Dólar sobe frente ao real em meio a piora nas expectativas do mercado para a economia

Publicado em 17/06/2024 10:29

Por Fernando Cardoso

SÃO PAULO (Reuters) - O dólar subia frente ao real nas negociações desta segunda-feira, com investidores repercutindo a piora nas expectativas do mercado para inflação, juros e câmbio na abertura de uma semana que terá como foco no cenário doméstico a decisão do Comitê de Política Monetária do Banco Central (Copom) na quarta-feira sobre a taxa Selic, atualmente em 10,50% ao ano.

Às 9h53, o dólar à vista subia 0,56%, a 5,4114 reais na venda. Na B3, o contrato de dólar futuro de primeiro vencimento subia 0,53%, a 5,411 reais na venda.

Os investidores nacionais estarão atentos à decisão do Copom sobre a taxa básica de juros, com uma percepção crescente do mercado de que os membros do colegiado interromperão o ciclo de afrouxamento monetário após sete cortes consecutivos e manterão os juros inalterados.

Mais cedo, o BC mostrou que economistas consultados pela autarquia em sua pesquisa Focus elevaram sua projeção para a Selic, indicando que o BC manterá os juros em 10,50% até o fim do ano. Na semana passada, previa-se pelo menos mais um corte de 0,25 ponto percentual.

"A taxa de câmbio opera em alta na manhã desta segunda-feira refletindo a piora das projeções macroeconômicas do Focus, que mostra expectativa mediana de que o Banco Central não cortará seus juros na decisão desta quarta-feira", disse Leonel Mattos, analista de Inteligência de Mercado da StoneX.

"Ainda dentro daquele contexto de perda de credibilidade da condução da política fiscal e monetária no país", acrescentou.

O movimento das previsões em direção a uma pausa no ciclo de cortes já era perceptível na semana passada, quando uma série de bancos elevou suas projeções para a taxa de juros em 2024. O Itaú, em particular, passou a não ver mais espaço para eventuais reduções neste ano.

O cenário é consequência de um aumento das incertezas no exterior e no Brasil, com a diminuição recente das expectativas por cortes de juros no Federal Reserve e uma maior preocupação do mercado em relação ao cenário fiscal brasileiro.

Na última semana, os temores fiscais levaram a divisa norte-americana a subir 1,06% frente ao real na semana, diante de ruídos que abalaram a percepção do compromisso do governo com o ajuste das contas públicas e da estabilidade do ministro da Fazenda, Fernando Haddad, no cargo.

Autoridades do BC, incluindo o presidente Roberto Campos Neto, também têm demonstrado preocupação com a desancoragem das expectativas de inflação, apesar de indicarem que os índices de preços têm sido mais benignos.

No Focus, os analistas subiram mais uma vez sua projeção para o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA). Eles agora veem o número fechando o ano em 3,96%, ante 3,90% na semana passada. Em 2025, a expectativa é de 3,80%, de 3,78% há uma semana.

Em meio à alta recente do dólar, que chegou a fechar acima de R$5,40 em determinado momento da semana passada, os analistas também elevaram sua projeção para a cotação da moeda norte-americana ao fim do ano, vista agora, em 5,13 reais, ante 5,05 reais na semana passada.

No cenário externo, a moeda norte-americana operava em certa estabilidade, enquanto investidores se mantêm cautelosos e na espera de novos sinais sobre o futuro da política monetária do Fed e em relação ao desenvolvimento das incertezas políticas na União Europeia.

O índice do dólar -- que mede o desempenho da moeda norte-americana frente a uma cesta de seis divisas -- subia 0,06%, a 105,600.

(Por Fernando Cardoso)

Fonte: Reuters

NOTÍCIAS RELACIONADAS

Autoridades do BCE mostram nervosismo com crescimento fraco e iminência de tarifas de Trump
Ibovespa avança na abertura com endosso de commodities e à espera de pacote fiscal
Dólar oscila pouco com mercado à espera de pacote fiscal do governo
IPCA-15 sobe mais do que o esperado em novembro sob peso de alimentos
Rússia atinge infraestrutura da Ucrânia no maior ataque de drones da guerra
Minério de ferro oscila com esperança de corte de juros na China e plano tarifário de Trump
undefined