Soja: Mercado busca direção e acompanha o clima nos EUA na manhã desta 5ª na CBOT
Os futuros da soja, na manhã desta quinta-feira (2), trabalham com movimentações pouco expressivas na Bolsa de Chicago. O mercado registrava tímidas baixas entre os principais vencimentos - entre 0,25 e 4 pontos. A exceção era a posição novembro/15, que subia 0,25 ponto para US$ 10,29 por bushel.
Os negócios parecem ainda buscar uma direção depois do início agitado da semana e tentam manter a estabilidade para "acomodar" os preços nesses novos patamares, segundo explicaram analistas. Paralelamente, os traders seguem sentindo e acompanhando a volatilidade trazida pelo momento do mercado climático e as previsões que indicam, pelo menos até o final dessa semana, mais chuvas para o Meio-Oeste americano.
Hoje, o mercado conta ainda com o novo boletim semanal de vendas para exportação que será divulgado pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos). As vendas americanas já superam 50 milhões de toneladas no ano comercial 2014/15.
Veja como fechou o mercado nesta quarta-feira:
Soja fecha em queda na CBOT, mas alta do dólar segura preços nos portos do Brasil
Na sessão desta quarta-feira (1), o mercado da soja fechou em queda na Bolsa de Chicago. Os futuros da oleaginosa terminaram o dia perdendo entre 7,75 e 12,25 pontos, com as baixas mais fortes nas posições mais curtas. Ainda assim, os negócios foram finalizados com todos os principais vencimentos acima dos US$ 10,00 por bushel, e o novembro/15 - referência para a safra americana - cotado a US$ 10,29.
Como explicaram os analistas e consultores de mercado, os preços tiveram um dia de acomodação depois das intensidade das altas registradas no pregão anterior, que superaram os 50 pontos entre os vencimentos mais negociados. Os fundos aproveitaram o momento, e o início de um novo mês, para um movimento de realização de lucros e continuou a especulação e a volatilidade entre os negócios.
Preços no Brasil
No mercado interno, os preços reagiram bem às baixas registradas em Chicago, uma vez que o dólar subiu mais de 1% frente ao real nesta quarta-feira. A moeda norte-americana fechou com R$ 3,1450, registrando a maior cotação em quase um mês, segundo informações da agência de notícias Reuters.
Assim, em Rio Grande, a soja disponível fechou os negócios valendo R$ 74,00 por saca, perdendo apenas 50 centavos em relação ao preço da terça, enquanto o oleaginosa da safra nova fechou o dia subindo 0,53% para R$ 76,40. Em Paranaguá, mais um dia sem referência de valores para a soja disponível e de R$ 73,50 por saca para a soja a ser entregue em maio do ano que vem.
Mercado Internacional
Para muitos analistas, no entanto, os fudamentos no mercado da soja, principalmente climáticos, mantêm-se positivos, no entanto, não são definitivos e ainda não apontam para a consolidação de uma bem definida tendência de alta para as cotações. O desenvolvimento dos negócios, entretanto, irá depender ainda do comportamento climático nos Estados Unidos, bem como as notícias que seguem chegando sobre a demanda, o posicionamento dos fundos e os desdobramentos do mercado financeiro.
Ainda assim, o mercado recebeu com furor os números que foram divulgados, nesta terça-feira (30), pelo USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) que apontaram os estoques trimestrais da soja em 1º de junho nos Estados Unidos em pouco mais de 17 milhões de toneladas, abaixo da expectativa média do mercado, e a área de plantio da nova safra (apesar de maior do que a do ano passado) também acima das projeções dos traders.
Assim, com essas baixas registradas nesta terça, o mercado tentou "se encontrar", como explica o analista de mercado Flávio França, da França Junior Consultoria. "Mas, entendo que os números de estoques de soja e milho efetivamente trouxeram os preços a um novo patamar. Tudo agora depende das notícias do clima, mas acho que, dificilmente, os preços devem cair de novo para os níveis mínimos que tivemos há algumas semanas", completou.
O analista afirma ainda que, como é típico do mercado climático, é necessário que as previsões continuem a ser acompanhadas e, para que novas e fortes altas cheguem ao mercado, será preciso mais informação de adversidades e, consequentemente, de perdas efetivas e da consolidação da área de plantio da safra 2015/16. "Esse é um momento de reacomodação do mercado, mas os preços de soja, milho e trigo encontraram um novo patamar no mercado internacional", diz França.
E as novas previsões seguem indicando mais chuvas para o Meio-Oeste americano pelo menos até o final desta semana e, para todo o mês de julho, a indicação é de que as precipitações se mantenham acima da média, porém, de maneira mais localizada e menos intensa. Condições como essas seguem alertando os traders sobre o real tamanho da área 2015/16 e assim, muitos analistas acreditam que o total a ser plantado com soja nos EUA possa ser menos do que as projeções atuais.
Para Carlos Cogo, consultor da Carlos Cogo Consultoria Agroeconômica, "o mercado se afastou, definitivamente, da linha dos US$ 8,00 e US$ 9,00 por bushel, se aproximou muito mais da linha dos US$ 10,00, porém, ainda sem sustentação, a medida em que há a probabilidade da normalização do desenvolvimento da safra americana de soja e os preços se acomodarem em patamares mais baixos, além da necessidade de se conhecer o real tamanho da área americana".
Previsão do Tempo
Depois de um junho extremamente chuvoso, julho começa ainda com a ameaça de de mais tempestades e inundações concentradas no centro do Vale do Mississipi, segundo informações do insitituto de meteorologia dos EUA AccuWeather. As informações mostram ainda que as chuvas fortes devem se extender do Nebraska ao norte de Georgia. "Um sistema de tempestades irá se estender para o centro do país", diz a meteorologista do Accuweather, Courtney Spamer.
Ainda segundo a especialista, as tempestades serão mais potentes à medida em que se movem para o sudeste do país, trazendo mais chuvas fortes e fortes rajadas de vento. Assim, o quadro pode se repetir muitas vezes em diversas regiões, elevando, novamente, as ameaças de inundações. "As chuvas devem chegar a áreas que já receberam acumulados muito elevados durante junho", explica Courtney.
Tempestades nos EUA nesta quarta-feira (1) - Fonte: AccuWeather
Previsão de inundações nesta quarta-feira (1) - Fonte: Accuweather
De quinta (2) para sexta-feira (3), as chuvas deverão se direcionar mais para o leste dos EUA. Durante este tempo, um rastro de fortes precipitações, ventos fortes e casos isolados de inundações devem se estender de Oklahoma a Carolina do Norte e Virgínia.
No mapa do NOAA - Departamento Oficial de Clima dos EUA - que mostra a previsão de chuvas para os próximos 6 a 10 dias, as chuvas têm de 33% a 40% de probabilidade de ficarem acima do normal para esse período do ano. Já na imagem seguinte, com uma projeção mais estendida - próximos 8 a 14 dias - a situação é semelhante e as precipitações também devem ser maiores do que o esperado.
Previsão de Chuvas nos EUA 6 a 10 dias - Fonte: NOAA
Previsão de Chuvas nos EUA 8 a 14 dias - Fonte: NOAA
Dólar
O avanço do dólar veio ainda das preocupações com o incerto futuro da Grécia, intensificadas pela situação de, oficialmente, o país já estar em calote com o FMI (Fundo Monetário Internacional) e as negociações, para uma possível extensão do prazo, ainda evoluírem menos do que o necessário.
"O mercado está confuso. Parece que o bom humor de manhã não era justificado", disse o operador de câmbio da corretora Intercam Glauber Romano ao G1.
Paralelamente, dados mais melhores do que o esperado sobre a economia dos Estados Unidos - com indicativos do mercado de trabalho - também motivaram essa alta do dólar. Afinal, ainda de acordo com analistas, números como estes poderiam incentivar as perspectivas de uma alta nas taxas de juros do país.
Complementando o quadro, os investidores observam ainda a intervenção do Banco Central brasileiro no andamento da taxa cambial. Como informou ainda o G1, o BC deu início nesta manhã à rolagem dos swaps cambiais que vencem em agosto, vendendo a oferta integral de até 7,1 mil contratos, que equivalem a venda futura de dólares, ou cerca de 3% do lote total.