Safra 2016/17 de soja tem maior estresse hídrico desde o ciclo 11/12, aponta INTL FCStone
Após um ciclo de soja complicado em 2015/16, destaque para os problemas no Mato Grosso e no Matopiba (região que compreende os estados do Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia), que apresentou uma produtividade de apenas 2,87 toneladas por hectare, criou-se forte expectativa de recuperação na safra atual. A colheita da safra 2016/17 tem início em meio a expectativa de produtividade recorde, entretanto, a área com estresse hídrico é a maior desde a safra 11/12.
“Embora seja esperada uma recuperação da produtividade de 2,87 toneladas por hectare na última safra, não acreditamos que ela possa se distanciar muito dos níveis verificado entre 12/13 e 14/15”, destaca o Diretor de Inteligência de Mercado da INTL FCStone, Thadeu Silva.
Em análise da consultoria que comparou os dados de precipitação acumulada de 210 municípios que representam 70% da área plantada com soja no Brasil e abrangem todos os estados e regiões de cultivo, 15,7% da área plantada deste ano apresenta precipitações pelo menos 30% abaixo da média histórica, passando dessa forma por algum tipo de estresse hídrico.
“Esse é a maior percentagem de área afetada desde o ciclo 11/12 (que ficou marcado pela forte estiagem na região sul do Brasil). Indo além, 7,5% da área registrou nível de chuvas ao menos 40% mais baixo que o esperado, mais que o dobro do verificado nas quatro safras anteriores”, observa o Diretor Silva.
A parte sul do Mato Grosso do Sul, noroeste do Paraná e oeste de São Paulo tiveram volume de chuvas bastante reduzidos entre outubro e novembro, afetando as fases iniciais de desenvolvimento – algumas lavouras chegaram a ser abandonadas. Entre dezembro e janeiro as precipitações na região foram mais próximas ao normal, mas é esperado um reflexo sobretudo no número de vagens. A área total afetada responde por cerca de 5% do Brasil e as lavouras afetadas estão na fase final e devem ser colhidas até o meio de fevereiro.
Já o sul goiano sofreu com chuvas irregulares entre outubro e dezembro, afetando as lavouras no final da fase de desenvolvimento e início da floração, abrangendo quase 2% da área plantada do Brasil. Destaque que o desvio na precipitação é mais moderado que nas outras regiões analisadas. A maioria das lavouras se encontra no enchimento de grãos e as precipitações nas próximas semanas são chave para a recuperação parcial.
Por fim, o oeste da Bahia é o epicentro de uma estiagem que começou em dezembro e persiste até hoje, que afeta também áreas do leste do Tocantins e sul do Piauí. As lavouras estavam na fase inicial de desenvolvimento e foram bastante afetadas, com relato de abandono de áreas.
“Ainda restam pelo menos dois meses para a colheita e pode haver recuperação parcial, a previsão para as próximas duas semanas é de bons níveis de chuvas nas áreas afetadas, acima de 100 milímetros”, resume Silva, da INTL FCStone.