Brasil já não corre risco de superaquecimento, afirma Mantega

Publicado em 04/06/2010 08:02
A uma semana da reunião do Copom (Comitê de Política Monetária), o ministro da Fazenda, Guido Mantega, disse que a economia brasileira já não corre risco de superaquecimento devido a medidas recentes do governo e à crise da União Europeia.

Em entrevista coletiva durante encontro de empresários brasileiros e chineses ontem em Xangai, Mantega disse que a economia tem dado "sinais importantes" de desaceleração.

Para o ministro, o Copom se baseou em análises "animadas" do mercado financeiro para o recente aumento dos juros, pelas quais o PIB do Brasil cresceria até 8% neste ano.

"Quando o Copom resolveu elevar a taxa de juros, estava olhando o ritmo da economia seis meses adiante. Ele trabalhou com o pressuposto dessas análises que dizem que a economia está crescendo 6%, 7%, 8%, principalmente o pessoal do mercado financeiro [que] está animado, dizendo que a economia está crescendo a taxas elevadas. Vai ver que eles querem que a taxa de juros suba", afirmou.

"Eu não vou avaliar porque não sei quais foram os critérios que o Copom utilizou para as suas conclusões. Estou constatando que a economia brasileira já está se desacelerando e aí já temos os indicadores concretos, não é mera suposição", completou Mantega.

Na última reunião, realizada no final de abril, o Copom elevou a taxa básica de juros em 0,75 ponto percentual, com o objetivo de esfriar a economia e diminuir a pressão inflacionária.
Na época, vários analistas do mercado consideravam que o aumento já deveria ter sido feito antes, para conter o superaquecimento.

Questionado se o aumento dos juros poderá desacelerar a economia mais do que o necessário neste ano, Mantega disse que "não sou eu quem tem de fazer [essa avaliação], vocês perguntem ao Banco Central".

Sinais

O ministro da Fazenda mencionou a desaceleração no consumo e na produção industrial como sinais de desaquecimento da economia.

Para Mantega, o país já está voltando para "aquele curso normal e sustentável de um crescimento de 5,5%, 6% no final do ano".

Mantega disse que a desaceleração ocorreu devido à recomposição de tributos, à retirada de estímulos, ao corte de R$ 10 bilhões nos gastos do governo e ao aumento do compulsório dos bancos -parcela dos depósitos dos clientes recolhida obrigatoriamente ao BC.

A crise na União Europeia também contribui para a desaceleração, disse Mantega, pois provocou a diminuição na disponibilidade de crédito para a economia brasileira.

Sobre o crescimento do PIB no primeiro trimestre, Mantega ratificou que será uma "taxa chinesa" e que ficará entre 8% e 10%. "Ninguém quer que a economia cresça 10%, pelo menos neste momento", afirmou.

Fonte: Folha de São Paulo

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Ações sobem após dados de inflação, mas acumulam queda na semana
Dólar cai após BC vender US$7 bi e Senado aprovar pacote fiscal
Taxas futuras de juros voltam a ceder com aprovação do pacote fiscal e comentários de Lula
Transição com Galípolo mostra que BC técnico permanece, diz Campos Neto
Ações europeias têm pior semana em mais de três meses, com queda no setor de saúde
Presidente do Fed de NY diz que BC dos EUA segue no caminho certo para cortes de juros
undefined