Aprosoja: Produtores de soja são contra o desmatamento ilegal e condenam queimadas criminosas nas florestas

Publicado em 22/08/2019 17:02
Aprosoja Brasil diz que o produtor é vítima das queimadas, defende o cumprimento do Código Florestal e reafirma que país é o que mais preserva entre os maiores produtores de alimentos

A Associação Brasileira dos Produtores de Soja (Aprosoja Brasil) e suas 16 associadas estaduais condenam a prática das queimadas criminosas que atingem regiões de vegetação e de produção agrícola na região norte do país. No entendimento da associação, os produtores rurais são as principais vítimas destes crimes na medida em que têm suas propriedades, lavouras e áreas de preservação, que estão sob sua responsabilidade, ameaçadas pelas chamas.

A Aprosoja Brasil considera importante ponderar, no entanto, que a ocorrência de incêndios florestais no bioma amazônico coincide com o período de estiagem na região, entre junho e agosto, segundo dados do Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais (INPE) e pela Agência Nacional de Águas (ANA) coletados entre 1981 e 2011.

A entidade é contrária ao desmatamento ilegal e a toda forma de supressão de vegetação nativa que não esteja legalmente autorizada pela Lei 12.651/2012, que instituiu o Código Florestal. O posicionamento está expresso na Carta de Palmas, documento elaborado em junho deste ano em que os sojicultores reafirmam a sustentabilidade da soja no cerrado brasileiro perante sociedade, governos e empresas do Brasil e do exterior.

Democraticamente aprovado pelo Congresso Nacional, o Código Florestal é uma das mais rígidas legislações ambientais do mundo. Ele atribui ao proprietário de terras a responsabilidade pela preservação de áreas de reserva legal dentro das propriedades privadas, que variam de 20% a 80% dependendo do bioma, além de áreas de proteção permanente como nascentes de rios, margens e topos de morro.

Portanto, para o bem do debate sobre a sustentabilidade ambiental, econômica e social, é importante saber discernir entre o desmatamento ilegal e o desmatamento autorizado pelo Código Florestal para não criminalizar aquele empreendedor rural que faz investimentos, gera empregos e desenvolvimento obedecendo aos limites impostos pela legislação ambiental brasileira.

Graças a Código Florestal nenhum outro país produtor de alimentos preserva tanta vegetação nativa quanto o Brasil. Segundo dados levantados pela Embrapa Territorial e confirmados por imagens de satélite captadas pela Agência Espacial Norte Americana (NASA), dos 851,6 milhões de hectares que compõem o território nacional, 66,3% estão preservados, o que equivale a 564,8 milhões campos de futebol.

A produção de soja, principal cultura agrícola do país, ocupa apenas 4% da área total do país, o que equivale a 36 milhões de hectares. Dos 66,3% de vegetação nativa do país, 25% delas estão dentro de fazendas. Ou seja, o Brasil é um dos poucos países em que a preservação ambiental é uma responsabilidade compartilhada entre poder público e produtores rurais. 

Ainda de acordo com dados da NASA, entre os dez países com maior extensão territorial, o Brasil é o sétimo em ocupação de áreas de lavouras (7,6%), ficando atrás da Índia (60,5%), Estados Unidos (18%), China (17,7%), Argentina (14%), Cazaquistão (9,6%) e Rússia (9,5%).

E entre os países que fazem parte do G-20, o Brasil é o terceiro que mais possui cobertura arbórea (61%), incluindo vegetação nativa e florestas plantadas, ficando atrás apenas da Indonésia (85%) e do Japão (71%), e à frente da Rússia (45%), dos Estados Unidos (29%) e de todos os países da Europa. O percentual de cobertura arbórea brasileiro supera em muito aos da Alemanha (35%), França (31%), Itália (31%), Espanha (22%) e Reino Unido (15%).

Além de a soja brasileira ser a mais ambientalmente sustentável do mundo, o grão também tem papel relevante na sustentabilidade econômica e social do país. A cadeia produtiva da soja movimenta US$ 70 bilhões/ano no Brasil. Para cada US$ 100,00 exportados, US$ 14,00 são oriundos da soja, que gera em torno de 15 milhões de empregos diretos, indiretos e induzidos.

De acordo com o Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento (PNUD), em 1991, 79% dos municípios rurais apresentavam Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) baixo e 20% deles muito baixo. Em 2018, 57% dos municípios rurais passaram a apresentar IDH alto e 38% deles IDH médio. Ou seja, onde tem soja, há melhora na qualidade de vida dos brasileiros.

A cadeia produtiva da soja é responsável por uma revolução alimentar que garante segurança nutricional para mais de sete bilhões de pessoas em todo o planeta. A partir da soja são produzidas carnes, leite, ovos, além de muitos produtos como cosméticos, tintas, biodiesel e até pneus.

A soja teve papel relevante na transformação do Brasil de país importador de alimentos para o maior exportador mundial, graças ao emprego da tecnologia e da harmonia entre produtores e meio ambiente. 

Em defesa de uma Nação forte e soberana, a Aprosoja Brasil apoia as medidas do governo federal que estão garantindo a preservação ambiental de nossa biodiversidade ao mesmo tempo reconhece o esforço do Poder Executivo para fazer o país voltar a crescer e a oferecer oportunidades para os brasileiros que vivem no campo e na cidade.

Leia também: Queimadas nas propriedades rurais, por Marcelo Sepulveda

Produtores rurais são as principais vítimas de queimadas, diz entidade do agronegócio, diz a FOLHA

Em meio aos incêndios na Amazônia e protestos marcados pelo país, a Aprosoja Brasil (Associação Brasileira de Produtores de Soja) disse em nota, nesta quinta-feira (22), que produtores rurais são as principais vítimas das queimadas ilegais. 

Segundo o pronunciamento divulgado pela entidade, propriedades e áreas de preservação sob responsabilidade do setor do agronegócio estão sendo ameaçadas pelas chamas.

"A motivação [para a nota] foi o bombardeio da imprensa com notícias mentirosas sobre nossa produção", afirmou Bartolomeu Pereira, presidente da Aprosoja Brasil.

A associação afirmou, no comunicado, ser contra o desmatamento ilegal, aquele não permitido pelo Código Florestal.

 

"É importante saber discernir entre o desmatamento ilegal e o desmatamento autorizado pelo Código Florestal para não criminalizar aquele empreendedor rural que faz investimentos, gera empregos e desenvolvimento," diz o pronunciamento. 

Dentre o conjunto de normas, proprietários de terras são responsabilizados pela preservação de 20% a 80% da vegetação nativa do local, dependendo do bioma. 

O desmatamento ilegal, de acordo com Wellington Almeida, diretor executivo da Aprosoja/MT, é quando o limite do Código Florestal é ultrapassado ou a vegetação é retirada sem autorização.

Segundo a nota, "a Aprosoja Brasil apoia medidas do governo federal que estão garantindo a preservação ambiental da nossa biodiversidade". 

Para Luiz Cornacchioni, diretor executivo da Abag (Associação Brasileira do Agronegócio), o posicionamento da Aprosoja é um exemplo de como o setor se preocupa com questões ambientais. "Estamos pedindo para que o desmatamento ilegal seja combatido. Essa nota foi emblemática", disse ele. 

A Abiove (Associação Brasileira das Indústrias de Óleos Vegetais) diz que está "acompanhando com cautela as recentes declarações sobre a preservação na Amazônia". 

"Temos convicção das boas práticas agrícolas e reforçamos que o setor continua firme em seus compromissos assumidos para a valorização da sustentabilidade na cadeia da soja", afirmou, em nota. 

De acordo com a Abiove, o combate ao desmatamento associado à produção de soja é "e sempre será, tratado com prioridade pela entidade". 

Ainda nesta quinta-feira, o ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni, disse que o discurso de países europeus sobre o desmatamento da Amazônia é uma política para criar barreiras ao Brasil. 

"Os europeus usam a questão do meio ambiente por duas razões: a primeira para confrontar os princípios capitalistas. [...] E outra coisa é para estabelecer barreiras ao crescimento econômico de bens e serviços do Brasil", afirmou o ministro.

Macron usa imagem de fotógrafo morto em 2003 para falar de queimadas sob Bolsonaro, mostra a FOLHA

A foto usada pelo presidente Emmanuel Macron para falar sobre a disparada no número de queimadas na Amazônia não é a atual. A imagem foi feita pelo fotojornalista da National Geographic Loren McIntyre, que morreu em 2003, nos EUA.

McIntyre era um explorador que inclusive dá nome a uma das nascentes do Rio Amazonas, a Lagoa McIntyre, no Peru. 

Foto de queimada usada por Macron em postagem no Twitter - Reprodução/Twitter

O presidente Jair Bolsonaro (PSL) usou a origem da foto para atacar Macron, afirmando que o presidente francês usa questões internas do Brasil para ganho político pessoal. "O tom sensacionalista com que se refere à Amazônia (apelando até p/ fotos falsas) não contribui em nada para a solução do problema"

Uma reportagem da CNN também mostrou que, apesar da Amazônia estar realmente sofrendo com queimadas, várias das fotos compartilhadas nas redes sociais não são atuais, mas de incêndios passados.

A matéria cita os exemplos do ator Jaden Smith, filho de Will Smith, e do youtuber Logan Paul. Ambos compartilharam uma imagem de incêndio antigo na Amazônia.

Leonardo DiCrapio também usou uma foto que não é atual —a mesma publicada por Macron.

Em alguns casos, há também fotos circulando que não são de queimadas na Amazônia.

 

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Fonte: Aprosoja Brasil/Folha

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