Soja: Prêmios no Brasil sobem mais de 30% em 1 mês e ajudam cotações no mercado interno

Publicado em 15/02/2019 16:41

A demanda intensa pela soja brasileira continua dando espaço para uma recuperação não só das cotações no mercado nacional - interior e portos do país - como também dos prêmios pagos pela oleaginosa do Brasil. Somente nos últimos 30 dias, os valores ofertados no porto de Paranaguá foram substancias. 

De 15 de janeiro a 15 de fevereiro, a posição de entrega fevereiro passou de US$ 0,40 para US$ 0,55 por bushel acima dos valores de Chicago, com uma valorização de 37,50%, enquanto o março foi de US$ 0,5 para US$ 0,60, subindo 71,43%. 

De acordo com números da Secretaria de Comércio Exterior (Secex), somente nos primeiros 6 dias úteis de fevereiro o Brasil já embarcou 1,4 milhões de toneladas de soja e, segundo acredita o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, o mês tem potencial para terminar com cerca de 4,5 milhões de toneladas exportadas. 

"Há um ou outro comentário apontando que essa projeção poderia ser ultrapassada há muito grão colhido e tem muitos contratos para serem carregados", diz. Além disso, lembra ainda que no acumulado de 2019 o volume já é mais alto do que no mesmo período do ano passado, quando o Brasil exportou recordes 83,9 milhões de toneladas de soja. 

Mantido esse ritmo, ainda como explica o consultor, o abastecimento interno poderia ficar comprometido. E temendo este momento - de disputa de produto e preços mais altos - as indúsrias nacionais têm buscado se precaver para garantir seus estoques e sua atividade. E essa demanda interna mais aquecida tem ajudado a promover boas altas das referências no interior entre as principais praças de comercialização. 

Ao longo da semana, mercados importantes no Matopiba e no Centro-Oeste marcaram altas de até 5% somente em um dia. Assim, as referências atuais já variam, nos principais estados produtores, entre R$ 62,00 e R$ 74,50, com os valores mais altos sendo observados nas praças mais ao Sul do Brasil. 

"No interior a força vem da demanda local. As indústrias precisando do grão, compram localmente e pagam, praticamente, o mesmo valor dos portos", explica Brandalizze. 

Os negócios novos e efetivos, porém, ainda não são de grande volume, com os produtores esperando por oportunidades de garantia de renda ainda melhores. "Os produtores seguem colhendo e somente entregando contratos programados, segurando o restante da soja à espera de momentos mais atrativos", completa o consultor.

No entanto, o que ainda limita os preços no Brasil continua sendo a volatilidade do dólar e os futuros da soja na Bolsa de Chicago caminhando de lado e sem força.

Mercado Internacional e Portos 

Nesta sexta-feira, a commodity fechou o pregão em alta em um movimento de recuperação depois de bater em suas mínimas em três semanas na CBOT ao receber a informação do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) de um cancelamento da China de mais de 800 mil toneladas em janeiro. 

Na sequência, porém, as negociações entre os dois países continuaram e algumas novas compras foram feitas. A guerra comercial entre os dois, porém, continua e os altos estoques de soja norte-americanos continua exercendo pressão sobre as cotações americanas, uma vez que a demanda da nação asiática - que é a maior compradora mundial da oleaginosa - segue focada no Brasil. 

De acordo com dados da Secretaria Geral da Alfândega da China, em janeiro o país importou 7,83 milhões de toneladas de soja em janeiro, 14% a mais do que em dezembro, e a maior parte desse volume é de produto brasileiro. 

Assim, focado na disputa comercial, o mercado em Chicago se mantém lateralizado à espera de novidades consistentes e definitivas, depois de meses de informações desencontradas e boatos não confirmados. 

As conversas entre os dois países continuaram esta semana. De acordo com o secretário do Tesouro Nacional americano, Steve Mnunchin, os EUA tiveram, nos últimos dias, boas e produtivas reuniões com os chineses. 

Mnunchin participou do encontro ao lado do presidente chinês Xi Jinping, com demais membros do alto escalão de ambas as delegações. O objetivo, apesar de Donald Trump querer estender o prazo da trégua firmada pelos dois países na última reunião do G20, é o de encontrar uma solução antes de 1º de março.

Com esse movimento de recuperação e a pouca mudança no cenário de notícias, os preços da soja fecharam a sexta-feira (15) com pequenas altas de pouco mais de 3 pontos, com o março valendo US$ 9,07 e o maio/19, US$ 9,21 por bushel. 

Com as altas ainda tímidas em Chicago e o dólar em baixa nesta sexta - a moeda americana perdeu quase 1% somente nesta sessão e fechando com R$ 3,7037 - as referências nos portos também não tiveram grande movimentação neste final da semana. 

A soja disponível fechou estável em Paranaguá, com R$ 78,50 por saca, e caiu 0,65% para R$ 76,50 em Rio Grande. Já a referência março foi a R$ 77,60 no terminal gaúcho, onde recuou 1,15%, e ficou em R$ 79,00 no paranaense.

Safras&Mercado corta levemente estimativa para soja do Brasil com tempo mais favorável

SÃO PAULO (Reuters) - A safra de soja 2018/19 do Brasil, em colheita, deve atingir 115,4 milhões de toneladas, disse nesta sexta-feira a Safras & Mercado, em um ligeiro corte ante os 115,7 milhões considerados em janeiro, à medida que o tempo volta a melhorar após meses de chuvas irregulares e altas temperaturas.

"A melhora climática registrada nas últimas semanas em praticamente todas as regiões produtoras do país vem impedindo que as perdas avancem, principalmente no Centro-Oeste e no Sudeste", afirmou, em nota, o analista Luiz Fernando Roque, da consultoria.

"A colheita também tem revelado produtividades além do esperado em algumas microrregiões estaduais, o que acaba compensando parte das perdas já registradas à nível estadual", acrescentou.

A atual temporada de soja no Brasil, o maior exportador mundial da oleaginosa, começou com perspectivas amplamente favoráveis em razão de chuvas na época do plantio. Seca e calor a partir de dezembro, contudo, reduziram o potencial produtivo da safra.

Com as revisões, o mercado deixou de apostar em uma colheita recorde neste ano, como se supunha antes das adversidades. Conforme a Safras & Mercado, a produção tende a cair 5,1 por cento ante 2017/18, apesar de a área ter ido a históricos 36,4 milhões de hectares.

Apesar da consolidação das perdas, a consultoria alerta para riscos. O clima continua como fator importante para o desenvolvimento final de parte das lavouras do Rio Grande do Sul, Santa Catarina e Matopiba (Maranhão, Piauí, Tocantins e Bahia).

Nessas regiões, as produtividades médias podem sofrer alterações um pouco mais relevantes, principalmente nas variedades semeadas mais tardiamente, segundo a Safras & Mercado.

MILHO

Na contramão da soja, a consultoria traçou boas perspectivas para o milho, cuja safra total tende a aumentar 16,5 por cento ante 2017/18, para 93,3 milhões de toneladas, com semeadura 2,4 por cento superior, a 16,6 milhões de hectares.

A primeira safra, em colheita, deve ficar em 24,2 milhões de toneladas no centro-sul, queda de 1,6 por cento na comparação anual.

"Houve problemas de estiagem mais expressivos no Rio Grande do Sul, Santa Catarina e São Paulo, que contribuíram para a revisão dos números de produção", afirmou em nota o analista Paulo Molinari.

Quanto à segunda safra, a "safrinha", que responde pelo grosso da produção nacional, a Safras & Mercado vê aumento de quase 30 por cento na colheita no centro-sul, para 62,8 milhões de toneladas. Na previsão anterior, via produção de 62 milhões.

"A estimativa de colheita da safrinha deve compensar um pouco as perdas que serão registradas na safra de verão", comentou Molinari.

Não houve ajuste para a área da segunda safra, mantida em 11,2 milhões de hectares. No ciclo passado, foram 10,5 milhões.

Safras indicou ainda produção de 6,336 milhões de toneladas de milho para as regiões Norte e Nordeste, 8,1 por cento menor ante 2017/18.

ALGODÃO

A produção brasileira de algodão em pluma deverá totalizar 2,61 milhões de toneladas em 2018/19, aumento de 24,6 por cento sobre o ano anterior, segundo a Safras, que na estimativa prévia havia apontado 2,485 milhões de toneladas.

A área plantada deverá ser de 1,494 milhão de hectares, aumentando 25,2 por cento sobre 2017/18.

Segundo a consultoria, os produtores de algodão estão finalizando o plantio da maior safra de algodão da história, no embalo dos bons resultados das duas últimas temporadas.

Em Mato Grosso, maior produtor nacional, a área foi revisada de 935 mil hectares para 1 milhão de hectares no atual, com a maior parte do plantio ocorrendo na segunda safra.

 

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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