BC eleva Selic em 0,50 ponto, a 11,25%, e defende que governo adote medidas fiscais estruturais

Publicado em 06/11/2024 18:37

Por Bernardo Caram

BRASÍLIA (Reuters) -O Banco Central decidiu nesta quarta-feira acelerar o ritmo de aperto nos juros ao elevar a taxa Selic em 0,50 ponto percentual, a 11,25% ao ano, em decisão unânime de sua diretoria que não indicou os próximos passos da política monetária, defendendo ainda que o governo adote medidas fiscais estruturais que gerem impactos para a política monetária.

Em meio à espera pelo anúncio do pacote de contenção de despesas pelo governo Luiz Inácio Lula da Silva, a autoridade monetária afirmou que a percepção dos agentes econômicos sobre o cenário fiscal tem afetado "de forma relevante" os preços de ativos e as expectativas, especialmente o prêmio de risco e a taxa de câmbio.

"O Comitê reafirma que uma política fiscal crível e comprometida com a sustentabilidade da dívida, com a apresentação e execução de medidas estruturais para o orçamento fiscal, contribuirá para a ancoragem das expectativas de inflação e para a redução dos prêmios de risco dos ativos financeiros, consequentemente impactando a política monetária", afirmou o Comitê de Política Monetária (Copom) em comunicado.

Membros da diretoria do BC têm destacado o efeito negativo de incertezas fiscais no mercado, com o presidente da autarquia, Roberto Campos Neto, afirmando em mais de uma ocasião que o país precisa passar por um choque fiscal positivo se quiser conviver com juros mais baixos.

No comunicado, o BC afirmou que o ritmo de ajustes futuros nos juros básicos e a magnitude total do ciclo de aperto monetário serão ditados pelo "firme compromisso de convergência da inflação à meta" e dependerão da evolução da dinâmica da inflação, do nível de ociosidade da economia e das projeções, expectativas e balanço de riscos para os preços à frente.

A decisão desta quarta veio em linha com a expectativa de mercado captada em pesquisa da Reuters, na qual 30 de 34 economistas entrevistados projetavam que o BC elevaria a Selic em 0,50 ponto nesta quarta.

Desde a última reunião do Copom, as expectativas de mercado para os preços à frente seguiram desancoradas, fator tratado enfaticamente com preocupação pela autarquia, com a previsão para o IPCA de 2025 no boletim Focus passando de 3,95% para 4,03% entre setembro e esta semana.

O próprio BC piorou nesta quarta suas projeções de inflação em relação a setembro, com estimativas passando de 4,3% para 4,6% em 2024 e de 3,7% para 3,9% em 2025 e de 3,5% para 3,6% no primeiro trimestre de 2026, considerando o cenário de referência, que segue as projeções de mercado para a trajetória dos juros.

O centro da meta contínua para a inflação neste e nos próximos anos é de 3%, sempre com margem de tolerância de 1,5 ponto percentual para mais ou menos.

Para o BC, a atividade econômica e o mercado de trabalho no país seguem apresentando dinamismo, com dados da inflação cheia e subjacente se situando acima da meta para a inflação.

(Por Bernardo Caram, edição de Isabel Versiani)

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

BC eleva Selic em 0,50 ponto, a 11,25%, e defende que governo adote medidas fiscais estruturais
Índices de ações batem recordes com retorno de Trump à Presidência
Ibovespa tem queda modesta após eleição de Trump; Gerdau dispara
Após pressão trazida por Trump, dólar cai abaixo de R$5,70 no Brasil com fiscal no foco
Expectativa por medidas fiscais faz taxas longas de juros caírem após picos com vitória de Trump
Brasil espera relação civilizada com EUA sob Trump, diz Amorim