Fluxo dos embarques de soja do Brasil para a China segue forte e tendência é positiva

Publicado em 14/04/2015 16:13

A estatal chinesa Chinatex Edible Oil divulgou, na última segunda-feira (13), uma nota informando que as importações mensais de soja do país deverão subir expressivamente nos meses de maio, junho e julho entre 6,5 milhões e 7,5 milhões de toneladas. Caso esse número seja confirmado, o aumento seria de mais de 40% em relação aos números de março, que mostraram as compras chinesas em 4,49 milhões de toneladas. 

Entretanto, esse total do mês passado refere-se ao volume de soja que foi descarregado nos portos chineses nesse intervalo e embarcado entre o final de janeiro e o final de fevereiro no Brasil e nos Estados Unidos, período em que as exportações brasileiras da safra 2014/15 estavam recém iniciadas. 

Segundo explicou o consultor de mercado Liones Severo, do SIM Consult, a demanda intensa da nação asiática pela soja do Brasil é refletida, entre outros fatores, pelo cenário de cerca de 18 milhões de toneladas de soja sendo embarcadas nos portos brasileiros, até o final de abril, somente com destino para a China. "E há ainda pela frente as nomeações dos navios de maio em diante", diz Severo. Além disso, problemas com a logística brasileira, a greve dos caminhoneiros no início de março e um atraso nesta safra, por conta das adversidades climáticas na época do plantio, contribuíram para esse quadro. 

Assim, o consultor acredita ainda que as exportações da oleaginosa do Brasil somente para os chineses deverão se aproximar das 36 milhões de toneladas nesta safra. E o número já mostra um aumento significativo se comparado a anos anteriores. De 2011 a 2014, as compras da China passaram de 21,8 milhões para 32,8 milhões de toneladas. 

Complementando esse cenário de demanda forte e consistente, o mercado brasileiro conta com prêmios positivos nos portos e subindo. Em Rio Grande, as principais posições têm 65 centavos de dólar sobre os valores praticados em Chicago, enquanto em Paranaguá, as primeiras posições de entrega têm indicadores que superam os 50 cents. E, ao mesmo tempo em que essa demanda ainda se posiciona de forma bem marcante no mercado, na outra ponta, os produtores brasileiros seguem retraídos nas vendas diante dos atuais patamares de preços. 

Paralelamente, nos Estados Unidos, o mercado de exportações já está mais lento, com a comercialização mais restrita ao mercado interno, os produtores focados no início do plantio da nova safra e as compras se voltando para a oferta da América do Sul, segundo explica o analista de mercado Vinícius Ito, da Jefferies Corretora, de Nova York. Ao mesmo tempo, porém, Ito destaca as estimativas do mercado de que em junho e julho a nação asiática poderia importar cerca de 8 milhões de toneladas de soja em cada um desses meses.  

"A China que normalmente aumenta seu ritmo de compras a partir desse período, entre abril e maio, deve apertar o passo e isso tem firmado um pouco os preços. As margens de esmagamento por lá ainda são positivas e há a possibilidade de o produtor chinês destinar menos áreas de plantio para a soja, o que aumenta o potencial de interesse do país pelas importações", diz o analista. 

Ainda segundo Ito, o acumulado das compras de soja da China já supera o número registrado nesse mesmo período da temporada anterior e o país ainda precisaria importar cerca de 6,6 milhões de toneladas ao mês para suprir suas necessidades. "Só mantendo o ritmo do ano passado - de 6,2 milhões de toneladas/mês - ou apresentando um leve aumento, a China já bateria a estimativa do USDA de 74 milhões de toneladas (de soja importada esse ano)", diz. 

De acordo com os últimos números do USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) divulgados em seu boletim mensal de oferta e demanda de abril, as importações mundiais de soja nesta temporada 2014/15 devem somar 114,210 milhões de toneladas, contra 111,250 milhões da temporada 2013/14. Sobre as exportações, o aumento estimado é de que as vendas subam, no quadro global, de 112,940 milhões para 117,420 milhões de toneladas. 

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Por: Carla Mendes
Fonte: Notícias Agrícolas

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