Soja ainda atua com estabilidade em Chicago nesta 3ª, mas passa para o lado positivo
Ainda operando com estabilidade, os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago passaram para o lado positivo da tabela ainda na manhã desta terça-feira (26). As posições mais negociadas, por volta das 9h40 (horário de Brasília), subiam entre 2,25 e 3,50 pontos, levando o maio/16 a US$ 10,03 por bushel, o julho a US$ 10,13 e o agosto a US$ 10,15.
Os futuros da oleaginosa atuam com estabilidade depois do pregão agitado desta segunda-feira (25), quando as cotações chegaram a subir mais de 30 pontos e renovaram algumas máximas. Entretanto, o mercado futuro norte-americano ainda conta com as especulações sobre as condições de clima na América do Sul - para a conclusão da safra 2015/16 - e nos Estados Unidos - para o início do plantio - que estimulam um prêmio de risco climático, bem como uma volta dos fundos de investimento à ponta compradora do mercado, motivando os ganhos.
Ontem, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) reportou seu novo boletim semanal de acompanhamento de safras e trouxe os primeiros números da temporada 2016/17 da soja. Até o último domingo (24), o plantio da oleaginosa já havia sido concluído em 3% da área, ligeiramente acima dos 2% da média dos últimos cinco anos e do mesmo período do ano anterior.
Além disso, há, nesse momento, uma demanda maior pelos produtos norte-americanos - soja em grão e derivados - devido à uma desvalorização do dólar, que também favorece o atual cenário para os preços. E esse fator ganha ainda mais peso diante das perdas que continuam a ser contabilizadas na América do Sul, principalmente na Argentina, por conta das chuvas excessivas.
Veja como fechou o mercado nesta segunda-feira:
Soja fecha com forte alta em Chicago, recupera os US$ 10 e preços avançam no Brasil
O mercado da soja, na sessão desta segunda-feira (25) na Bolsa de Chicago, voltou a disparar e a fazer novas máximas entre as posições mais negociadas. Os negócios iniciaram o dia com um leve movimento de realização de lucros, porém, na sequência e ainda diante de fundamentos positivos, os preços voltaram a subir e, durante a tarde, as altas passaram de 30 pontos.
Assim, o primeiro pregão da semana terminou com ganhos de 12,75 a 13,25 pontos nos principais vencimentos e cotações de volta à casa dos US$ 10,00 por bushel. O vencimento agosto/16, que na máxima do dia bateu em US$ 10,31, ficou em US$ 10,11; já o julho/16 bateu em US$ 10,29, para encerrar com US$ 10,09. Os valores, ainda segundo relatam analistas internacionais, são os mais altos dos últimos oito meses.
Para Glauco Monte, diretor de commodities da FCStone, há ainda uma junção de fatores que segue dando suporte às cotações da soja em Chicago. Formando o cenário positivo estão o clima ainda adverso na América do Sul - com o excesso de chuvas castigando as lavouras da Argentina e a seca comprometendo a conclusão do ciclo na região do Matopiba, no Brasil -; as incertezas climáticas nos Estados Unidos e uma demanda maior pelo produto norte-americano atrelado, entre outros fatores, por uma desvalorização do dólar frente ao real.
"Neste período de pré plantio nos EUA, o mercado coloca um prêmio de risco climático até que se tenha uma melhor definição da nova safra, isso também ajuda a puxar os preços e a volta dos fundos. E esse, portanto, deve ser um período marcado pela volatilidade", diz o executivo.
Monte explica ainda que essa queda da moeda dos EUA reduziu a competitividade da soja brasileira para os importadores, a qual conta ainda com prêmios elevados e que seguem próximos dos 60 cents de dólar pagos sobre os valores de Chicago, e esse torna mais um fator de alta para os futuros da oleaginosa. No Golfo do México, saída para a soja dos EUA a ser exportada, esses prêmios oscilam, neste início de semana, entre 40 e 55 cents nas principais posições de entrega.
"Com o câmbio mudando esse cenário, os EUA voltaram a ser mais competitivos. Não que as exportações tenham se acelerado muito, mas diante das últimas expectativas, as vendas vêm melhorando semana a semana, e isso acelerou um pouco as cotações em Chicago", completa.
O atual momento, e principalmente as incertezas climáticas, estimula, portanto, a volta dos fundos ao mercado futuro norte-americano da soja, ajudando a puxar os preços.
"A chave de definição será justamente a linha de atuação dos fundos, que adquiriram uma posição em carteira enorme comprada. Será que esses fundos continuarão a aumentar tais posições? Será que a defenderão nos recuos? Será que com a evolução da safra americana os fundos abandonarão as compras? Essas perguntas valem milhões e milhões de dólares", explica a analista de mercado Andrea Cordeiro, da Labhoro Corretora.
Ainda segundo Andrea, o andamento do clima deverá ser o responsável pelo movimento dos fundos, portanto, daqui em diante. "No momento os mapas NÃO confirmam a entrada do La Niña. Mas apertem os cintos porque nesta semana, o ENSO atualizará as previsões sobre El Niño/La Niña, o que pode alimentar especulações nervosas em Chicago", salienta a analista, reforçando que mais volatilidade vem por aí.
Preços no Brasil
E alta dos preços em Chicago segue puxando os preços no mercado do Brasil. No interior do país, os ganhos variaram entre 0,48% - em Jataí/GO, para R$ 62,20 por saca - e 8,80% para R$ 68,00 em Campo Novo do Parecis/MT. Em Cascavel, no Paraná, ganho de 0,74% para R$ 68,50 e de 3,13% em São Gabriel do Oeste/MS, para R$ 66,00.
Nos portos, os valores também subiram, porém, de forma mais tímida. Afinal, os fortes ganhos registrados em Chicago vieram limitados pelo dólar, que fechou em queda na sessão desta segunda-feira, perdendo 0,61% e cotado a R$ 3,5485. Assim, em Rio Grande, a soja disponível terminou o dia com R$ 79,80, alta de 0,38%, e em Paranaguá, com R$ 83,00 por saca e ganho de 1,22%. Já o produto com embarque março/17 foi a R$ 85,00 no terminal paranaense e com R$ 85,50 no gaúcho, ambos estáveis.