Situação econômica da Grécia é "séria" e UE deve ajudar, diz FMI
O diretor do FMI (Fundo Monetário Internacional), Dominique Strauss-Kahn, afirmou nesta quinta-feira que o órgão socorreria a Grécia, embora espere que a UE (União Europeia) se ocupe da situação do país, que "é séria".
"Se pedirem, interviremos. Mas entendo que os países da UE deveriam resolver o problema entre eles", declarou Strauss-Kahn em entrevista à rádio RTL. Apesar de ter dito que não acredita na possibilidade de o país quebrar, o francês destacou que "a situação da Grécia é séria" devido a décadas de deficit.
Ao mesmo tempo, Strauss-Kahn afirmou que "confia bem mais" na hipótese de a situação se resolver, já que "os europeus tomaram consciência do problema" e o governo grego adotou "políticas sérias".
Em termos mais gerais, o diretor do Fundo ressaltou que o grande problema da UE foi ter sido incapaz de materializar a estratégia de Lisboa, que visa transformar a economia do bloco mais competitiva a partir de investimentos em pesquisa e inovação.
O diretor do FMI disse ainda que a recuperação "extremamente frágil" da economia, sobretudo nos países europeus e os Estados Unidos, não significa o fim da crise.
A esse respeito, Strauss-Kahn destacou que a posição do FMI é a de que os países não devem ainda pôr fim às medidas de estímulo.
"É preciso reforçar esses estímulos na política de geração de empregos", recomendou, destacando que, "a médio e longo prazo", também será necessário solucionar outros problemas, como o desequilíbrio nas contas públicas, parcialmente gerado pela injeção de dinheiro no sistema financeiro.
UE
O comissário da UE para Assuntos Econômicos, Joaquín Almúnia, disse ontem que o plano do governo da Grécia para reduzir o deficit do país nos próximos quatro anos é "factível", mas sua implementação "não será fácil".
O deficit orçamentário do país atingiu 12,7% do PIB (Produto Interno Bruto) no ano passado --o limite para países da zona do euro é de 3%--, e sua dívida total passou dos 120% do PIB, considerada alta demais. A expectativa é de que o deficit chegue a 2% em 2012.
Almúnia disse que não será necessário recorrer a conselhos ou financiamento do FMI (Fundo Monetário Internacional) porque a UE dispõe de "instrumentos suficientes para resolver o problema". "Se essas medidas forem implementadas, elas serão bem-sucedidas e a confiança do mercado vai refletir o que o governo grego está fazendo", afirmou.
Em março a Grécia vai relatar à Comissão Europeia --o órgão executivo da UE-- o que pretende fazer neste ano para reduzir o deficit a 8,7% neste ano, e vai encaminhar um relatório de progresso em maio e a cada trimestre depois disso.