e colhida com a oleaginosa no país. Os números vieram em 30,96 e 30,59 milhões de hectares, contra 31,04 e 30,72 milhões, respectivamente, em setembro. 

Os estoques finais da safra nova também foram consideravelmente reduzidos para 12,52 milhões de toneladas, contra 17,42 milhões do boletim anterior. 

A produção mundial também caiu e ficou em 338,97 milhões de toneladas, contra 341,39 milhões de setembro. Os estoques finais globais passaram de 99,19 para 95,21 milhões de toneladas, em uma nova correção consecutiva para menos. 

A safra brasileira ainda foi estimada em 123 milhões de toneladas.

Leia mais e veja os números completos do USDA desta quinta:

>> USDA reduz produção, produtividade, áreas plantada e colhida da soja nos EUA

MERCADO BRASILEIRO

Para o mercado brasileiro, principalmente quando se trata de soja da safra nova, o cenário também é bastante positivo, diz o analista da Agrinvest. 2020 deverá registrar, em determinado momento, um importante descolamento dos preços da Bolsa de Chicago e promover boas oportunidades. E muito disso já pode ser observado no mercado futuro. 

Em entrevista ao Notícias Agrícolas, Araújo deu como exemplou uma operação com o contrato março/20 em US$ 9,48, prêmio de 25 cents acima da CBOT e mais um dólar futuro de R$ 4,167 resultando em uma soja FOB Santos ou Paranaguá com referência em R$ 87,40 por saca. A cruzar com os custos do estado de Minas Gerais, por exemplo, tal preço daria uma margem operacional de 90% ao produtor. "A palavra-chave para o sojicultor tem que ser lucratividade", diz. 

Embora com oportunidades mais limitadas neste momento, o mercado disponível também ainda se mostra atrativo. Araújo exemplificou utilizando o valor do novembro desta quinta na CBOT, com 85 cents de prêmio e mais o dólar spot, que fechou em R$ 4,12, levando a soja sobre rodas, porto, a R$ 89,70 por saca, aproximadamente. 

Os indicativos nos portos subiram, mas ficaram ligeiramente abaixo disso, porém, servem apenas como referência. Em Rio Grande, alta de 1,26% para o spot em R$ 88,50 e de 0,58% para safra nova, com R$ 87,00 por saca. Já em Paranaguá, ganhos de 0,57% e 0,58%, respectivamente, para R$ 88,50 e R$ 87,00 também, como no porto gaúcho. 

No interior do país, as cotações da soja também registraram altas consideráveis, as quais bateram em até 2,35%, como foi o caso do Oeste da Bahia, onde a saca encerrou o dia com R$ 76,25. A demanda interna mais aquecida contribui para esse melhor momento dos preços da oleaginosa também no mercado nacional. 

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Por: Carla Mendes | Instagram @jornalistadasoja
Fonte: Notícias Agrícolas

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