China: crise acionária assusta mercado de commodities, aponta FCStone
A forte desvalorização das ações na bolsa de Xangai, a principal bolsa da China continental, levou a temores de que a economia do país caminhe a passos largos para uma estagnação, o que seria uma situação fortemente baixista para a maioria da commodities. Os impactos sobre o Brasil seriam sentidos por uma queda na demanda por exportações.
A soja é a commodity com a maior dependência da China nas exportações brasileiras, com mais de 70% de participação nos últimos três anos. Para a analista da INTL FCStone, Natália Orlovicin, os preços da soja, que já se encontram em patamares muito baixos devido à ampla oferta, poderão sofrer novas quedas caso haja confirmações da situação econômica chinesa. “O crescimento médio anual nas importações chinesas da oleaginosa pode ficar abaixo dos 5% observados nos últimos 3 anos”, completa Natália. Para o Brasil, que tem na China o seu principal comprador de soja, isso pode significar um acirramento da concorrência com os Estados Unidos e perda de participação no mercado internacional.
Entre os setores considerados mais vulneráveis à uma crise no gigante asiático estão as usinas exportadoras de açúcar, cuja participação chinesa corresponde a 5,9% da demanda global. O país foi o maior importador do adoçante brasileiro nos últimos três anos, posição que nunca havia ocupado. Segundo analista da consultoria, João Paulo Botelho, “Entre as principais commodities exportadas pelo Brasil, o açúcar está longe de ser o que mais depende do mercado chinês”.
Do pico atingido na primeira semana de junho até o dia 8 de julho, o indicador que compila as 50 ações mais negociadas da bolsa de Xangai perdeu praticamente um quarto de seu valor. Ao longo de vinte sessões, portanto, a queda média no valor foi de 1,4%, totalizando trilhões de dólares em perdas. A queda dos últimos dias, porém, pode ser vista como um movimento de correção de um mercado supervalorizado e pode continuar por ainda mais algumas semanas, antes de atingir os patamares pré-alta.