Dólar oscila pouco em meio à cautela global antes de dados dos EUA e ata do Fed
Por Fernando Cardoso
SÃO PAULO (Reuters) - O dólar oscilava pouco frente ao real nesta quarta-feira, acompanhando a tendência global, com investidores exibindo maior cautela antes da divulgação de dados revisados de emprego nos Estados Unidos e da ata da reunião de julho do Federal Reserve.
Às 9h42, o dólar à vista caía 0,17%, a 5,4770 reais na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento tinha variação negativa de 0,01%, a 5,486 reais na venda.
Nesta manhã, investidores globais aguardam por dois eventos econômicos nos EUA que devem moldar a sessão desta quarta-feira: a divulgação de dados revisados de emprego pelo Departamento de Trabalho, às 11h, e a ata da última reunião de política monetária do Fed, às 15h.
Os mercados buscam sinais sobre a trajetória dos juros na maior economia do mundo e desejam afastar temores de uma desaceleração econômica agressiva nos EUA que geraram uma queda global de índices acionários e moedas de maior risco no início deste mês.
No momento, operadores precificam totalmente um corte de juros pelo Fed em setembro, com uma chance de 67% de uma redução de 0,25 ponto percentual e uma probabilidade de 33% de um afrouxamento maior em 0,5 ponto percentual.
Eles esperam quase 100 pontos-base de cortes até o fim do ano. Quanto mais o Fed reduzir os juros, pior para o dólar, que se torna comparativamente menos atraente quando os rendimentos dos Treasuries caem.
A ata deve mostrar a profundidade do debate sobre cortes de juros entre as autoridades do Fed no mês passado. Desde então, várias autoridades do banco central dos EUA têm se mostrado publicamente abertas a discutir um afrouxamento no encontro de setembro.
"A ata está um pouco datada, inclusive pode mostrar justamente essa diferença, essa incompatibilidade na leitura dos cenários, digamos, a ata falando de uma economia vigorosa, mercado de trabalho aquecido", disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.
"O que os investidores querem mesmo observar nesse documento é qual a discussão feita entre os integrantes sobre a conjuntura econômica, quais são os critérios necessários para se iniciar um processo de corte de juros", completou.
O grande evento da semana, no entanto, ainda é o discurso do chair do Fed, Jerome Powell, no simpósio de Jackson Hole na sexta-feira, onde se espera que ele dê indicações mais firmes sobre qual deve ser o movimento do banco central em sua próxima reunião.
Com isso, o dólar pouco oscilava ante moedas emergentes, operando próximo da estabilidade frente ao peso colombiano e o peso chileno e com alta ligeira contra o peso mexicano.
O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- tinha variação positiva de 0,03%, a 101,410.
No cenário nacional, uma agenda macroeconômica esvaziada fazia os investidores voltarem suas atenções para o exterior.
A curva de juros brasileira tinha poucas alterações nesta manhã, mas ainda indicava uma Selic mais alta ao fim deste ano, à medida que membros do Banco Central têm dito que um aumento de juros estará sobre a mesa no próximo encontro do Copom, em setembro.
"Caso o mercado não veja como tão certo uma alta do Selic, a gente pode voltar a ver o câmbio desvalorizado no Brasil", disse Matheus Spiess, analista da Empiricus Research.
Uma Selic mais alta é, em tese, positiva para o real, pois aumenta o diferencial de juros entre EUA e Brasil, tornando a moeda brasileira mais atraente para investimentos.