BC do Japão eleva juros e sinaliza fim lento da histórica compra de títulos

Publicado em 30/07/2024 20:29 e atualizado em 31/07/2024 07:35

Por Leika Kihara e Takaya Yamaguchi

TÓQUIO (Reuters) - O Banco do Japão aumentou a taxa de juros em um movimento inesperado nesta quarta-feira e revelou um plano detalhado para desacelerar sua compra maciça de títulos, dando mais um passo em direção à eliminação gradual de uma década de grande estímulo.

A decisão, contra expectativas do mercado de que o banco central iria manteros juros, leva sua taxa de curto prazo a níveis nunca vistos desde 2008.

O presidente do Banco do Japão, Kazuo Ueda, não descartou outro aumento de juros este ano e sinalizou a disposição do banco de aumentar constantemente os custos de empréstimos para níveis considerados neutros para a economia nos próximos anos.

Os comentários empurraram o dólar para menos de 151 ienes pela primeira vez desde março, com os mercados despertando para a realidade de que o Japão está finalmente de olho em um ciclo completo de aumento de juros.

A mudança do Japão para uma política monetária mais rígida também contrasta fortemente com a ampla mudança para taxas de juros mais baixas em outras economias importantes, com a expectativa de que o Federal Reserve sinalize mais tarde nesta quarta-feira que cortará os juros em setembro diante da moderação das pressões dos preços nos EUA.

"Se os dados mostrarem que as condições econômicas estão no caminho certo, e se esses dados se acumularem, é claro que daremos o próximo passo", disse Ueda em uma coletiva de imprensa quando perguntado sobre a chance de outra alta este ano.

"Ao aumentar os juros a partir de níveis muito baixos e ajustar o grau de estímulo gradualmente, podemos evitar o risco de ter de fazer grandes ajustes em um curto período de tempo", disse ele.

Na reunião de dois dias que terminou nesta quarta-feira, a diretoria do Banco do Japão decidiu aumentar a meta para a taxa de juros para 0,25%, de 0%-0,1%, em uma votação de 7 a 2.

Também decidiu sobre um plano de aperto quantitativo que reduzirá aproximadamente pela metade a compra mensal de títulos para 3 trilhões de ienes (19,6 bilhões de dólares), dos atuais 6 trilhões de ienes, a partir de janeiro-março de 2026.

Ueda disse que o banco central decidiu aumentar os juros não apenas porque a inflação está se movendo de acordo com sua previsão, mas também porque corre o risco de ultrapassar sua projeção devido, em parte, ao aumento dos custos de importação decorrentes de um iene fraco.

"Se a economia e os preços se moverem em linha com nossa projeção, continuaremos a aumentar a taxa de juros", disse Ueda. "Na verdade, não mudamos muito nossa projeção em relação a abril. Não vemos 0,5% como uma barreira importante ao aumentar os juros."

(Reportagem adicional de Makiko Yamazaki e Ankur Banerjee)

Fonte: Reuters

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