Brasil começa semana segurando novas vendas de soja
A semana começa com preços de soja mais relativamente mais baixos nos portos do Brasil. Embora as cotações da oleaginosa subam na Bolsa de Chicago - perto de 11h15 (Brasília), os ganhos eram de mais de 6 pontos nos principais contratos - o dólar recua mais de 1% frente ao real e volta a atuar abaixo dos R$ 3,90.
Os compradores oferecem, nesta segunda-feira (1), perto de R$ 78,00 em Santos e Rio Grande e R$ 77,00 em Paranaguá, com prêmios próximos de 33 cents de dólar para embarque abril e 40 cents no maio. E como explica o consultor em agronegócios Ênio Fernandes, da Terra Agronegócios, esses não são patamares que atraem os vendedores.
"Alguma coisa até sai, mas só para quem precisa mesmo vender, mas não são volumes expressivos. E o produtor tem a referência dos R$ 80,00 na mente", diz. E a postura mais cautelosa e de evitar novas vendas agora é acertada, ainda como explica o consultor.
Segundo Fernandes, o Brasil passa por um momento onde segue com suas exportações ainda aquecidas, ao passo em que a indústria nacional também segue compradora - e ofertando os melhores valores neste momento, diga-se de passagem - e o racionamento só se dará com preços mais altos.
"Eu sou bem positivo para o cenário da soja, não vejo um cenário ruim, na verdade", acredita o consultor. "Eu se fosse comprador, tentaria comprar logo porque eu acredito que os preços podem subir. Não temos soja para exportar o volume que exportamos no ano passado, teremos que cortar cerca de 14 milhões de toneladas, mas seguimos exportando. É recorde atrás de recorde este ano e a indústria continua comprando", completa.
E explica ainda que o produtor só deverá se interessar novamente por vendas, segundo sua opinião, com o dólar voltando a se aproximar dos R$ 4,00, mesmo com alguma alta sendo observada em Chicago. "É melhor que ele aproveite o câmbio do que esperar para pegar as duas pontas", orienta o consultor sobre o momento atual.
Para Vlamir Brandalizze, consultor de mercado da Brandalizze Consulting, as expectativas são semelhantes. "O mercado da soja entra em uma semana que pode ter poucos negócios, porque de um lado não tem espaço para fechamentos no porto de Rio Grande, os demais portos já estão cobertos para abril e, desta forma, o espaço fica limitado para fechamentos novos na exportação", diz.
Ademais, acredita, assim como Ênio Fernandes, que neste momento o mais importante diferencial poderia vir do câmbio, que neste início de semana recua.
Para a Bolsa de Chicago, Brandalizze vê algum sinal positivo no horizonte diante da necessidade que os preços têm de se manter em patamares mínimos para não castigar mais ainda os produtores norte-americanos, já tão endividados. Uma foto de satélite mostra que cerca de 405 mil hectares de terra foram perdidos depois das enchentes das últimas semanas no Meio-Oeste americano.
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"Nos níveis atuais o preço vai matar os produtores americanos que estão estrangulados e altamente endividados. Já recuou muito e não necessitaria isso. Assim, espera-se que venha recuperação de parte das perdas e apoie o mercado interno, que dá sinais de uma semana de calmaria e poucos fechamentos", conclui. E nesta segunda, as cotações até testam novas altas em Chicago, com suporte também emuma nova compra de soja da China nos EUA de mais de 800 mil toneladas.
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