Soja devolve parte dos ganhos e opera com leve baixa na manhã desta 5ª
Na manhã desta quinta-feira (2), os futuros da soja negociados na Bolsa de Chicago voltaram a trabalhar com ligeiras baixas. Os principais vencimentos, por volta das 7h50 (horário de Brasília), recuavam pouco mais de 3 pontos e o vencimento novembro/14 operava a US$ 9,13 por bushel.
O mercado devolve a parte das leves altas registradas na sessão anterior e essa, segundo analistas, deve ser a tendência para o mercado até que cheguem novas notícias que possam motivar uma movimentação mais forte das cotações.
O destaque em Chicago são as chuvas que estão previstas para os próximos dias no Meio-Oeste norte-americano. Se confirmadas, essas precipitações poderiam atrasar o andamento da colheita nos Estados Unidos, que, em relação a média dos últimos cinco anos já mostra algum atraso.
Para os produtores brasileiros, o destaque, entretanto, é a alta taxa de câmbio que tem permitido um bom avanço das cotações no mercado interno. A soja disponível no porto de Paranaguá, depois do fechamento do dólar em R$ 2,48 nesta quarta-feira (1), ficou em R$ 60,00 por saca. Já o preço para o produto com entrega para maio/15 ficou em R$ 56,50, enquanto no porto de Rio Grande fechou o dia a R$ 57,50/saca.
Veja como fechou o mercado nesta quarta-feira (1):
Soja: Com valorização do dólar e alta em Chicago, preços sobem no Brasil
A quarta-feira (1) foi de valorização nos preços da soja nas principais praças pesquisadas pelo Notícias Agrícolas. No Porto de Rio Grande, a saca da oleaginosa registrou aumento de R$ 1,50 e fechou o dia cotada a R$ 60,00. Em Ubiratã (PR), a valorização foi de 0,92%, com a saca cotada a R$ 55,00, em Tangará da Serra (MT), aumento de 1,89%, com a saca negociada a R$ 54,00.
Em São Gabriel do Oeste (MS), a alta foi de 1,85%, com a saca da soja cotada a R$ 55,00. No Porto de Paranaguá, o contrato futuro para entrega maio/15 também subiu e terminou o dia a R$ 56,50, com valorização de 0,89%, no Porto de Rio Grande o vencimento com entrega maio/15 registrou aumento de 1,59%, com a saca cotada a R$ 57,50. A única praça que recuou nesta quarta-feira foi Cascavel (PR), com queda de 0,91% e a saca do grão a R$ 54,50.
A alta do dólar, aliado aos ganhos registrados na Bolsa de Chicago contribuíram para os preços no Brasil. Nesta quarta-feira, a moeda norte-americana encerrou cotada a R$ 2,48, uma valorização de 1,59%. Nos últimos dias, o câmbio tem sido alavancado, especialmente pelas pesquisas eleitorais.
Frente a esse quadro, o consultor em agronegócio, Ênio Fernandes, orienta que os produtores que ainda tiverem soja disponível comecem a negociar. “É momento de vender sim, pois daqui a uns 30 a 40 dias quando estivermos na metade do mês de novembro, as indústrias que esmagam o grão irão paralisar para manutenção e se preparar para a próxima safra. Então, temos 40 dias para vender a soja para não passar para a próxima safra com o produto”, ressalta.
Já para a safra 2014/15, os agricultores podem aguardar um pouco mais, já que o dólar ainda pode apresentar alguma valorização. “Temos o dólar, Bolsa de Chicago, que pode apresentar uma recuperação e os prêmios. Nesse momento, o produtor deve ter calma, uma vez que os preços já perderam bastante, temos estoques baixos nos EUA e a demanda permanece firme”, alerta o consultor.
Bolsa de Chicago
Em sessão volátil, as cotações futuras da soja negociadas na Bolsa de Chicago (CBOT) encerraram do lado positivo da tabela. Ao longo dos negócios, os principais vencimentos da oleaginosa reverteram as perdas e fecharam o dia com ganhos entre 3,50 e 4,00 pontos. O contrato novembro/14, referência para a safra norte-americana, era cotado a US$ 9,16 por bushel.
Segundo o analista de mercado da Jefferies, Vinicius Ito, o mercado tentou consolidar o movimento de recuperação desde o início do pregão, depois das perdas registradas nos últimos dias. A principal notícia de suporte aos preços nesta quarta-feira foi a indicação de chuvas nos próximos dias, que se confirmadas poderão interromper a colheita do grão nos Estados Unidos.
"As precipitações previstas até sábado, poderão atrasar ainda mais o andamento da colheita. E os trabalhos nos campos já estão abaixo do que o registrado em anos anteriores. Até o último domingo (28), em torno de 10% da área havia sido colhida, contra a média dos últimos anos, de 17%", explica Ito.
Em contrapartida, o analista também destaca que os prêmios nos EUA estão mais firmes. A situação é reflexo dos baixos estoques disponíveis, no início da semana, o USDA (Departamento de Agricultura dos Estados Unidos) indicou os estoques trimestrais em 1º de setembro em 2,5 milhões de toneladas de soja, e os volumes colhidos até o momento não estão sendo negociados pelos produtores norte-americanos.
Ainda assim, a perspectiva é de preços pressionados, uma vez que os fundamentos permanecem baixistas para o mercado. "A oferta é maior do que a demanda pode absorver no curto prazo. E com a grande safra a ser colhida nos EUA, também teremos problemas em relação a armazenamento e logística", diz o analista.
Além disso, o mercado ainda está receoso ao tamanho real da safra norte-americana. Em seu último boletim de oferta e demanda, o USDA projetou a safra norte-americana de soja em 106,5 milhões de toneladas. Entretanto, os relatos vindos dos campos indicam para uma produção acima das estimativas iniciais.
"A expectativa é que tenhamos uma pressão maior até mais ou menos a metade da colheita do grão nos EUA, até a segunda quinzena de outubro. Após esse período, teremos uma retenção ainda maior por parte dos produtores norte-americanos, o que tende a dar uma sustentação aos preços. Porém, até lá, as cotações podem romper os US$ 9,00 por bushel e até chegar aos US$ 8,50 por bushel", ressalta Ito.
Para o consultor em agronegócio, Ênio Fernandes, os produtores brasileiros devem estar atentos ao contrato novembro/14 na CBOT. Isso porque, se na próxima sexta-feira, o vencimento fechar o dia abaixo de US$ 9,20 por bushel, será um indicativo de mais pressão sobre os preços nos próximos 30 dias.
"Mas caso o contrato se sustentar acima desse patamar, teremos repiques nos preços mais cedo. Temos os menores estoques dos últimos 41 anos nos EUA e a demanda permanece firme, então, teremos picos nos preços e os produtores devem estar atentos", acredita Fernandes.