Soja recua em Chicago com mercado realizando lucros e pressionado pela alta do dólar
Na sessão desta quarta-feira (18), os preços da soja voltam a recuar na Bolsa de Chicago. A forte e rápida atuação dos fundos de investimento neste mercado pesam muito sobre os negócios e, após as boas altas registradas ontem e que levaram as primeiras posições a superarem os US$ 10,80 por bushel, os investidores optam por uma realização de lucros.
Assim, por volta das 9h20 (horário de Brasília), os futuros da oleaginosa perdiam entre 8,25 e 9 pontos, com o julho/16 - o mais negociado neste momento - cotado a US$ 10,71 por bushel. E a soja acompanha as demais commodities que, com uma aversão ao risco mais evidente, também recuam nas bolsas internacionais.
Outro fator que acentua a volatilidade entre os negócios na CBOT é o clima nos Estados Unidos. Com o plantio da nova safra em andamento, as previsões - que são atualizadas cerca de três vezes por dia pelos institutos de meteorologia - são acompanhadas de perto. Há pontos de chuvas excessivas neste momento, porém, em linhas gerais, o cenário ainda é favorável.
"Previsões de um tempo mais seco em áreas do Meio-Oeste que vêm sofrendo um stress por conta do excesso de umidade para a próxima semana chegam e pesam um pouco sobre os preços. Entretanto, no horizonte das próximas duas semanas se esperam precipitações acima da média para este período", relata o analista de mercado Bryce Knorr, do site Farm Futures. "No mercado macro, a alta do dólar - inclusive do dólar index - pressiona as commodities", completa.
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Ganhos em Chicago conferem novo dia de altas para os preços da soja no Brasil nesta 3ª
Os preços da soja negociados na Bolsa de Chicago nesta terça-feira (17) registraram uma nova sessão de boas altas e levaram as primeiras posições a encerrarem o dia já na casa dos US$ 10,80 por bushel. O volume de negócios aumentou neste pregão e o contrato julho/16, o mais negociado agora, fechou com US$ 10,80, enquanto o agosto/16 foi a US$ 10,82 por bushel, após bater na máxima de US$ 10,88.
Como explica o analista de mercado e economista Camilo Motter, da Granoeste Corretora de Cereais, um conjunto de fatores ajudou a renovar o fôlego dos negócios com a oleaginosa e consolidar movimentos que levaram as cotações a ganhos de 14 a 16 pontos após quatro sessões consecutivas de baixas. "Tivemos os fundos mais presentes, o dólar mais fraco, o petróleo mais firme (com alta de mais de 1% e preços acima dos US$ 48 por barril em NY) e alguma preocupação com o ritmo do plantio da nova safra dos Estados Unidos", diz.
No final da tarde desta segunda-feira (16), o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) atualizou seu reporte semanal de acopanhamento de safras e reportou o plantio da oleaginosa concluído em 36% da área até o último domingo (15), contra o número da semana anterior de 23%. Em 2015, neste mesmo período, porém, a semeadura já estava pronta em 41% e a média dos últimos cinco anos é de 32%. O USDA informou ainda que 10% das lavouras já emergiram, frente aos 11% do mesmo período do ano passado e dos 9% de média.
E para as próximos sete dias, clima favorável. As últimas previsões indicam, de acordo com informações apuradas pela Labhoro, que o tempo no Meio-Oeste americano se mantém predominantemente seco e qualquer acumulado de chuvas não deve passar de 25 mm, com exceção do sul de Illinoins, Indiana e Ohio. Sobre as temperaturas, as mesmas começam a aumentar, porém, seguem abaixo da média para o período.
Porém, no intervalo dos próximos 10 a 15 dias são esperadas chuvas fortes e excessivas em determinados pontos do Corn Belt. Se confirmadas, novas e boas altas poderiam voltar a ser registradas na Bolsa de Chicago, ainda segundo acreditam analistas, ao passo em que fossem comprometendo o andamento dos trabalhos de campo. Afinal, como também foi reportado pelo USDA, a relação de oferta e demanda global da soja está mais ajustada do que se esperava.
"Estamos na primeira fase do mercado climático americano e os mapas, dependendo de casa, são atualizados pelo menos três vezes ao dia", alerta a analista de mercado Andrea Cordeiro, da Labhoro Corretora.
Dólar e preços no Brasil
O dólar, durante todo o dia, testou os campos positivo e negativo, porém, com variações pouco expressivas. No encerramento do dia, a moeda norte-americana voltou a recuar e fechou abaixo dos R$ 3,50, com R$ 3,4915 e baixa de 0,36%.
A estabilidade do dólar, a postura atual do produtor brasileiro e, principalmente os bons ganhos da soja registrados em Chicago puxaram os preços também no mercado nacional. Nos principais portos do país, os preços a futuro - soja com embarque previsto para março/17 - ainda foram destaque, subindo 1,14% em Paranaguá e Rio Grande para alcançarem os R$ 89,00 por saca. Já o produto disponível foi a R$ 87,00 e R$ 85,00, respectivamente, subindo 1,16% e 0,59%.
No interior do Brasil, as altas passaram, mais uma vez de 2%, principalmente nas praças de comercialização dos estados do Sul, onde os valores da saca de soja oscilam de R$ 73,00 a R$ 83,00. No Centro-Oeste, cotações que chegam a bater nos 75,00, bem como o que acontece no Oeste da Bahia e em São Paulo.
Ainda segundo Camilo Motter, o momento é importante e pode trazer bons negócios para os produtores brasileiros, principalmente com a soja da temporada 2016/17. Já para a oleaginosa disponível, as operações podem ter um pouco mais de cautela, uma vez que mais de 70% da safra 2015/16 já foi comercializada.
E ressalta ainda a importância redobrada de se acompanhar o andamento do câmbio neste momento de transição política. "As novas medidas propostas pelo governo Temer podem enfrentar alguma resistência para serem aprovadas e o câmbio, refletindo o nervosismo do mercado, pode sim voltar a subir. Será preciso acompanhar", explica o analista.