Dólar sobe ante real com escalada do conflito no Oriente Médio
Por Fabricio de Castro
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar fechou a terça-feira em leve alta ante o real, impulsionado por movimento global de busca por ativos seguros em meio à escalada do conflito no Oriente Médio, após o Irã realizar um ataque com mísseis a Israel.
O dólar à vista fechou em alta de 0,27%, cotado a 5,4640 reais. No ano, a divisa norte-americana acumula elevação de 12,62% ante o real.
Às 17h21, na B3 o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,19%, a 5,4810 reais na venda.
A divisa dos EUA chegou a oscilar em baixa ante o real no início da sessão, com as cotações refletindo a percepção de que o diferencial de juros segue amplamente favorável ao Brasil, ainda mais depois que o Banco Central iniciou o ciclo de alta da taxa básica Selic. Às 9h50 o dólar à vista marcou a mínima de 5,4308 reais (-0,34%).
Ainda durante a manhã, no entanto, a moeda norte-americana ganhou força ante o real, acompanhando o fortalecimento da divisa também no exterior em meio aos receios com o cenário no Oriente Médio.
A expectativa de um ataque do Irã a Israel disparou uma busca por ativos de menor risco, como o dólar, em movimento que foi amplificado à tarde, após centenas de mísseis serem disparados contra o território israelense.
No Brasil, a aversão ao risco se traduziu na aceleração do dólar ante o real e na migração das taxas dos DIs para o território positivo.
Às 14h27 o dólar à vista atingiu a cotação máxima de 5,4794 reais (+0,56%).
“Quando surgem episódios bélicos, os investidores acabam procurando mercados mais protegidos, mais seguros. Aí a tendência é que haja fuga para o mercado norte-americano”, comentou durante a tarde Thiago Avallone, especialista em câmbio da Manchester Investimentos.
Após o impacto inicial das notícias sobre o ataque, o dólar desacelerou, mas ainda assim terminou em alta ante o real. Profissionais ouvidos pela Reuters ponderaram que os impactos do conflito no Oriente Médio serão mais duradouros no câmbio apenas se houver um acirramento de fato, com o envolvimento de países de fora da região.
“O cenário de tensão geopolítica nunca é positivo. No início é normal haver um exagero, como na alta do petróleo, na busca pelo ouro ou por títulos dos EUA”, comentou Felipe Izac, sócio da Nexgen Capital. “No longo prazo, se tivermos mesmo uma escalada, que não fique só no Oriente Médio, isso seria muito negativo para o mundo como um todo”, acrescentou.
No exterior, no fim da tarde o dólar seguia em alta ante a maior parte das demais divisas. Às 17h20 o índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,43%, a 101,180.