Soja: Exportações do Brasil são recordes em fevereiro, mas não alcançam line-up esperado

Publicado em 02/03/2017 17:14

Como tradicionalmente acontece - ou na maior parte das vezes - os futuros da soja praticados na Bolsa de Chicago e o dólar não caminham na mesma direção. Assim, nesta quinta-feira (2), enquanto o mercado internacional da oleaginosa perdeu mais de 14 pontos, o dólar subia mais de 1,5% frente ao real, voltando a se aproximar dos R$ 3,15. Nesta toada, os preços formados no mercado brasileiro continuam distante dos almejados pelos produtores e a comercialização da safra 2016/17 no país segue caminhando de forma lenta. 

Números trazidos nesta quinta pela Secretaria de Comércio Exterior (Secex) mostram que, em fevereiro, as exportações brasileiras de soja somaram 3,51 milhões de toneladas. Embora esse tenha sido um volume recorde para o mês e apresente um ganho de 72% em relação ao mesmo mês de 2016, o total não alcançou o line-up todo que vinha sendo esperado para fevereiro. 

Segundo explicou o consultor de mercado Vlamir Brandalizze, da Brandalizze Consulting, o line-up esperado para este segundo mês de 2017 era de 5,7 milhões de toneladas. "Então, esse número que veio foi ainda pequeno em relação ao que se esperava. O que seria embarcado em dois navios foi embarcado só em um, alguns nem embarcaram e tivemos toda essa diferença porque as vendas não acontecem", diz. 

Ainda segundo o consultor, os line-ups brasileiros seguem crescendo, no entanto, ainda sem soja contratada para que os embarques sejam realizados. Boa parte da soja já embarcada ou que está sendo embarcada - somente nos dois primeiros meses de 2017 foram exportadas 4,4 milhões de toneladas - é proveniente dos negócios feitos antecipadamente, a maioria em meados de 2016, quando os preços eram bem mais atrativos. 

E essa retração vendedora, apesar de não ter força suficiente ainda para promover uma recuperação mais expressiva e duradoura das cotações na Bolsa de Chicago, promovem um suporte aos prêmios pagos nos portos brasileiros, bem como estimulam ainda novas altas entre esses valores. No terminal de Paranaguá, as principais posições de entrega têm entre 52 e 65 cents de dólar sobre os valores praticados na CBOT. Em Santos, esses valores variam entre 55 e 60 e em Rio Grande, de 52 a 57 cents. 

Enquanto isso, a demanda permanece aquecida e buscando produto, inclusive, nos Estados Unidos, embora boa parte dos produtores americanos também estejam segurando suas vendas neste momento, ainda como explica Brandalizze. As vendas para exportação da última semana, de acordo com os últimos números do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) somaram pouco mais de 400 mil toneladas e ficaram dentro das expectativas do mercado. 

Bem adiantadas, as vendas norte-americanas, no acumulado do ano comercial, já chegam a 52.502,5 milhões de toneladas, 94,1% do total esperado de 55,79 milhões de toneladas. A China se mantém como maior compradora.

Preços no Brasil estáveis, subindo forte nos portos

Nessa gangorra entre o dólar e o mercado da soja na Bolsa de Chicago, as cotações no interior do Brasil terminaram o dia praticamente estáveis. A exceção ficou por conta de Pato Branco, no Paraná, com queda de 0,31% e R$ 63,40 por saca, Tangará da Serra, em Mato Grosso, onde o preço subiu 1,75% para R$ 58,00. Em Luís Eduardo Magalhães, perda de 3,82% para R$ 63,00 e alta de 0,86% em São Gabriel do Oeste, no Mato Grosso do Sul, com R$ 58,50 por saca. 

Já nos portos, os preços subiram de forma significativa. Em Paranaguá, ganho de 2,07% no disponível e no mercado futuro para as referências voltarem aos R$ 74,00. Em Rio Grande, a soja disponível foi a R$ 74,10, subindo 0,82%, e no futuro, referência junho/17, R$ 76,50 e alta de 2%. 

Ainda assim, as referências estão distantes do que o produtor espera para voltar ao mercado. "O produtor da região Sul espera algo perto de R$ 75,00 (no interior) e isso aconteceria só com os portos acima dos R$ 80,00 / R$ 82,00 em diante", explica Vlamir Brandalizze. "No Centro-Oeste, ele espera algo perto de R$ 70,00 e os preços estão na casa dos R$ 60,00", completa. 

Mercado em Chicago liquidou parte de suas posições

Na sessão desta quinta-feira, os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago fecharam o dia com mais de 14 pontos de queda nas posições mais negociadas e o maio/17 terminando os negócios com US$ 10,37 por bushel. "O mercado, porém, não mudou. Depois das altas de ontem, o mercado liquidou parte de suas posições", diz o consultor. 

Como explica Brandalizze, as baixas observadas na CBOT não foram fundamentadas nesta quinta, mas revelam o mercado ainda travado em patamares que precisam de novidades para se dissipar. Ao mesmo tempo, trata-se de um mercado bem financeiro, com influência do macrocenário e da atuação dos fundos investidores, bem como da movimentação do dólar. 

Paralelamente, de acordo com analistas internacionais, o mercado segue atento ao futuro dos biocombustíveis nos EUA após a fala de Trump - o que puxou, inclusive, os futuros do óleo de soja nesta quarta -  mas, também à conclusão da nova safra da América do Sul. 

México começa a procurar novos mercados (AGResource Brasil)

A poeira abaixou ao redor dos rumores dos biocombustíveis norte-americanos. O mercado mostrou que o movimento de alta estava especulando em cima de "fofocas", sem fatos. Enquanto isso, os produtores do Brasil e Argentina adiantam novas vendas da soja física, na volta do Carnaval. 

A AgResourCe Brasil suspeita que fundos ainda poderão voltar ao mercado nestes próximos dias. Tendências agressivas de alta ou de baixa nos preços ainda são questionáveis até o próximo relatório do USDA, dia 9 de março. | 

A Argentina acaba de completar sua primeira venda de mil tons de arroz para o México em meio à crescente tensão comercial. Embora a venda tenha sido de um baixo volume, reflete que o comércio mexicano está à procura de uma diversificação dos fornecedores. A nossa equipe tem observado bastante interesse do México na compra de milho e arroz da América do Sul nos próximos meses. | 

Exportação de soja EUA dentro do esperado, nesta semana. 

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas + AGResources

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